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quarta-feira, 22 de junho de 2016

Temer diz que 'não vale a pena' pedido de impeachment de Janot

Senador Renan Calheiros disse que iria analisar o pedido.
Temer disse que Janot cumpriu o papel ao pedir prisão de cúpula do PMDB. 

Do G1, em Brasília

O presidente em exercício Michel Temer disse nesta quarta-feira (22), em entrevista à rádio Jovem Pan, que "não vale a pena" o Senado levar adiante pedido de impeachment do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que analisaria se abre o procedimento contra Janot.

"Eu acho que realmente não vale a pena. E penso e até informo que o presidente Renan já arquivou 5 pedidos de impeachment. Esse é o sexto. Tenho a sensação de que não irá adiante", afirmou Temer.
Na semana passada, duas advogadas protocolaram, no Senado, uma denúncia contra o procurador, alegando que Janot dá tratamento diferenciado a situações “análogas” de possíveis práticas de atos ilícitos.
Também na última semana, Renan disse que iria analisar o pedido. A declaração ocorreu após vir a público uma solicitação que Janot fez ao Supremo Tribunal Federal (STF) para prender quatro dos principais líderes do PMDB por obstrução da Lava Jato: o próprio Renan, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), o presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o ex-presidente José Sarney.
Na entrevista, Temer também foi questionado sobre os pedidos de prisão. Para o presidente em exercício, Janot cumpriu o papel que lhe cabe ao enviar as solicitações para o tribunal. O ministro relator da Lava Jato no STF, Teori Zavascki, recusou os pedidos relativos a Sarney, Jucá e Renan, e pediu para Cunha apresentar defesa. Segundo Temer, Teori também desempenhou o papel que deveria.
"Acho que o procurador fez o papel dele, possivelmente motivado por documentos, e Teori também fez o papel dele. Nesse momento, viu que não era o caso. Quando entendemos que devemos enaltecer a atividade das instituições, estamos aprimorando aquilo que chamo de uma tentativa de reinstitucionalizar o país", disse Temer.
Eu acho que não [haverá novas demissões]. Acho que não teremos mais problemas"
Michel Temer, presidente em exercício
Saída de ministros
Ele também foi questionado sobre as saídas de três ministros em um mês de seu governo interino e se haveria novas demissões.
"Eu acho que não [haverá novas demissões]. Realmente, os que caíram, até devo registrar, pediram demissão. Eles tinham um sentido de colaboração, mas claro que eu ia fazer uma avaliação. Neste sentido de colaboração, eles vieram a mim logo que apareceu algo", afirmou Temer. "Acho que não teremos mais problemas, mas acho que isso não pode atrapalhar a governabilidade nem a confiança no país", completou o presidente em exercício.
O primeiro ministro que deixou o governo Temer foi o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que comandava o Planejamento. Ele caiu após virem a público gravações de conversas feitas pelo ex-presidente da Transpetro e delator da Lava Jato, Sérgio Machado. Nos áudios, Jucá defendia um estancamento na "sangria" da Lava Jato.
Depois caiu o então ministro da Transparência, Fabiano Silveira, que também apareceu em conversas gravadas por Machado criticando a Lava Jato. Na última semana, o então ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, investigado na operação, pediu para sair para não "constranger" o governo.
Temer voltou a dizer que dá apoio à Lava Jato e afirmou ainda que o poder Executivo tem "zero chance" de interferir no trabalho do Ministério Público, da Justiça e da Polícia Federal. Ele argumentou também que não tem ouvido, de parlamentares no Congresso, uma "disposição conspiratória" contra a operação.
Nesta terça (21), Temer concedeu entrevista ao jornalista Roberto D'Ávila, da GloboNews, na qual disse não ter traído "ninguém" para chegar à Presidência e criticou a proposta defendida por parte da oposição de novas eleições para presidente caso Dilma consiga barrar o processo de impeachment no Senado.

GNEWS_Temer (Foto: globo news)

Temer durante entrevista à GloboNews (Foto: Reprodução/GloboNews)
Interinidade
Temer disse ainda que o fato de ser interino gera "alguns problemas e instabilidades". Ele está ocupando o cargo enquanto o Senado ainda não tomou uma decisão final sobre o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. O julgamento de Dilma no Senado deve ocorrer em agosto.
"Os investidores estrangeiros têm me procurado, procurado ministros. Sempre aquela pergunta: o que vai acontecer em agosto? [...] As pessoas se angustiam com isso. A economia está ligada à pacificação política. Acho que a partir de agosto, se acontecer o que se pode imaginar, a economia dará um novo salto", afirmou Temer.
[CUNHA HOME] Eduardo Cunha durante 5º Congresso Fluminense de Municípios no Rio de Janeiro, em outubro de 2015 (Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo/Arquivo)

O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha
(Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo/Arquivo)
Cunha e relação com o Congresso
Os entrevistadores também fizeram perguntas para Temer sobre a situação do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha
Para Temer, a Câmara tem que resolver a questão com a "maior rapidez". Ele disse ainda que, caso Cunha perca o mandato, o ideal seria a base governista apresentar candidato único para a sucessão.
"Eu tomarei muito cuidado com qualquer interferência numa solução que é típica da Câmara. Eu tenho pedido isso: que haja uma única candidatura da base. A base do governo ampliou-se muito. Acrescentaram-se sete novos partidos. Não vale a pena cindir a base", afirmou o presidente em exercício.
Ele também ressaltou que tem construído uma boa relação com o Congresso e que, graças a isso, o governo conseguiu aprovar em poucos dias projetos que estavam parados. Temer citou a Desvinculação das Receitas da União (DRU) e a Lei das Estatais, aprovadas durante o governo dele.
Dívida dos estados
Temer comentou o acordo com governadores, anunciado nesta semana, de renegociação da dívida dos estados com a União. O governo federal se comprometeu a dar descontos na dívida em troca de os estados adotarem medidas para conter gastos.

  • Outras medidas são necessárias, por força de privatização, venda de ativos, por exemplo, para que os estados se recuperem"
Michel Temer
"Essa solução federativa que nós demos vem sendo trabalhada há cinco anos sem solução. Nos estados autoritários, a União tem que ser forte, no estado democrático, os estados sendo fortes, a União se fortalece. E nós estamos no caminho de um estado democrático", afirmou Temer.
Ele disse ainda que, apesar da ajuda da União, os estados devem adotar medidas para recompor as contas públicas. Temer deu como exemplo dessas medidas eventuais privatizações.
"Estamos verificando a questão das privatizações, especialmente no caso da União, mas esperando que os estados façam um pouco isso. Não é possível os estados ficarem nessa situação. Demos um respiro aos estados, mas outras medidas são necessárias, por força de privatização, venda de ativos, por exemplo, para que os estados se recuperem", afirmou.
Temer também disse que estão faltando "apenas estudos de natureza jurídica" para incluir as dívidas dos estados com o BNDES nas renegociações.
Venezuela
Ao responder uma pergunta sobre a crise na Venezuela, Temer afirmou que a situação no país vizinho "não é boa". Ele disse ainda que conversou com o ministro das Relações Exteriores, José Serra, para que o Brasil envie remédios à população venezuelana.

"Recentemente chamando o ministro Serra deliberamos mandar remédio para o povo venezuelano. A preocupação é grande com as agruras do povo. Espero que a Venezuela não recuse. Muitas e muitas vezes tem essa coisa de dizer que não precisa de auxílio. E lá, evidentemente, eles precisam", disse o presidente em exercício.

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