Advogados dizem que acusações do PSDB já foram feitas em outras ações.
Partido aponta abuso de poder e pede para tribunal diplomar Aécio Neves.
A defesa da presidente Dilma Rousseff alegou não haver provas contra
ela e o vice-presidente Michel Temer que justifique a cassação do
mandato dos dois pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Para contestar uma ação do PSDB de impugnação de seus mandatos, os
advogados da petista dizem que eventuais irregularidades cometidas na
campanha presidencial de 2014 não indicam que ela seja responsável ou
tenha se beneficiado delas.
Os argumentos estão na peça de defesa, protocolada no fim da tarde
desta quinta-feira (18) junto ao TSE. A ação do PSDB acusa Dilma e Temer
de abuso de poder político e econômico na disputa e, além da cassação,
tem por objetivo diplomar o senador Aécio Neves (PSDB-MG), segundo
colocado na eleição de 2014.
O documento foi apresentado dentro de uma das quatro ações do PSDB para
cassar Dilma e Temer. Na semana passada, o vice também apresentou
defesa, alegando que o pedido do PSDB revela um "sem-número de ilações"
decorrentes da "derrota eleitoral", o que demostra, segundo ele, “mero inconformismo”.
Caberá agora à relatora do caso, ministra Maria Thereza de Assis Moura,
iniciar a fase de “instrução do processo”, com coleta de provas,
depoimento de testemunhas e manifestações do Ministério Público. Por
fim, a defesa poderá novamente se manifestar antes do julgamento final
pelo TSE, composto por sete ministros.
Após protocolar a defesa de Dilma, o advogado do PT Marthius Sávio Lobato disse não haver novos elementos contra presidente no no processo e afirmou que não foi encontrada nenhuma irregularidade na campanha.
Após protocolar a defesa de Dilma, o advogado do PT Marthius Sávio Lobato disse não haver novos elementos contra presidente no no processo e afirmou que não foi encontrada nenhuma irregularidade na campanha.
“Nós demonstramos claramente que, na verdade, se trata de uma aventura
jurídica. Tentativa de obter um terceiro turno, e usar o Tribunal
Superior Eleitoral como palco de um ilusionismo, porque não existe a
mínima prova e o mínimo elemento jurídico para proceder essa ação.
Inclusive, pedimos até a extinção imediata da ação. [...] As questões
todas utilizadas na ação de impugnação já foram julgadas pelo Tribunal, o
que veio de elemento novo foi, eventualmente, contribuições ocorridas
de 2010 até agora. Não apontou nada na campanha de 2014, então não há
irregularidade. Pedimos então pela extição do processo”, declarou.
Na peça, a defesa de Dilma rebate 11 acusações do PSDB, entre elas a de que recebeu recursos oriundos de propina da Petrobras para bancar os gastos de campanha.
Na peça, a defesa de Dilma rebate 11 acusações do PSDB, entre elas a de que recebeu recursos oriundos de propina da Petrobras para bancar os gastos de campanha.
"Não basta a mera condição de candidatos à reeleição aos cargos de
Presidente e Vice-Presidente da República para torná-los, objetivamente,
responsáveis ou beneficiários de qualquer conduta praticada por quem
que seja", diz a peça.
Em outro trecho da defesa, os advogados dizem que, ao protocolar a
ação, o PSDB busca fazer “uso político da Justiça Eleitoral” e que tal
conduta “não é inédita”.
“Inconformados com a derrota eleitoral imposta pelo voto popular e com a
reeleição de Dilma e Temer, os autores buscam, em vão, a terceira
tentativa de obter perante a Justiça Eleitoral aqueles inúmeros votos
que não conseguiram nas urnas”, afirma.
A defesa lembra que o PSDB também tentou, sem sucesso, a rejeição das
contas de Dilma e Temer; apontaram fraudes nas urnas; além de terem
apresentado ações “idênticas”, com “fatos repetidos” contra a petista no
TSE.
Após a divulgação da defesa de Dilma, o PSDB divulgou nota em que diz que a presidente "ataca" o partido.
"Na ausência de argumentos consistentes para sua defesa, a presidente Dilma Rousseff ataca o PSDB e agride o TSE, que existe para garantir o equilíbrio e a lisura dos pleitos eleitorais. [...] Ao invés de dispender energia mais uma vez atacando o PSDB, deveria a presidente da República dedicar-se a se defender das inúmeras e graves acusações que pairam sobre sua campanha", diz a nota.
Os advogados de Dilma também alegam que quase todas as acusações já foram analisadas em outras ações e que nenhuma delas possui “isolada ou conjuntamente, relevância ou gravidade suficiente para caracterizar abuso do poder econômico ou fraude”.
Após a divulgação da defesa de Dilma, o PSDB divulgou nota em que diz que a presidente "ataca" o partido.
"Na ausência de argumentos consistentes para sua defesa, a presidente Dilma Rousseff ataca o PSDB e agride o TSE, que existe para garantir o equilíbrio e a lisura dos pleitos eleitorais. [...] Ao invés de dispender energia mais uma vez atacando o PSDB, deveria a presidente da República dedicar-se a se defender das inúmeras e graves acusações que pairam sobre sua campanha", diz a nota.
Os advogados de Dilma também alegam que quase todas as acusações já foram analisadas em outras ações e que nenhuma delas possui “isolada ou conjuntamente, relevância ou gravidade suficiente para caracterizar abuso do poder econômico ou fraude”.
