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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Nova versão de ‘Tarzan’ decepciona – e muito

Meire Kusumoto

 

‘Tarzan 3D: A Evolução da Lenda’, que estreia nesta sexta-feira, é uma bomba do começo ao fim: da fraca animação ao roteiro raso


Cena do filme 'Tarzan 3D: A Evolução da Lenda'
Cena do filme 'Tarzan 3D: A Evolução da Lenda' (Divulgação)

O escritor americano Edgar Rice Burroughs (1875 -1950) podia passar sem essa “homenagem”: a nova adaptação para o cinema do seu personagem mais conhecido, o Tarzan, é uma bomba. Tarzan 3D: A Evolução da Lenda, filme que chega ao circuito brasileiro nesta sexta-feira, procura dar tons mais modernos à história criada em 1912 por Burroughs, mas falha miseravelmente e entrega ao espectador uma animação que decepciona tanto em sua forma (com tratamento gráfico mal cuidado e 3D dispensável) quanto em seu conteúdo (com um roteiro repleto de incoerências).

A animação de Reinhard Klooss, de Animais Unidos Jamais Serão Vencidos, não poderia estar mais distante daquela lançada pela Disney em 1999, mais fiel ao livro de Burroughs. No novo filme, em vez de ser um bebê de um casal aristocrático britânico, como na história original, Tarzan é um garoto de cerca de 5 anos, filho de John Greystoke, um explorador e dono de uma megacorporação americana que procura remanescências do meteoro que exterminou os dinossauros 65 milhões de anos atrás. Greystoke acredita que poderá encontrar o material no continente africano e lá permanece com a família por vários meses, sem obter sucesso. Decepcionado, o explorador toma o rumo de casa, mas o helicóptero que leva sua mulher e seu filho é atingido por um raio e despenca no meio da floresta. O menino, único sobrevivente, é então criado por uma família de gorilas.

Se no livro de Burroughs e na animação da Disney Tarzan é apenas um bebê que sequer aprende a andar e a falar a língua dos pais, no novo longa o garoto já é maduro o suficiente para conversar normalmente e correr pela floresta. Conforme o tempo passa, o menino se esquece de tudo e passa a agir como os gorilas que o criaram, andando com a ajuda dos braços e das mãos e grunhindo. Quando Tarzan encontra Jane, filha de um explorador amigo de seu falecido pai, e se apaixona por ela, ele de repente se lembra os velhos tempos, fala e anda sobre duas pernas. Em questão de minutos. É surreal.

Jane leva à floresta William Clayton, jovem que assumiu o controle da empresa de Greystoke após sua morte. A intenção da moça é chamar a atenção do empresário para questões ambientais que assolam o lugar, mas Clayton se embrenha na floresta por outros motivos. Ele, como o pai de Tarzan, procura as sobras do meteoro – para o ambicioso Clayton, no entanto, encaradas como fonte de energia e dinheiro. Logo, Jane e Tarzan se unem contra o aproveitador, que, mesmo acompanhado de um verdadeiro exército de seguranças armados, não consegue causar nem mesmo um pequeno arranhão na pele do chamado “rei da selva”. A divisão entre bons e maus não podia ser mais esquemática.

Tarzan parece ser mesmo um fenômeno. O personagem cai, se arrasta e briga até com um gorila e um crocodilo, mas sai ileso de todas as situações, sem nem uma marca dos confrontos. Além de ser indestrutível, o rapaz tem gestos robóticos e pouca expressão, o que acontece com todos os outros personagens, resultado de um tratamento gráfico mal cuidado que faz com que a animação seja travada e tosca. Para agravar a situação, o 3D não faz a menor diferença, principalmente nas cenas da floresta que, claramente, foram criadas para tirar o fôlego do espectador, mas só conseguem tirar a paciência, mesmo.

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