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segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Mercado financeiro prevê, pela 1ª vez, retração do PIB também em 2016

Mercado financeiro prevê, pela 1ª vez, retração do PIB também em 2016

Alexandro Martello Do G1, em Brasília
 
Os economistas do mercado financeiro acreditam que a economia brasileira vai demorar mais tempo para se recuperar. Segundo o relatório de mercado, também conhecido como Focus, divulgado nesta segunda-feira (17), o Produto Interno Bruto (PIB) deverá "encolher" não somente neste ano, mas também em 2016. Foi a primeira vez que o mercado previu o PIB se retraindo no ano que vem.
Se a previsão se concretizar, será a primeira vez que o país registra dois anos seguidos de contração na economia – a série histórica oficial, do IBGE, tem início em 1948.
ESTIMATIVAS PARA O PIB 2016
Em %
0,50,50,330,20,20-0,15em %03/0710/0714/0724/0731/0707/0814/08-0,200,20,40,6
Fonte: BCB
Para o comportamento da economia neste ano, os analistas passaram a estimar, na semana passada, uma retração de 2,01%. Foi a quinta queda seguida deste indicador. Até então, a expectativa do mercado era de um recuo de 1,97% para o PIB de 2015. Se confirmado, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990 – quando foi registrada uma queda de 4,35%.
Para 2016, os economistas das instituições financeiras passaram a prever uma contração de 0,15% no Produto Interno Bruto do país. Na semana anterior, haviam estimado um PIB zero. Para se ter uma ideia, no início deste ano, a previsão dos economistas era de uma expansão de 1,8% para a economia brasileira no ano que vem. O relatório de mercado é fruto de pesquisa do BC com mais de 100 instituições financeiras.
ESTIMATIVAS PARA O PIB 2015
Em %
-1,24-1,27-1,3-1,35-1,45-1,49-1,5-1,5-1,7-1,76-1,8-1,97-2,01em %22/0529/0505/0612/0619/0626/0603/0713/0717/0724/0731/0707/0814/08-2,2-2-1,8-1,6-1,4-1,2
Fonte: BCB
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
No fim de maio, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a economia brasileira registrou queda de 0,2% no primeiro trimestre de 2015, puxada pelo desempenho negativo do setor de serviços e da indústria, bem como pelo recuo do consumo das famílias e dos investimentos. Neste início de ano, o que evitou um tombo ainda maior do PIB foi a agropecuária.
Inflação
Para a inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a previsão do mercado financeiro ficou estável em 9,32% na semana passada. Se confirmado, será o maior índice em 13 anos, ou seja, desde 2002 – quando somou 12,53%.
Segundo economistas, a alta do dólar e principalmente dos preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros) pressiona os preços em 2015. Além disso, a inflação de serviços, impulsionada pelos ganhos reais de salários, segue elevada.
ESTIMATIVAS PARA O IPCA 2015
subtítulo
8,398,468,798,9799,049,129,159,239,259,329,32em %29/0505/0612/0619/0626/0603/0713/0717/0724/0731/0707/0814/0898,258,58,759,259,5
Fonte: BCB
Para 2016, a expectativa de inflação do mercado subiu de 5,43% para 5,44% na última semana. Foi a segunda alta consecutiva da previsão do mercado financeiro para o IPCA do ano que vem.
Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central para 2015 e 2016 é de 4,5%, mas, com o intervalo de tolerância existente, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida. Com isso, a inflação deverá superar o teto do sistema de metas em 2015, algo que não acontece desde 2003.
Taxa de juros
Após o Banco Central ter subido os juros para 14,25% ao ano no fim de julho, o maior patamar em nove anos, o mercado manteve a estimativa de que não devem ocorrer novos aumentos de juros em 2015. Para o fim de 2016, a estimativa recuou de 12% para 11,88% ao ano - o que pressupõe reduções da taxa Selic ao longo do ano que vem.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de metas de inflação brasileiro, a instituição tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços.
Câmbio, balança e investimentos
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2015 subiu de R$ 3,40 para R$ 3,48 por dólar. Para o término de 2016, a previsão dos analistas para a taxa de câmbio avançou de R$ 3,50 para R$ 3,60.
A projeção para o resultado da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2015 subiu de US$ 7,70 bilhões para US$ 8 bilhões de resultado positivo. Para 2016, a previsão de superávit avançou de US$ 15 bilhões para US$ 15,19 bilhões.
Para este ano, a projeção de entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil permaneceu em US$ 65 bilhões. Para 2016, a estimativa dos analistas para o aporte ficou estável também em US$ 65 bilhões.

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