Com isso, mesmo cortando R$ 10 bilhões, despesas discricionárias cresceram nos três primeiros meses deste ano, afirma Mansueto Almeida, do Ministério da Fazenda
O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda,
Mansueto Almeida, afirmou nesta segunda-feira (17), durante seminário
“Os caminhos para a reforma da Previdência”, que todo esforço de conter
gastos no primeiro trimestre deste ano foi consumido pelo aumento dos
gastos previdenciários.
"No primeiro trimestre deste ano, contra o ano passado, a despesa
discricionária do governo federal não financeira, ou seja, aquela que o
governo consegue cortar, inclusive investimento, caiu R$ 10 bilhões, de
acordo com dados preliminares. Ao mesmo tempo, a despesa de Previdência,
o RGPS [INSS] e RPPS [servidores públicos], cresceu R$ 16 bilhões. O
governo cortou R$ 10 bilhões e não foi suficiente para contrabalançar
alta de R$ 16 bilhões da Previdência", disse.
Bloqueio de R$ 42,1 bilhões
De acordo com o secretário, o mesmo deve acontecer em todo este ano.
Ele lembrou que foram bloqueados R$ 42,1 bilhões em despesas no
orçamento deste ano, para tentar atingir a meta de um déficit primário
(despesas maiores do que receitas, sem contar juros) de até R$ 139
bilhões nas contas do governo.
"Com esse corte de R$ 42 bilhões, a despesa do governo programada para
este ano, não financeira, crescerá R$ 40 bilhões. O crescimento, para
este ano, só do INSS é de R$ 52,7 bilhões. Uma conta do orçamento, do
INSS, crescerá mais do que toda despesa pública do governo. Isso mostra
muito bem o problema que está na composição do gasto público e seu
crescimento. Cada vez mais o problema da conta da previdência está
deslocando todo orçamento", acrescentou Mansueto Almeida.
Metade dos gastos com Previdência
O secretário argumentou que um país ainda jovem como o Brasil, não é
sustentável que mais da metade do seu gasto público seja direcionado
para a Previdência Social.
"A reforma da Previdência é algo essencial. Algumas pessoas ficam em
posição bizantina, de mensurar o déficit da Previdência. Se não
existisse, problema estaria resolvido? Não. O problema não é o tamanho
do déficit hoje, mas da dinâmica do crescimento do gasto", avaliou
Mansueto Almeida.
Ele concluiu dizendo que é "impossível" para o Brasil equilibrar suas
contas públicas no longo prazo sem uma reforma da previdência. "A
situação é muito seria, grave, mas a noticia boa é que podemos resolver
isso de forma gradual. A reforma da Previdência trará grande economia
não no ano que vem e em 2019, mas com o passar do tempo, e consolidar a
trajetória de queda dos juros no Brasil", declarou.
Na sexta-feira, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, informou
que o governo prevê que em 2018 o déficit (despesas maiores que as
receitas) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) chegará a R$ 202,2 bilhões.
No ano passado, o déficit nas contas da Previdência Social ficou em R$
149,7 bilhões (o equivalente a 2,4% do Produto Interno Bruto - PIB) e a
estimativa do governo é que, em 2017, o rombo fique em R$ 188,8 bilhões.
Segundo os dados do Tesouro Nacional, nos últimos dez anos (2007-2016), o déficit previdenciário triplicou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário