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terça-feira, 27 de maio de 2014

Rodoviários radicalizam protesto salarial e param 100% da frota

Sindicato avisou que, se não houvesse nenhuma proposta dos patrões, haveria paralisação geral a partir de hoje.
Jock Dean
Da equipe de O Estado

Foto: Flora Dolores
Ônibus devem permanecer nas garagens
Nenhum ônibus nas ruas e avenidas. Assim São Luís amanheceu hoje, primeiro dia de paralisação geral da categoria. Ontem, os rodoviários chegaram ao quinto dia de greve, operando apenas uma parte da frota de ônibus, mas, como não houve avanço nas negociações entre trabalhadores e patrões, a categoria decidiu cruzar definitivamente os braços para pressionar os empresários do setor a apresentarem uma proposta de reajuste salarial.
A greve dos rodoviários teve início à 0h da quinta-feira, dia 22. No dia anterior, a Justiça do Trabalho já havia determinado que 70% da frota permanecesse em circulação durante o movimento paredista. "Essa determinação da Justiça enfraqueceu nosso movimento, já que 70% é muito próximo da frota normal diária. Por isso, decidimos parar 100% a partir de amanhã [hoje]", disse Gilson Coimbra, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Maranhão (Sttrema).
À 0h de hoje, os ônibus foram recolhidos às garagens das empresas e os rodoviários foram orientados pelo sindicato a não ir para as garagens na manhã de hoje. Com isso, as ruas e avenidas de São Luís amanheceram sem os coletivos, que só voltarão a circular quando o sindicato dos trabalhadores e o patronal chegarem a um acordo. "Amanhã [hoje], será o primeiro dia de uma paralisação total, por tempo indeterminado. Começamos a greve na semana passada e até agora não recebemos um contato dos empresários. Por isso, vamos cruzar os braços de vez", afirmou Gilson Coimbra.
Os rodoviários esperaram até o início da noite de ontem que os empresários os procurassem para negociar. Como isso não ocorreu, e apesar da determinação judicial, os cerca de 740 mil usuários do transporte coletivo de São Luís ficarão sem o serviço. "Não estamos no momento de procurar o empresariado para negociar. Nós já fizemos isso. Agora é a vez deles nos procurarem e oferecerem uma proposta, mas eles não querem negociar", disse Gilson Coimbra.
Multa - O Sttrema já foi multado em R$ 96 mil por descumprir a decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), assinada pela desembargadora Ilka Esdra de Araújo, que determinou a circulação de 70% da frota de ônibus, por considerar que o serviço é essencial à população. "Nossa assessoria jurídica está verificando essa questão, pois a multa aplicada leva em consideração as 24 horas do dia, mas o serviço não fica disponível por todo esse período. Além disso, mesmo com a multa, chegamos a um ponto em que não podemos respeitar mais a decisão judicial", informou o presidente do Sttrema.
No fim da tarde de ontem, O Estado entrou em contato, por telefone, com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET), que manteve seu posicionamento, sem nenhuma proposta aos rodoviários por falta de condições financeiras, já que, segundo o SET, a Prefeitura, dona da concessão, não está oferecendo condições de recuperação do sistema.
Mas o secretário municipal de Trânsito e Transportes, Canindé Barros, voltou a afirmar, ontem, que o Município já apresentou suas propostas para recuperar o sistema de transporte coletivo da capital, que são a extinção da tarifa social (conhecida popularmente como domingueira), combate às fraudes no setor e a retirada de circulação dos táxis-lotação. "O que o empresário quer é que nós aumentemos a tarifa e continuemos a dar a compensação financeira de R$ 2 milhões que vinha sendo paga, mas o Município não tem recursos para repassar dinheiro aos empresários e, por enquanto, não aumentaremos a tarifa de ônibus", afirmou.
Até o fechamento desta edição, às 20h30, o Sttrema mantinha sua decisão de que nenhum ônibus deixaria as garagens a partir de hoje, radicalizando a greve dos rodoviários.

Quinto dia de greve teve 70% da frota em circulação

Ontem foi o quinto dia da greve dos rodoviários, em São Luís. Como vinha ocorrendo desde a quinta-feira, quando teve início o movimento, uma parte da frota estava sendo mantida em circulação para atender a população, conforme determinação da Justiça do Trabalho. Com o anúncio de greve geral a partir de hoje, os usuários ficaram preocupados em como vão cumprir compromissos já que a cidade ficará sem ônibus.
Na manhã de ontem, um carro de som circulava pelo centro de São Luís, informando a população sobre a greve geral. "Eu não sei o que vou fazer. Um dia ou dois a gente até pode gastar com táxi, mas, se a greve durar mais que isso, vou ter de deixar de ir trabalhar", disse a secretária Renata Martins.
Para a dona de casa Eliana Carvalho, que mora no Anjo da Guarda, sair de casa está fora de cogitação nos dias de paralisação total do serviço de transporte coletivo. "Só vou sair de casa se for realmente necessário, porque não tenho condições de arriscar sair de casa durante uma greve, além disso, eu não gosto de usar os carrinhos [táxi-lotação] e um táxi do Anjo da Guarda para qualquer lugar é muito caro", disse.
Apesar de Eliana Carvalho não usar os táxis-lotação, os motoristas que oferecem o serviço estão animados com a possibilidade de lucro extra. Segundo eles, nos primeiros dias de greve movimento foi o normal, já que ainda havia muito ônibus circulando pela cidade, mas sem os coletivos, eles serão a principal opção de transporte para muitos. "Com certeza vamos dobrar o número de viagens que fazemos diariamente, até porque a gente cobra um preço bem barato, apenas R$ 2,00", informou Kfé Prata, presidente da Cooperativa dos Transportes Alternativos da Área Itaqui-Bacanga.
Segundo a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), ontem, 70% da frota de ônibus circulou em São Luís. Apesar disso, os usuários de transporte coletivo reclamaram da demora. A enfermeira Thaís Bezerra chegou ao Terminal de Integração da Cohama às 7h, mas até às 9h nenhum ônibus com destino à região do Renascença, onde ela trabalha, havia passado. "Estou no terminal há mais de uma hora e não passou nenhum ônibus, principalmente para a região que eu vou pegar. Todas as plataformas estão assim, lotadas", disse.

Mais

Os rodoviários pedem 16% de aumento salarial; reajuste do tíquete-alimentação para R$ 500,00; inclusão de um dependente no plano de saúde e implantação do plano odontológico.

Números

4.500 rodoviários trabalham no sistema de transporte coletivo de São Luís
740 mil pessoas dependem do transporte coletivo em São Luís
1.107 veículos é a frota operante da capital
25 empresas exploram o serviço de transporte de passageiros na capital

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