Luana Lourenço e Wellton Máximo / Agência Brasil
Dilma Rousseff se pronunciou através das cadeias de rádio e TV, nesta sexta-feira (21).
BRASÍLIA – A presidenta Dilma Rousseff prometeu chamar os governadores e
prefeitos das principais cidades do país e os líderes das manifestações
populares para um grande pacto em torno da melhoria dos serviços
públicos. Em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, Dilma
anunciou que as ações do governo terão três focos.
O
primeiro será a elaboração do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, que
privilegie o transporte coletivo. O segundo é a destinação de 100% dos
royalties do petróleo para a educação, proposta que está em discussão no
Congresso. Para melhorar a saúde, Dilma prometeu trazer mais médicos do
exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
De
acordo com a presidenta, o vigor das manifestações pode ser aproveitado
para que sejam tomadas medidas que beneficiem a população e já
começaram a produzir resultados, como a redução das tarifas de ônibus em
diversas cidades brasileiras.
“As manifestações
desta semana trouxeram importantes lições. As tarifas baixaram e as
pautas dos manifestantes ganharam prioridade nacional. Temos que
aproveitar o vigor das manifestações para produzir mais mudanças que
beneficiem o conjunto da população brasileira”, declarou.
A
presidenta citou a trajetória de defesa da democracia durante a
ditadura como motivo para levar as reivindicações em consideração. “A
minha geração lutou muito para que a voz das ruas fosse ouvida. Muitos
foram perseguidos, torturados e morreram por isso. A voz das ruas
precisa ser ouvida e respeitada e não pode ser confundida com o barulho e
a truculência de alguns arruaceiros”.
Dilma disse
ainda que não deixará de combater a corrupção. “Sou a presidenta de
todos os brasileiros. Dos que se manifestam e dos que não se manifestam.
A mensagem direta das ruas é pacífica e democrática. Ela reivindica um
combate sistemático à corrupção e ao desvio de dinheiro público. Todos
me conhecem. Disso eu não abro mão”
A presidenta
prometeu ainda conversar, nos próximos dias, com os chefes dos outros
poderes, governadores e os prefeitos das principais cidades do país para
um grande pacto em torno da melhoria dos serviços públicos. Ela
anunciou ainda que pretende receber os líderes das manifestações
pacíficas, representantes de organizações de jovens, das entidades
sindicais, dos movimentos de trabalhadores e das associações populares.
A
mensagem foi ao ar em cadeia nacional de rádio e TV. Dilma passou o dia
discutindo os protestos e manifestações que ocorrem no país e que ontem
(20) reuniram quase 2 milhões de pessoas em 438 cidades. De manhã, a
presidenta se reuniu com ministros, entre eles o da Justiça, José
Eduardo Cardozo. Também recebeu o presidente do Senado, Renan Calheiros,
e o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom
Raymundo Damasceno.
A onda de manifestações pelo
país começou em São Paulo, reivindicando a revogação do reajuste da
tarifa de ônibus de R$3 para R$3,20. O governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin, e o prefeito da capital, Fernando Haddad, voltaram atrás no
reajuste, mas os protestos continuaram e se ampliaram pelo país.
Entre
as causas defendidas pelos manifestantes estão o fim da impunidade, da
corrupção e a crítica aos gastos públicos com a Copa das Confederações e
a Copa do Mundo. Também são contrários à Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 37, que limita o poder de investigação do Ministério
Público.
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