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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Maior incidência de hanseníase está em MT, TO e MA, aponta ministério

Filipe Matoso Do G1, em Brasília
 

Média do país é 1,5 caso por 10 mil pessoas; MT tem 7,6; TO, 5,5; MA, 5,2.
Saúde lança nesta terça campanha contra doença; prioridade é N, NE, CO.



Os estados de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão são as três unidades da federação com a maior incidência de hanseníase no país, segundo informou o Ministério da Saúde, que nesta terça-feira (14) lança uma campanha nacional de combate à doença.
De acordo com dados do ministério, em 2012 Mato Grosso registrou 7,69 casos por grupo de 10 mil habintantes; Tocantins, 5,54; e o Maranhão, 5,22. A meta do ministério é chegar a um caso para cada 10 mil habitantes – atualmente, a média nacional é de 1,5.

OS CASOS DE HANSENÍASE
POR UNIDADE DA FEDERAÇÃO
Estado Casos por 10 mil habitantes
M. Grosso 7,69
Tocantins 5,54
Maranhão 5,22
Pará 4,07
Rondônia 4,02
Mato.G. Sul 3,58
Goiás 3,0
Piauí 2,78
Pernambuco 2,66
Roraima 2,41
Ceará 2,22
Amapá 2,0
Acre 1,83
Esp. Santo 1,74
Amazonas 1,71
Bahia 1,67
Sergipe 1,50
Pará 1,40
Alagoas 1,02
Dist Federal 0,91
Paraná 0,85
Rio G. Norte 0,84
R. Janeiro 0,81
M. Gerais 0,64
São Paulo 0,34
S. Catarina 0,29
Rio Gde. Sul 0,12
Fonte: Ministério da Saúde

Os estados com a menor incidência de hanseníase, são Rio Grande do Sul (0,12), Santa Catarina (0,29) e São Paulo (0,34).
A estimativa do Ministério da Saúde é de que em 2013 tenham sido registrados entre 30 mil e 33 mil casos no país – o balanço final deve ser divulgado em março, segundo a pasta. Em 2012, houve 33.303 casos; em 2011, 30.298; e, em 2010, 34.894 casos.
A hanseníase, doença infecciosa e contagiosa conhecida no passado como lepra, é causada por um bacilo denominado Mycobacterium leprae. É caracterizada pelo aparecimento de manchas brancas ou avermelhadas na pele, além de caroços e placas. Geralmente há perda da sensibilidade ao calor, frio, dor e tato, com alterações também na secreção do suor. Pode ser transmitida por meio de gotículas lançadas no ar pela fala, tosse ou espirro. Os sintomas podem levar de dois a cinco anos para se manifestar. Se não tratada precocemente, a doença pode causar incapacidades ou deformidades no corpo.
Na campanha de combate à doença deste ano, a ser lançada nesta terça, Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase, o Ministério da Saúde informou que serão veiculadas peças publicitárias voltadas para a população em geral e profissionais de saúde, além de campanha educativa em escolas para que os alunos possam ser examinados.
As ações, segundo o ministério, serão concentradas nas áreas metropolitanas e nas cidades com mais de 100 mil habitantes das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, além da Baixada Fluminense, regiões metropolitanas de São Paulo e Belo Horizonte e da região norte de Minas Gerais.

No fim do ano passado, foram liberados R$ 15,6 milhões a 40 municípios "prioritários" para o combate à hanseníase e esquistossomose. Essas cidades possuem cerca de 24% dos casos novos de hanseníase diagnosticados no país.


Dificuldades

Para o secretário nacional de Vigilância em Saúde do ministério, Jarbas Barbosa, os principais obstáculos para a erradicação da hanseníase no país são o preconceito, a dificuldade de acesso a postos de saúde de pessoas que vivem em comunidades mais carentes e a falta de preparo de profissionais de saúde para lidar com a doença.

“Não há consenso ainda sobre se é possível erradicar a hanseníase ou não. Queremos eliminá-la, enquanto problema de saúde pública no país. (...) Os problemas que nós enfrentamos são o estigma da sociedade, que é o preconceito que ainda existe, a pobreza, por conta da dificuldade de acesso aos profissionais de saúde, e a falta de preparação desses profissionais para lidar com esse assunto”, afirmou o secretário.

Segundo Barbosa, a incidência da hanseníase tem “reduzido bastante” no país nos últimos anos. “O combate [à doença] precisa ser aprimorado, sem nenhuma dúvida. O que a gente vem obtendo em resultado de redução, eu acho que demonstra que a gente tem que fazer com muito mais velocidade. Por isso estamos mobilizando municípios prioritários e escolas. Essas ações têm que virar ações permanentes”, afirmou.

Para o secretário, “muitas vezes, uma parte da sociedade e os profissionais de saúde têm a ideia equivocada” de que a hanseníase foi erradicada, “enquanto nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste é um problema que ainda precisa ser enfrentado”.

“Outro problema é que as pessoas adiam ao máximo a ida ao médico, e quando chegam ao posto de saúde já têm alguma deformidade”, afirmou.
Na avaliação do secretário, a doença deveria ter sido erradicada no país na década de 1990. “Apesar de termos excelência muito grande nas pesquisas sobre hanseníase, se a gente tivesse tido mais avanços nos anos 1990, sem dúvida, a doença já estaria eliminada no Brasil”, completou.

Formas de combate

Segundo o secretário, as principais formas de combate da hanseníase são alertar as pessoas de que a hanseníase ainda existe, conscientizar a população de que qualquer mancha com perda de sensibilidade na pele pode ser hanseníase e ir ao posto de saúde.
“O profissional de saúde que trabalha nas periferias pobres das grandes cidades precisam estar atentos para detectar os casos. Se conseguimos identificar precocemente os casos, a gente pode acelerar a eliminação da hanseníase. Assim, a  gente vai a eliminando pouco a pouco”, completou.

Campanha nas escolas

Em 2013, o Ministério da Saúde fez campanha em escolas para diagnóstico de casos suspeitos de hanseníase em 852 municípios, considerados "prioritários".
Foram submetidos ao exame inicial cerca 3,8 milhões de alunos, dos quais 243 mil foram selecionados como "casos suspeitos" e encaminhados para avaliação nas unidades de saúde.

Houve confirmação de hanseníase em cerca de 300 estudantes (0,12% do total de avaliados). Essa campanha nas escolas será realizada novamente neste ano, em maio, segundo informou o ministério.

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