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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Reuso de água de esgoto pode ajudar indústrias afetadas no RJ

Secretário do Meio Ambiente detalhou estratégias para reaproveitar água.
Empresas podem usar esgoto ou água para limpar filtros da Cedae. 

Do G1 Rio
O secretário de Estado do Meio Ambiente André Corrêa acredita que a água de esgoto, após o tratamento adequado, pode ser reutilizada para abastecer as empresas afetadas pela crise hídrica no estado. Em entrevista ao Bom Dia Rio nesta sexta-feira (30), o secretário detalhou algumas estratégias de reuso da água e fez um apelo para que a Agência Nacional de Águas (ANA) não reduza o volume captado do Rio Paraíba de Sul para a Região Metropolitana do Rio.
"Uma água hoje que é usada pela Cedae para limpar seus filtros, que hoje é descartada, pode servir para as indústrias afetadas. Nós temos também a possibilidade de usar água de esgoto que depois de tratada pode ser usada para essas empresas", explicou.
A secretaria firmou nesta quinta-feira (29), um acordo com as indústrias do Rio de Janeiro para que elas reduzam o consumo. As empresas terão que fazer mudanças no sistema de captação do Rio Paraíba do Sul e reaproveitar água. O compromisso foi firmado após dois dos reservatórios que abastecem o estado atingirem o volume morto.
“Nós já estamos operando em uma situação crítica. A Cedae nunca operou tanto tempo nas condições que está operando hoje. Então, nós estamos fazendo um apelo, mas é a Agência Nacional de Águas que tem a caneta para decidir isso, ela está ouvindo os estados, tendo uma postura democrática”, explicou.

Nesta quinta, o nível da bacia do Rio Paraíba do Sul – a média do volume dos quatro reservatórios que abastecem o Rio – chegou a 0,5%, de acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), que pretende diminuir ainda mais o volume captado do Paraíba do Sul para abastecer o estado do Rio. A vazão seria reduzida de 140 mil litros por segundo para 110 mil.  A decisão final será tomada no dia 5 de fevereiro, mas o governo do Rio já adiantou que não concorda com esse novo número, e que essa redução poderia afetar o abastecimento.

Reservatório de funil está com menos de 4% de sua capacidade (Foto: Marcelo Elizardo/ G1)Reservatório de funil está com menos de 4% de sua capacidade (Foto: Marcelo Elizardo/ G1)
Na reunião com as indústrias, foi discutida a construção de uma adutora de 14 quilômetros de extensão ligando a estação de tratamento do Guandu ao Complexo Industrial de Santa Cruz. As 14 empresas instaladas ali deverão usar mil litros por segundo de água de lavagem de filtros e máquinas da Cedae, que hoje são descartados. Mas esta obra não ficaria pronta antes de junho. Uma reunião técnica marcada para esta sexta-feira (30)x1' deverá definir os custos e o prazo da obra.

Polo industrial em Resende terá que alterar captação de água (Foto: Marcelo Elizardo/ G1) 
Polo industrial em Resende terá que alterar
captação de água (Foto: Marcelo Elizardo/ G1)
 
Entre as indústrias que terão que adaptar suas captações de água estão as de Volta Redonda e Resende, no Sul Fluminense. Os municípios concentram um polo automobilístico, metalúrgico e químico. Entre as montadoras que têm fábrica na região estão a Hyundai, Peugeot, Man e Nissan.
Das empresas automobilísticas, apenas a Man, montadora de caminhões da Volkswagen, se pronunciou. A companhia afirmou que possui um poço artesiano próprio e não capta água do Rio Paraíba do Sul.
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informou que não foi notificada sobre mudanças na captação. Mas informou que 98% de toda a água captada é devolvida ao Rio Paraíba do Sul.
Represas
Os reservatórios de Paraibuna (SP), Santa Branca (SP), Jaguari (SP) e Funil (RJ) são responsáveis por abastecer o estado. Todos ficam dentro de hidrelétricas e, além de produzir energia, armazenam água para abastecimento do Rio Paraíba do Sul – que passa pelos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Ao todo, quase 16 milhões de pessoas recebem água do Paraíba do Sul. A maioria do estado do Rio, incluindo a Região Metropolitana.

De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o nível do reservatório de Funil, em Itatiaia, no Sul Fluminense, está em 3,92%, e o de Jaguari, em Jacareí (SP), em 1,72%. As usinas de Paraibuna (SP) e Santa Branca (SP) estão com -0,45% e -1,22%, respectivamente. O volume morto é considerado abaixo de 0%.
Veja como funciona o abastecimento A crise hídrica que atinge o Rio é causada pela falta de chuva dos reservatórios que abastecem o estado. Uma peça-chave para entender o abastecimento não só do Rio, mas de todo o Sudeste, é a Bacia do Paraíba do Sul, que abastece 77 municípios, sendo 66 no Rio – 57 e mais 9 da Região Metropolitana – e 11 em São Paulo. O sistema leva água diretamente para 11,2 milhões de pessoas.
O Rio Paraíba do Sul resulta da confluência dos rios Paraibuna e Paraitinga, que nascem no Estado de São Paulo, a 1.800 metros de altitude, na Serra da Bocaina.
O curso da água percorre 1.150 km, passando por Minas Gerais e Rio de Janeiro, até desaguar no Oceano Atlântico em São João da Barra (RJ). Os principais usos da água na bacia são: abastecimento, diluição de esgotos, irrigação e geração de energia hidrelétrica.
As águas de Funil também abastecem o reservatório de Santa Cecília, em Piraí (RJ), que integrado a outros reservatórios de Ribeirão das Lajes, vai abastecer o Sistema Guandu.
As reservas do Paraibuna, principal  reservatório do Rio Paraíba do Sul, ficaram abaixo do nível das hidrelétricas e, segundo a ANA, o reservatório passou a operar o volume morto – que não tem capacidade para gerar energia.
Mas ainda há volume suficiente para ser transposto para a bacia hidrográfica do Rio Guandu, que abastece de água mais de nove milhões de consumidores da Região Metropolitana do Rio.

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