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sábado, 30 de janeiro de 2016

Na corrida pelo material escolar, pais enfrentam preços altos e lojas cheias

Papelarias confirmam aumentos principalmente nos itens importados.

Aumenta número de consumidores que vai parcelar compra, diz pesquisa.

Lilian QuainoDo G1 Rio

Movimento de compra de material escolar na Casa Cruz (Foto: Lilian Quaino/G1)Movimento de compra de material escolar na Casa Cruz (Foto: Lilian Quaino/G1)
 A poucos dias da voltas às aulas no Rio de Janeiro, pais e mães vão encontrar lojas cheias e material escolar mais caro. Redes de papelarias confirmam que houve aumento principalmente em itens importados. Mas consumidores dizem também que encontraram bons produtos em promoção. E, com o bolso apertado, parcelar a despesa deverá ser a opção de muitos pais.
Pesquisa da Fecomércio RJ/Ipsos mostra que aumentou o número de consumidores que vai optar pelo pagamento parcelado das compras de material escolar. Em 2015, entre os entrevistados que iam comprar material escolar, 24% declararam a intenção de parcelar a compra; em 2016, o percentual subiu para 49%.

Os consumidores também deverão pesquisar mais os preços antes de comprar material escolar. Segundo a pesquisa, 39% dos entrevistados afirmaram que teriam que comprar material escolar e, desses, 89% disseram que fariam pesquisa de preços antes da compra. Em 2015, 49% dos entrevistados que tinham essa despesa afirmaram que fariam pesquisa de preço.

Perguntados sobre os gastos para o início das aulas, mais da metade dos entrevistados que têm essa despesa (58%) acredita que os preços estarão maiores que os praticados em 2015, maior sensação de aumento de custos dos últimos três anos, segundo a Fecomércio.

A pesquisa foi realizada pela Fecomércio RJ/Ipsos, entre os dias 14 e 28 de novembro de 2015, com 1.200 consumidores em 72 municípios brasileiros.
Alessandra e João Pedro nas compras do material escolar (Foto: Lilian Quaino/G1)Alessandra e João Pedro com a lsita do material escolar (Foto: Lilian Quaino/G1)
Numa loja de uma grande rede no Centro do Rio, Alessandra Gonçalves de Oliveira, na contramão da pesquisa, pretendia pagar à vista as despesas da compra do material escolar do filho João Pedro, de 9 anos, que vai iniciar o 4° ano do ensino fundamental. À vista conseguiria um desconto, disse.

“Os preços aumentaram muito de 2015 para 2016. Vou gastar em torno de R$ 500, quando em 2015 gastei R$ 190 de material escolar”, contou a moradora da Ilha do Governador, que foi ao Centro pesquisar preços e fazer as compras em lojas diferentes para procurar economizar.

Ela disse que notou aumento de preços recentemente.

“Há 15 dias, vi um caderno por R$ 4,50. Agora já vi o mesmo caderno por R$ 6,50. Seis meses atrás a caixa de lápis de cor estava por R$ 19. Já vi a mesma caixa por até R$ 36”, disse.

João Pedro tem aulas de desenho, é muito talentoso segundo a mãe. Mas o pacote de 500 folhas de papel A4 que Alessandra comprava por R$ 12, está comprando por R$ 16.
Alessandra ressaltou que não ia comprar itens pedidos pelo colégio que ela sabia que não deveriam constar da lista por que eram produtos para uso comum da escola.

Na mesma loja, Luceni, moradora de Marechal Hermes, no subúrbio do Rio, já com a cesta cheia de produtos, desistiu da compra de material para o filho de 10 anos, que vai iniciar a 5ª séria.

“Sempre compro no Mercadão de Madureira. Aproveitei que estava no Centro para comprar logo aqui, mas lá é mais barato. Vou desistir”, contou.
Reginaldo SIlva compra material escolar para a neta (Foto: Lilian Quaino/G1)Reginaldo Silva compra material escolar para a neta (Foto: Lilian Quaino/G1)
Também no Centro, numa tradicional papelaria, o comerciante Reginaldo Silva, morador do Méier, debutava na fila de pagamento de material escolar. Comprou material para a netinha Agatha, de 6 anos, que mora com ele e vai começar na escola. Ele estava espantado com os preços.

