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sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Maranhense morta em Brasília foi vítima de crime de “Lesbocídio”


  • ISMAEL ARAÚJO

Segundo a polícia, trata-se de um crime de ódio por ser a vítima, lésbica; somente este ano, já ocorreram oito mortes de mulheres pela condição sexual no país

Anne Mickaelly Monteiro Mendonça, morta em Brasilia.
Anne Mickaelly Monteiro Mendonça, morta em Brasilia. (Foto: Divulgação)
SAMAMBAIA (DF) - A Polícia do Distrito Federal declarou, ontem, que a maranhense de Presidente Dutra, Anne Mickaelly Monteiro Mendonça, de 22 anos, foi vítima de “Lesbocídio”, expressão desenvolvida por um grupo de estudos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ainda segundo a polícia, a vítima foi assassinada a golpes de faca desferidos por José Roberto Brito Moreira, de 46 anos, no último sábado, na cidade de Samambaia, em Brasília, motivado por uma desavença.
A investigação desse caso está sendo coordenada pelo delegado-chefe da 32ª Delegacia de Polícia (Samambaia Sul), Joás Borges, que informou que Anne aparece em uma lista de “Lesbocídio” em todo o Brasil, que é defendida por um grupo de estudiosos da UFRJ, sob a orientação da professora Suane Soares.
A professora explicou que “Lesbocídio é um tipo de crime motivado pelo ódio. Ela também declarou que somente este ano já ocorreram oito mortes de lésbicas no país. Inclusive, desta quantidade, dois foram assassinatos. “Lançamos um dossiê que relata sobre as mortes de mulheres pela condição sexual baseado com dados de 2014 a 2017”, declarou Suane Soares.
Milena Carneiro, que é estudante da UFRJ e integrante desse movimento, disse que o Poder Público deve interferir nessa problemática. “O poder público, de alguma forma, interfira na vida dessas lésbicas que têm a sobrevivência precarizada. Que não seja só uma ação de punição para quem comete esse tipo de crime, mas de condição para que não se chegue a isso”, disse a estudante.
Caso
Anne Mickaelly morava sozinha na cidade de Samambaia, no Distrito Federal. Segundo o delegado, a vítima foi ajudada por José Roberto Brito e toda a família dele quando ela foi morar em Brasília. No dia do crime, o acusado estava vendendo churrasquinho nas proximidades da residência de Anne Mickaelly, que jogava rojões com o objetivo de assustar os clientes.
Ainda de acordo com as informações do delegado, o acusado, irritado, teria empunhado uma faca e com esta desferiu os golpes no rosto e pescoço da vítima, que veio a falecer. Anne Mickaelly também era suspeita de provocar toda a família de José Roberto. Ela chegou mesmo a espalhar boatos na rua e por meio de rede social que mantinha um relacionamento amoroso com a filha do acusado, nome não revelado.
Já o acusado declarou em depoimento a polícia que a sua filha não tinha nenhum relacionamento com a vítima. “Ane Mickaelly queria ter um namoro com a filha do acusado, mas não era correspondida. Ela achava que a menina não a aceitava porque a família não permi­tia. Por isso, começou a provocar a todos. Não descarto in­tolerância, mas essa foi a versão dele”, afirmou o delegado.
Joás Borges também informou que José Roberto Brito se apresentou à polícia, na última ter­ça-feira, confessou o crime, mas, por não haver flagrante foi liberado e deve responder pelo cri­me de homicídio qualificado.
Rede social
Uma postagem feita pela vítima em rede social no dia 16 de novembro do ano passado ela diz que o genitor de uma garota, que possui uma relação amorosa, tentou afastar o casal logo que descobriu essa união. “Ela sofre calada. Comendo o pão que o diabo amassou, até que ela faz amizade com uma mulher gay. As duas saem, se divertem e a garota que tanto sofria, e só chorava, agora era feliz ao lado de um ser igual a ela”, afirma na postagem.
Fique sabendo
No dia 1º de julho do ano passado foi assassinado o maranhense Yago Linhares Sik, de 23 anos, após sair de uma festa no Conic, localizado no setor de Diversão Sul, em Brasília. O principal suspeito desse crime foi identificado como Lucas Albo, que no momento está preso.

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