Entre as acusações, o PSDB aponta manipulação de indicadores
socioeconômicos; pronunciamento na TV e rádio para propaganda; uso
indevido de prédios públicos para campanha; gastos maiores que o
informado; promoção da candidatura com dinheiro de sindicatos;
transporte de eleitores com verba pública; mentiras no horário
eleitoral; e disseminação de boatos de que Aécio acabaria com o Bolsa
Família caso eleito.
Em relação à suspeita de que a campanha de Dilma teria recebido
recursos desviados da Petrobras, por intermédio de doação oficial por
empreiteiras envolvidas em corrupção, a defesa diz que foram apontados
somente recursos recebidos pelo PT entre 2012 e 2013.
“Por que os autores não apontaram os valores recebidos daquelas
empreiteiras para o financiamento da campanha de 2014? A razão é simples
e conhecida por todos: as empreiteiras doaram recursos para todas as
campanhas eleitorais ou pelo menos para as mais importantes, seja para
as campanhas presidenciais, seja para os cargos estaduais. E doaram de
forma muito significativa e substancial para as campanhas de Aécio Neves
e do PSDB”, diz a peça.
Relembre abaixo cada etapa da ação de impugnação de mandato no TSE
2.jan.2015: Um
dia após a posse de Dilma no segundo mandato, o PSDB apresentou ao TSE
uma Ação de Impugnação de Mandato Eleitoral contra a petista e o vice
Michel Temer. Conhecida como "Aime", a ação visa cassar o mandato dos
dois, acusando-os de abuso de poder político e econômico nas eleições de
2014.
4.fev.2015: Pouco mais de um mês após o
protocolo, a relatora sorteada para analisar o caso, ministra Maria
Thereza de Assis Moura, arquiva a ação, sob o argumento de que o PSDB
apresentou as denúncias "de forma genérica" e não apresentou "o início
de prova" para justificar o prosseguimento da ação "tão cara à
manutenção da harmonia do sistema democrático".
27.abr.2015:
Mesmo com o arquivamento da ação de impugnação, uma outra ação do PSDB,
protocolada em dezembro, no mesmo dia da diplomação da presidente,
continua a correr no TSE. A Ação de Investigação Judicial Eleitoral
("Aije") aponta suposto uso de dinheiro do esquema de corrupção na
Petrobras para abastecer o caixa de campanha de Dilma.
No fim de abril, o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro João
Otávio Noronha, responsável pelo caso, aceita pedido do PSDB para ouvir
o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto
Youssef, delatores da Operação Lava Jato.
2.jun.2015:
Paulo Roberto Costa presta depoimento no Rio de Janeiro e confirma
repasse da cota que era do PP para a campanha presidencial de Dilma em
2010.
3.jul.2015: Alberto Youssef diz em
depoimento que foi procurado por suposto emissário da campanha de Dilma
em 2014 para trazer ao Brasil entre R$ 5 e R$ 20 milhões depositado no
exterior. Disse que a negociação não foi adiante, porque foi preso em
março daquele ano.
21.ago.2015: O ministro Gilmar
Mendes, do TSE, pede à Procuradoria Geral da República e à Polícia
Federal informações da prestação de contas da campanha de 2014 de Dilma.
As receitas e despesas haviam sido aprovadas com ressalvas em dezembro,
mas o ministro vê indícios de irregularidades em gastos e suspeita de
propina em doações.
29.ago.2015: O
procurador-geral eleitoral, Rodrigo Janot, arquiva pedido de
investigação feito por Gilmar Mendes, argumentando que as contas já
haviam sido aprovadas e que não havia indícios de irregularidades. Em
parecer, apontou inconveniência de a Justiça Eleitoral e o Ministério
Público serem "protagonistas – exagerados – do espetáculo da democracia,
para os quais a Constituição trouxe, como atores principais, os
candidatos e os eleitores".
19.set.2015: O
empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e delator da Lava Jato, fica
calado em depoimento à Justiça Eleitoral. Em seu acordo de colaboração
com a Justiça, ele afirmou que realizou doações de R$ 7,5 milhões para a
campanha da petista em 2014 para não perder contratos com a estatal,
segundo reportagem da revista "Veja".
6.out.2015: Por
5 votos a 2, plenário do TSE aceita pedido do PSDB e reabre ação de
impugnação de Dilma e Temer que havia sido arquivada em fevereiro. A
defesa da presidente contestou as acusações, dizendo que em outros
processos do próprio TSE a presidente e o vice não haviam sido
responsabilizados.
6.nov.2015: O presidente do
TSE, Dias Toffoli, escolhe a ministra Maria Thereza de Assis Moura, a
mesma que havia arquivado a ação, para permanecer na função de relatora.
Ela havia pedido para deixar a condução do processo e sugeriu o
ministro Gilmar Mendes.
4.dez.2015: O acórdão do julgamento que reabriu a ação é publicado, abrindo prazo para recursos contra a decisão.
15.fev.2016: O
juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na
primeira instância da Justiça, afirma em ofício enviado ao tribunal que
"seria talvez oportuno" que delatores do esquema de corrupção da
Petrobras fossem ouvidos dentro da ação no TSE.
O juiz também informa que, em uma das sentenças que proferiu no caso,
ficou comprovado o uso de propina com recursos da estatal para realizar
doações eleitorais, como acusa o PSDB.
Nenhum comentário:
Postar um comentário