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quinta-feira, 20 de maio de 2010

Como manter todos na escola



Imagine por um instante o momento mais agudo da aula mais difícil. Meia dúzia de alunos dormem nas ultimas fileiras. Um trio troca mensagens de celular. Dois meninos se estapeiam. Uma turma discute sobre futebol. Nas primeiras cadeiras, só um pequeno e compassivo grupo se esforça para prestar atenção naquilo que você, aos berros, tenta dizer. Nessa hora, um pensamento emerge: “Gostaria de ensinar apenas os que querem aprender. Quem não está afim que saia. Será melhor assim!”

Não será. O desafio de ser professor exige educar todos, sem exceção. O Brasil por enquanto, está perdendo essa batalha. É verdade que os índices de acesso à Educação avançam nas ultimas três décadas (97, 6% das crianças e dos adolescentes entre 7 e 14 anos estão na escola). Mas os indicadores de permanência – a taxa de abandono, que mostra os que não concluíram o ano letivo, e a de evasão, que aponta os que não se matricularam no ano seguinte – não caminharam no mesmo ritmo. Hoje, de cada 100 estudantes que ingressam no Ensino Fundamental, apenas 36 concluem o Ensino Médio.

Responsabilizar aluno pelo abandono é a saída mais fácil. Na verdade, ele é o menos culpado. Pesquisas indicam que existem dois conjuntos de fatores que interferem no abandono escolar. O primeiro deles é o chamado risco social. Fatores como a condição socioeconômico e o lugar de residência podem aumentar a pressão para a distancia: como a necessidade de complementar a renda familiar, muitos jovens são atraídos pelo trabalho precoce e largam os livros. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007, apenas 21, 8 % dos adolescentes que têm ocupação continua indo ás aulas.

Entretanto, os estudos mostram que a própria escola colabora para agravar a evasão. Os altos índices de repetência exercem um papel fortíssimo – longe de sua faixa etária original, o aluno se sente desmotivado. Não faz sentido punir o aluno impedindo que ele vá à escola. Em vez disso, é possível pensar em medidas que modifiquem a rotina do estudante, mas que o mantenham na instituição – estudar sozinho, com a obrigação de acompanhar o conteúdo é uma alternativa.






(Rodrigo Ratier)

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