Marcelo Brandão / Agência Brasil
Mayra reconheceu e agradeceu a presença constante da família em sua carreira.
RIO
DE JANEIRO - Com a medalha no peito e o sentimento de dever cumprido, a
judoca Mayra Aguiar iniciou uma série de compromissos assim que deixou o
pódio, na Arena Carioca 2. Foram muitas fotos e entrevistas e, pouco
depois das 23h – cerca de seis horas e meia após vencer a cubana
Yalennis Castillo na luta pelo bronze –, veio a última parada: uma festa
em sua homenagem na Casa Time Brasil, com a presença da família, com
quem finalmente poderia estar depois de um dia tão movimentado.
“Estou
louca para vê-los. Vi minha mãe um pouquinho e pedi só um pouquinho de
colo!”, disse a judoca pouco depois de chegar à Casa Time Brasil,
localizada em um shopping na Barra da Tijuca. Mayra reconheceu e
agradeceu a presença constante da família em sua carreira. “A família é
assim: se eu parar com o judô e fizer balé, eles vão saber tudo de balé,
vão acompanhar, se dedicar. Isso é muito bom para mim; em todos esses
momentos, eles estão ali, nos bons e ruins, eles estão sempre me
acolhendo. Família é tudo”, disse.
Antes de Mayra chegar ao local,
a mãe Leila de Aguiar já aguardava a filha para a festa. Ela lembra da
dificuldade que é apoiar um filho no caminho do esporte profissional,
mas recomenda assim mesmo. “Incentivem [seus filhos]. Apesar de ser
complicado, de ter gastos com viagem, com material, com tudo, ver a
alegria deles é uma coisa que empolga. Então, claro que no começo foi
complicado, a gente que pagava tudo, viagem, equipamento, remédio quando
se machucava. É muito complicado no início”.
A família não é
somente aquela que paga as despesas. Para a mãe de Mayra, já é um
costume acompanhar as lutas da filha. “Apesar de ser uma coisa
grandiosa, uma olimpíada, é uma coisa muito cotidiana pra gente. O dia
inteiro numa arquibancada esperando a hora da luta, vendo ela ganhando
ou perdendo. Isso tudo faz parte do cotidiano de 20 anos”, disse.
“[Recebi] um abraço melado de suor, foi ótimo”, sorri, orgulhosa.
Derrota na semifinal
Embora
o ambiente fosse de festa, integrantes de seu clube de treinos, a
Sogipa, ainda lembravam da eliminação de Mayra na semifinal, após duas
punições que selaram sua sorte no torneio. “O lance em que ela foi
punida foi a interpretação de um árbitro. Outro árbitro talvez não desse
aquela penalização para ela”, disse Alexandre Panosso, diretor da
Sogipa, clube onde Mayra treina.
O campeão olímpico dos jogos de
1988 e bronze em 1996, o ex-judoca Aurélio Miguel, prestigiou a
conquista de Mayra e lembrou a luta da semifinal, contra a francesa
Audrey Tcheumeo. Ele ressaltou, no entanto, que todas as medalhas
olímpicas brilham igual. “Ela acabou tendo a infelicidade de tirar a
pegada de uma atleta da França, de uma forma que hoje é punida, e acabou
tirando a possibilidade de disputar a final. Mas medalha olímpica é
medalha olímpica. Ela ainda é nova e pode buscar essa medalha de ouro
tão sonhada”.
Luta pelo bronze
Contra a
cubana, valendo o bronze, Mayra não deixou a medalha escapar. Assumindo
uma postura agressiva, ela conseguiu um yuko, que a deixou em vantagem
na luta. A estratégia de luta da brasileira foi não recuar para defender
o placar favorável.
“A hora em que consegui a pontuação, sabia
que se ela sentisse que eu tinha parado, ela viria muito para cima. É
uma atleta muito agressiva, já foi vice-campeã olímpica e sabe o valor
de uma medalha. Então, ela daria tudo ali. Na minha cabeça, eu não
poderia parar de lutar, eu teria que continuar agressiva, lutando. Pus
na minha cabeça que ela não tiraria essa medalha de mim”.
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