Pedro Sobrinho / Imirante.com
Liliane Silva Villas Boas é mulher de um suposto traficante do Bairro de Fátima.
SÃO LUÍS - Liliane
Silva Villas Boas, de 26 anos, grávida de cinco meses, e dona de um
salão de beleza, no bairro Parque Vitória, morreu baleada em uma
operação realizada pela Superintendência Estadual de Investigações
Criminais (Seic), na noite de quinta-feira (23), no Bairro de Fátima.
Segundo a Polícia Civil, o objetivo dos policiais era prender o marido
dela, Márcio de Jesus Mendes, o Márcio Patrão, de 34 anos, suspeito de
fornecer armas a uma facção criminosa, em São Luís, e que também foi
alvejado e preso. Na ação policial, o filho do suspeito, um menor de 14
anos, também foi ferido de raspão no braço.
"Os
policiais da Seic receberam denúncias de que Márcio Patrão seria
traficante de drogas e que guardava em sua casa, na Rua do Peixe, no
Bairro de Fátima, várias pistolas calibre ponto 40 e as alugava para uma
organização criminosa na capital. Ao chegarem ao referido endereço, os
investigadores se depararam com o suspeito saindo do seu veículo, modelo
Toyota Hilux de cor preta, que, ao perceber a aproximação da polícia,
empunhou uma pistola e abriu fogo contra a equipe de policiais que, por
sua vez, foi obrigada a revidar", explicou o subdelegado-geral Marcos
Affonso Júnior.
Ainda de acordo com o
subdelegado-geral da Polícia Civil, Liliane Villas Boas foi atingida
pelos tiros dos policiais porque estava dentro da caminhonete. "Como era
noite e a caminhonete tinha vidros fumê, não foi possível perceber a
presença de outras pessoas no interior do veículo", disse o
subdelegado-geral. Em visita ao velório da vítima, ontem à tarde, na
Central de Velórios Jardim da Paz, no Anil, O Estado, porém, conheceu
outra versão dos fatos, contada pelo pai da mulher e também por uma das
pessoas que estava no interior da caminhonete do suspeito procurado pela
polícia.
"Por volta das 19h40, eu, Márcio, a
mulher e mais o filho dele, que é adolescente, voltávamos de um jantar,
na casa da mãe de Liliane. Assim que Márcio estacionou a caminhonete
próxima à casa da mãe dele, um veículo modelo Fiat Pálio de cor branca
trancou o nosso veículo, e os ocupantes, todos encapuzados, desceram os
vidros e descarregaram as armas, sem sequer dar voz de prisão, ou coisa
assim. Só depois de 20 minutos foi que chegaram duas viaturas
caracterizadas e os policiais resolveram socorrer a mulher de Márcio",
disse o pedreiro Ernildo Soares da Silva, de 24 anos, baleado no ombro.
Segundo
ainda a testemunha, Márcio Mendes foi alvejado no abdômen, pescoço, e
braço esquerdo, enquanto Liliane foi atingida com um disparo de fuzil,
nas costas, tiro que transfixou o coração da gestante. O pai da vítima,
João Cunha Villas Boas, de 46 anos, questionou com revolta a ação da
polícia. "Quem anda encapuzado é bandido. A polícia matou a minha filha,
uma mulher jovem, que estava feliz porque ia ser mãe pela segunda vez.
Levou dinheiro, joias, celulares, tudo deles. Por que a polícia não
deixou a caminhonete no local e esperou a perícia chegar? Quem não deve
não teme", disse o pai da vítima.
De acordo com o
que informou a Polícia Judiciária, após o confronto, Márcio Patrão e a
mulher foram socorridos e encaminhados para o Hospital Municipal Dr.
Djalma Marques (Socorrão I). Liliane Villas Boas morreu pouco tempo
depois de ser internada. O adolescente de 14 anos, filho apenas de
Márcio Mendes, também foi medicado e liberado em seguida. "Com Márcio
Patrão, a polícia apreendeu uma pistola PT calibre ponto 40",
acrescentou o subdelegado-geral. A testemunha, porém, mais uma vez
contestou a polícia. "Ele não andava armado. Essa pistola foi
"plantada"", denunciou.
Flagrante
Mesmo
ferido e internado no hospital, Márcio Mendes foi autuado em flagrante
pelos crimes de tentativa de homicídio qualificado pelo emprego de arma
de fogo e porte ilegal de arma de uso restrito. O caso já foi
protocolado pela Polícia Civil na secretaria da 2ª Vara do Tribunal do
Júri para apreciação do Poder Judiciário. O corpo de Liliane Villas Boas
foi sepultado ainda na tarde de ontem, por volta das 16h30, no
Cemitério Jardim da Paz, na MA-201 (Estrada de Ribamar).
Na
madrugada de domingo (19), a Polícia Civil já havia prendido, na Cidade
Operária, outro homem apontado como principal fornecedor de armas de
fogo, de médio e grosso calibre, da facção criminosa intitulada Bonde
dos 40. Marcos Antônio Viana de Jesus, conhecido como Marcola, de 29
anos, foi surpreendido em casa, no Residencial Alberto Franco. Com ele,
os policiais apreenderam um revólver calibre 38 e uma pistola calibre
380. Em companhia do quadrilheiro estava um adolescente de 16 anos que
foi apreendido. Na casa do jovem foram encontrados outro revólver
calibre 38, um fuzil calibre 7.62, além de 15 trouxinhas de crack.
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