O vento
roçava a superfície do mar, que levantava o espelho d´àgua, que produzia o
nascedouro das ondas num espetáculo sem fim. As ondas espumavam diariamente e
se debruçavam orgulhosamente na orla das praias.
Alguns meninos cresceram correndo pela
areia. Pegavam as bolhas que se formavam no estalido das ondas. Elas brilhavam
na palmas das mãos, mas logo se despediam, dissolviam e vazavam entre seus
dedos, como se dissessem: “Eu pertenço ao mar”. Erguendo o semblante para o
mar, os meninos diziam secretamente: “Nós também lhe pertencemos”.
Assim era a vida desses jovens. Seus
avós tinham sido pescadores, seus pais foram pescadores e eles eram pescadores
e morreriam pescadores. A história deles estava cristalizada. Os seus sonhos?
Ondas e peixes.
Sonhavam com os cardumes.
Entretanto, os peixes escassearam. A vida era árdua. Puxar as pesadas redes do
mar era extenuante. Suportar as rajadas de ventos frios e as ondas rebeldes
toda noite não era para qualquer um. E o pior, o resultado os frustrava. Cabisbaixos,
reconheciam o fracasso. O mar tão grande se tornara uma piscina de decepções.
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