“Entre material e uniforme, devo gastar em torno de R$ 1 mil. Somente quatro livros pedidos pela escola custaram R$ 500”, disse.

Ele também pesquisou preços nas lojas do Centro e dividiu as compras entre as lojas de acordo com os melhores preços.

Na mesma loja, Maria Lúcia Augusta, moradora do Santo Cristo, Zona Portuária do Rio, se surpreendeu com as compras para a filha Maria Rita, de 15 anos, que vai iniciar o ensino médio.

“Não estou percebendo muito aumento em relação a 2015. Achei produtos que foram remarcados para baixo como um fichário que estava por R$ 190 e caiu para R$ 140”, disse.

Ela também pesquisou o preço em outras duas lojas na Rua da Alfândega antes de optar pela papelaria.
Maria Lucia e a filha Maria Rita compram material escolar (Foto: Lilian Quaino/G1)Maria Lucia e a filha Maria Rita: cesta cheia para começar o ano letivo (Foto: Lilian Quaino/G1)
Aumento nos importados
Eduardo Castro, diretor-geral da Caçula, rede especializada no atacado de papelaria, com mais de 30 anos, diz que, como muitos colégios decidiram iniciar o período letivo depois do carnaval, os pais de alunos também estão adiando as compras.
“Como sempre muitos pais deixam as compras para a última hora, estamos sentindo que este ano, por causa da crise econômica, eles irão postergar os gastos até o limite do início das aulas”, disse.
Segundo Castro, produtos importados sofreram aumento de preços de cerca de 15%, enquanto os nacionais, em média, ficaram 7% mais caros. Ele explica que artigos como tesouras, apontadores, compassos, para os quais existem poucas fábricas nacionais, são os que mais aumentaram:

“No final, acredito que teremos um aumento médio perto do que foi a inflação, uns 10%”.
O executivo afirma que a rede deixou de investir em artigos com personagens licenciados junto à indústria do entretenimento, pois ficaram muito caros. 
Segundo Castro, a expectativa para 2016 é vender mais que em 2015, não apenas em função da abertura de novas unidades (Barra e Saara), mas pela opção de preço de atacado, “o que é um diferencial em tempo de crise”.

“O tíquete médio tem aumentado no mesmo nível da inflação, em cerca de 10%, mas temos percebido os pais fugindo dos produtos licenciados, que têm um valor maior, e procurando produtos mais em conta. Quem compra à vista tem sempre o melhor preço, mas, por sermos especializados em atacado, mesmo nas compras parceladas oferecemos as melhores condições. Em tempo de crise, o parcelamento no cartão tem sido bastante utilizado”, disse Castro.
'Estimativas conservadoras'
A direção da Casa Cruz, tradicional papelaria do Rio de janeiro, também registrou aumento nos produtos importados, devido à alta cotação do dólar. Mas afirma que, em relação aos produtos nacionais, investiu numa negociação que garantiu preços competitivos e, em alguns casos, até 20% mais baratos que os de 2015.

O pagamento parcelado tem sido uma opção bem aceita por parte do consumidor, segundo a Casa Cruz, que em 2016 trabalha o parcelamento em até 10 vezes sem juros nos cartões de crédito e oferece descontos especiais para grupos de compras coletivas negociados diretamente com a gerência de cada loja.

Segundo a casa, até o momento o movimento é similar ao de 2015.
“Considerando a situação econômica que estamos atravessando, nossa estimativa de crescimento está mais conservadora. Esperamos crescer até 8% em relação ao ano anterior”, informou a direção da casa.

A direção disse ter percebido que o consumidor está mais ponderado, mais atento à comparação de preços e escolhas de produtos entre as marcas tradicionais e outras disponíveis, também está negociando mais:

“Vivemos um momento delicado, que exige criatividade e flexibilidade para um novo modelo de atuação. Há necessidade de maior inteligência para trabalhar em ações que atraiam novos clientes e mantenham os que já nos acompanham há anos, através da oferta de qualidade, aposta em diferenciais competitivos e preços justos para o consumidor”
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