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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Governo sobe TJLP para 7% ao ano, maior taxa desde 2006

Taxa serve de referência em empréstimos do BNDES ao setor produtivo.
Novo aumento da TJLP implica em menos gastos com subsídios.

Alexandro Martello Do G1, em Brasília
 
A Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que serve de referência para empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao setor produtivo, atualmente em 6,5% ao ano, subirá para 7% ao ano no quarto trimestre deste ano, informou o governo nesta quinta-feira (25).
Foi o quarto aumento consecutivo da TJLP que, antes de dezembro do ano passado, não havia subido desde 2003. Com a elevação, taxa avança para o maior patamar desde meados de 2006, quando estava em 7,5% ao ano.

A decisão – que é do Conselho Monetário Nacional (CMN), formado pelos ministros da Fazenda, Joaquim Levy, do Planejamento, Nelson Barbosa, e pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini – implicará em juros mais caros para investimentos na produção.
Segundo o governo, a definição da TJLP leva em conta dois fatores: a meta de inflação, fixada em 4,5% para este ano, para 2016 e 2017, além de um prêmio de risco. "Quanto ao prêmio de risco, o CMN decidiu elevar este componente em 0,5 ponto percentual [para 2,5%], tendo em vista a evolução média dos índices que refletem o risco-Brasil em mercados internacionais", informou o Ministério da Fazenda.
Menos subsídios
O novo aumento da TJLP implica em menos gastos, por parte do governo federal, com subsídios – atualmente em torno de R$ 30 bilhões por ano, cerca de 0,6% do PIB - em relação ao patamar de despesas se a taxa não fosse elevada.
Com isso, a medida contribui para melhorar as contas públicas, que sofreram forte deterioração no ano passado com o registro de um déficit primário (receitas menos despesas) inédito e que continua enfrentando dificuldades neste ano.
A explicação é que, com uma TJLP mais alta, diminui a diferença entre os juros de longo prazo e a taxa básica da economia, atualmente em 14,25% ao ano, reduzindo também o pagamento de subsídios. Essa diferença entre as duas taxas é aplicada ao estoque de empréstimos já feitos pelo Tesouro Nacional ao BNDES nos últimos cinco anos – valor que já ultrapassa R$ 400 bilhões.
Meta fiscal
A meta da equipe econômica é de realizar um esforço fiscal da ordem de 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, o equivalente a R$ 8,7 bilhões, e de 0,7% do PIB (R$ 43,8 bilhões).
Além da redução dos gastos com subsídios, a estratégia do governo para atingir a meta também inclui aumentos de tributos sobre empréstimos, combustíveis, automóveis, a folha de pagamentos, a limitação de benefícios sociais, como o seguro-desemprego, o abono salarial e a pensão por morte, e a limitação de gastos públicos.
No ano passado, antes de assumir o Ministério do Planejamento, Nelson Barbosa avaliou que haveria espaço para a TJLP subir para até 8% ao ano. Deste modo, não pode ser descartada a possibilidade de novas elevações na taxa nos próximos meses.
O ajuste nas contas públicas, segundo analistas, é uma estratégia para baixar os juros básicos da economia brasileira – a taxa Selic, atualmente em 14,25% ao ano – no futuro e, com isso, estimular o crescimento do nível de atividade na economia brasileira, além de evitar o rebaixamento por outras agências de classificação de risco. Recentemente, a Standard & Poors retirou o grau de investimento da economia brasileira.

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