Sem transporte público para se locomover, população teve o lazer prejudicado ontem.
Foto: De Jesus
Bar localizado na praia do Olho d´Água ficou vazio
O fim de semana sem ônibus, devido à greve dos rodoviários, afetou o
movimento em praias de São Luís. Torcedores do Sampaio também tiveram
dificuldades para chegar ao Estádio Castelão, na tarde de sábado, para
assistirem ao jogo do time contra o Ceará. A paralisação completa 12
dias hoje. O movimento grevista teve início no dia 22, com redução da
frota nas ruas. Mas desde terça-feira nenhum ônibus do transporte
público circula na cidade. Sem perspectiva de acabar, a greve continua
hoje, já que nenhum acordo foi firmado entre trabalhadores, empresários e
Prefeitura de São Luís.
O presidente do Sindicato
dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Estado do Maranhão
(Sttrema), Gilson Coimbra, informou, na noite de ontem, que não havia
ainda nenhuma reunião de tentativa de acordo marcada para hoje. Ele
também não estipulou prazo para o fim do movimento. “A greve continua
amanhã [hoje], com paralisação total”, informou.
Nove
tentativas de acordo já foram feitas, mas a categoria não aceitou
nenhuma proposta, nem mesmo as apresentadas pelo Tribunal Regional do
Trabalho (TRT), em reunião na sexta-feira. Desde a semana passada, os
trabalhadores descumprem decisão da Justiça do Trabalho que determinou a
circulação de 70% nos horários de pico e de 30% no restante do dia, sob
pena de multa diária de R$ 96 mil. A greve afeta 750 mil passageiros na
capital maranhense, segundo a Prefeitura.
Por
meio de sua Assessoria de Comunicação, o Sindicato das Empresas de
Transporte de Passageiros de São Luís (SET) informou que continua sem
nenhuma condição de atender os rodoviários e precisa da interveniência
da Prefeitura para resolver o impasse.
Lazer
prejudicado – Se de terça a sexta-feira a população tever dificuldades
para chegar ao local de trabalho, no fim de semana o lazer ficou
prejudicado. Os usuários que dependem do transporte coletivo têm se
submetido a esperas de duas a três horas para conseguir embarcar em
lotações do sistema alternativo, vans e micro-ônibus e até veículos
clandestinos. Além dos contratempos, estão gastando mais porque, em vez
dos
R$ 2,10 da passagem do ônibus, estão pagando até R$ 5,00 por viagem nos veículos alternativos.
A
Praia do Olho d’Água, que nos fins de semana costuma receber um grande
número de banhistas – a maior parte deles usuários do transporte
coletivo –, estava praticamente vazia no início da tarde de ontem.
Poucas pessoas desfrutavam do domingo ensolarado na areia e no mar. A
garçonete Cleidiomar Pinheiro, 37 anos, que trabalha na Barraca 3
Irmãs,
reclamou do movimento fraco. “Sem ônibus, ninguém vem para cá. É a
praia mais próxima de bairros da periferia, das pessoas que geralmente
não têm carro”, disse.
Na Barraca Capitão do Mar,
poucas cadeiras foram colocadas na areia. “O restante das mesas ficou
guardado. Só apareceram três famílias até agora. Não terei o trabalho de
colocar as cadeiras e tirar tudo novamente, se os clientes não puderam
chegar por causa da falta de ônibus”, explicou o proprietário do
estabelecimento, Marcelo da Costa.
Torcida
atrasada – No jogo do Sampaio Corrêa contra o Ceará no sábado, o
movimento no Estádio Castelão foi grande, mas muitos torcedores tiveram
dificuldades de locomoção. Foi o caso de Rubem de Jesus Silva Barros,
que ia caminhando da Alemanha para o Outeiro da Cruz na companhia de um
irmão e de um amigo. Por sorte, o trio conseguiu carona de outro
torcedor, Airton Reis, que seguia em seu carro pela Avenida dos
Franceses, com o filho Aírton Reis Júnior.
Apesar
dos caroneiros e do sistema de transporte espontâneo que surgiu com o
início da greve, sem os ônibus, o caminho para o estádio ficou
engarrafado. Muitos torcedores tiraram os carros da garagem para chegar
ao Castelão, o que gerou aumento no número de veículos circulando pelas
avenidas do entorno e, consequentemente, congestionamento e atraso na
entrada da torcida.
Usuários prometem acampar no TRT-MA
A
Associação Comunitária de Moradores do Bairro do Monte Castelo
ingressou com um mandado de segurança no Tribunal Regional do Trabalho
(TRT) para garantir que pelo menos 50% da frota dos ônibus circule
durante a greve dos profissionais do transporte público. A paralisação
já dura 12 dias e está prejudicando moradores, estudantes e a comunidade
em geral. Comunidades ameaçam acampar em frente à sede do TRT para que o
impasse seja resolvido e a circulação de ônibus, normalizada.
Segundo
o presidente da Associação de Moradores do Monte Castelo, Fernando de
Azevedo Vale, a população não pode ficar prejudicada porque os
trabalhadores do sistema de transporte coletivo resolveram entrar em
greve por tempo indeterminado, até que o sindicato patronal conceda
aumento à classe trabalhadora. Ele disse ainda que o movimento está
prejudicando mais de 800 mil usuários diariamente, que dependem única e
exclusivamente desse serviço essencial.
Ele
informou ainda que o movimento é articulado por líderes de diversos
grupos comunitários e que, caso não seja resolvido o impasse, as
associações prometem acampar na porta do TRT para que possa ser dada por
encerrada a greve. “É uma greve ilegal parar 100% da frota da Região
Metropolitana de São Luís”, afirmou.
Saiba mais
Os
rodoviários reivindicam reajuste salarial de 11% (antes eles
pleiteavam 16%), aumento no valor do tíquete-alimentação, que passaria
de
R$ 429,00 para R$ 600,00, inclusão de um
dependente no plano de saúde e seguro de vida obrigatório no valor
mínimo de 10 vezes o valor do salário, conforme determina a Lei Federal
12.619/2012, que regulamenta a profissão de motorista.
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