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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Brasileiro entrevista crianças pelo mundo sobre sonhos, medos e futuro

Jovem vai publicar livro sobre experiência em 32 países.
Ele economizou desde a adolescência para fazer a viagem.

Flávia Mantovani Do G1, em São Paulo
Felipe dando aula em uma escola durante a viagem (Foto: Felipe Pereira/Arquivo pessoal)Felipe dando aula em uma escola durante a viagem (Foto: Felipe Pereira/Arquivo pessoal)
 
Um sonho de criança que virou realidade – e que agora vai virar livro. Assim pode ser definida a viagem pelo mundo do estudante Felipe Pereira, de 21 anos, que há dois anos e meio trancou o curso de publicidade e saiu do Brasil em uma jornada por 32 países, realizando um desejo que tinha desde os 13 anos de idade.
Para manter vivo o espírito juvenil que o havia impelido a viajar, Felipe se propôs a entrevistar crianças que encontrava pelo caminho. “Queria ouvir as palavras, os sonhos, a visão de mundo delas, e recuperar um pouco da juventude que eu e todo mundo perdemos a cada dia”, diz o garoto. Agora, já de volta ao Brasil, ele está reunindo em livro as fotos e os relatos das conversas que teve com os pequenos em três continentes (Ásia, Europa e América Central).
A publicação, batizada de "Jovem o Suficiente", será bancada por uma campanha de financiamento coletivo na internet. Ela foi escrita originalmente como uma carta para o melhor amigo de Felipe, que na adolescência compartilhava com ele o sonho da viagem, mas acabou se distanciando quando atingiu a maioridade. “De repente ele parou de conviver com os amigos, se isolou em um lugar distante sem comunicação. Temos visões de mundo muito diferentes hoje, e eu queria contar para ele as experiências e o que estava aprendendo na viagem”, conta ele.
Cirurgia e paraíso do surfe

O brasileiro em uma casa indiana (Foto: Felipe Pereira/Arquivo pessoal) 
O brasileiro em uma casa indiana (Foto: Felipe Pereira/Arquivo pessoal)

Felipe afirma que financiou a aventura com as economias que juntou desde adolescente, muitas delas obtidas em concursos culturais. O garoto conta que ganhou cerca de 20 promoções onde eram escolhidas as respostas mais criativas, e vendia na internet os prêmios que recebia (TVs, videogames etc.) para economizar para uma futura volta ao mundo.
Ao traçar seu itinerário, ele deu preferência a cidades pequenas e vilas fora do circuito turístico tradicional. Locomovia-se de avião, ônibus e também de carona.
No início, dormia em hostels, mas depois começou a se hospedar na casa de pessoas que conhecia no caminho, em busca de uma experiência mais “autêntica”. Parte dessa experiência foi dormir também em lugares públicos, como uma ruína grega, um trailer abandonado, na praia e na encosta de um morro.
Ele enfrentou também momentos difíceis. Passou por uma cirurgia na Bulgária, viu um menino morrer esmagado por um trem na Índia e conheceu uma criança que depois foi vítima de um atentado terrorista na Ásia. “Vi gente perdendo a vida mais de uma vez. Foi chocante. Meu anjo da guarda foi forte”, diz, no vídeo que preparou para falar do seu projeto do livro.
Mas as lembranças são, em sua maioria, positivas, como quando passou um mês em um vilarejo na Indonésia, dando aulas de inglês em uma escola, surfando e jogando bola. “Era o paraíso”, diz.
Os sonhos das crianças

O menino hondurenho e a menina cigana romena foram algumas crianças que Felipe encontrou pelo caminho (Foto: Felipe Pereira/Arquivo pessoal) 
O menino hondurenho e a menina cigana romena foram algumas crianças que Felipe encontrou pelo caminho (Foto: Felipe Pereira/Arquivo pessoal)
 
Felipe conversou com crianças de todas as classes sociais, religiões e idades – moradores de rua na Romênia, habitantes de arquipélagos isolados em Honduras ou de um condomínio de luxo na Espanha.
Para superar a barreira der não falar o idioma local, Felipe muitas vezes se aproximava brincando com bolinhas de malabares. “A criançada se aglomerava em volta e começava a interagir. Sempre aparecia uma alma boa que falava inglês ou espanhol para me ajudar a traduzir”, conta.
As perguntas que ele fazia eram variadas. Entre elas, “em que acreditavam?”, “de que tinham medo?”; “com o que sonhavam?” e “o que esperavam do futuro delas e do planeta?”.
Segundo ele, alguns relatos o fizeram chorar. “Os sonhos delas variavam muito, desde ser paleontologista a tirar o pai da prisão, conhecer a internet, coisas que são tão comuns e banais para nós”, diz.
Algumas respostas também o fizeram rir, como a de um menino no Camboja que disse que quando crescesse queria ser “peludo” como ele. “Lá eles não têm muitos pelos no corpo. Eu estava em uma cachoeira, tirei a camisa e todo mundo começou a tirar foto. Esse menino passou a tarde toda abraçado na minha perna”, explica.
Felipe diz que todas as crianças que encontrou o marcaram de alguma forma. “Todas elas tinham uma contribuição para dar, fosse uma palavra ou mesmo um gesto”, afirma.

Crianças brincam de roda na Índia (Foto: Felipe Pereira/Arquivo pessoal)Crianças brincam de roda na Índia (Foto: Felipe Pereira/Arquivo pessoal)
 
Crianças no Tibete (Foto: Felipe Pereira/Arquivo pessoal)Crianças no Tibete (Foto: Felipe Pereira/Arquivo pessoal)
 
Felipe com maquinistas mirins na Hungria (Foto: Felipe Pereira/Arquivo pessoal)Felipe com maquinistas mirins na Hungria (Foto: Felipe Pereira/Arquivo pessoal)

 

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