Karina Trevizan e Marta CavalliniDo G1, em São Paulo
A ação da Petrobras na bolsa de valores atingiu nesta segunda-feira
(18) seu menor valor desde 2003, de acordo com a Economatica, e terminou o dia cotada a R$ 4,80.
No ano, dos 10 pregões fechados de 2016, os papéis fecharam 9 em queda.
As ações vêm sendo pressionadas pelos desdobramentos da operação Lava
Jato, além da queda do preço do petróleo e do plano de investimentos da companhia até 2019.
Para o investidor, a desvalorização das ações da Petrobras
tem gerado questionamentos sobre o que fazer com os papéis já
adquiridos. Por outro lado, há também a dúvida comum entre quem ainda
não tem ações da estatal: com o valor em baixa, é hora de comprar?
Operador acompanha ações da Bovespa, em São Paulo (Foto: REUTERS/Paulo Whitaker)
Veja abaixo a opinião de especialistas ouvidos pelo G1
sobre o assunto. As respostas foram elaboradas com informações de
Rafael Schiozer, professor da FGV/EAESP, e Adriano Gomes,
sócio-consultor da Méthode Consultoria.
“Se alguém pretende comprar agora, deve saber que é um investimento de
muito risco. O preço pode tanto subir muito quanto cair muito. Pode ser
uma boa hora, mas com o devido cuidado porque o investidor pode perder
muito dinheiro nessa operação”, diz Rafael Schiozer.
Ele afirma que o negócio pode ser vantajoso apenas “se for um capital
que o investidor está disposto a usar apenas para ‘ver o que vai dar’”.
“Mas tem que estar consciente de que ele pode perder quase tudo ou, no
limite, tudo”, afirma Schiozer, acrescentando que “tudo depende não só
da situação econômica da pessoa, mas também do estômago para suportar
riscos.”
Já Adriano Gomes diz que nenhum analista recomenda atualmente a compra de ações da Petrobras. Segundo ele, a recomendação é vender. “Porque amanhã pode a ação estar em R$ 4,60. Analistas de praticamente todas as corretoras que eu consulto recomendam fortemente as vendas das ações”, diz.
Já Adriano Gomes diz que nenhum analista recomenda atualmente a compra de ações da Petrobras. Segundo ele, a recomendação é vender. “Porque amanhã pode a ação estar em R$ 4,60. Analistas de praticamente todas as corretoras que eu consulto recomendam fortemente as vendas das ações”, diz.
De acordo com Gomes, para quem comprou ação da empresa no pico próximo
de R$ 40 entre 2007 e 2008, ao ver o valor cair a R$ 5, o investidor
perdeu 2,2% a cada mês. “Se tivesse bom senso na hora que já encontrou
perda de 10% de suas ações teria abandonado o barco naquele momento”,
diz.
Já Schiozer afirma que, “para quem comprou há muito tempo, talvez não seja o melhor momento para vender”. “Para quem perdeu muito dinheiro, talvez esperar mais um pouco seja a melhor coisa a fazer, a não ser que a pessoa esteja precisando de dinheiro ou não tenha condições psicológicas de olhar o valor do dinheiro decrescendo.”
Já Schiozer afirma que, “para quem comprou há muito tempo, talvez não seja o melhor momento para vender”. “Para quem perdeu muito dinheiro, talvez esperar mais um pouco seja a melhor coisa a fazer, a não ser que a pessoa esteja precisando de dinheiro ou não tenha condições psicológicas de olhar o valor do dinheiro decrescendo.”
Gomes diz que, por mais que as ações da empresa estejam operando com
volatilidade (na semana passada, por exemplo, caiu a R$ 5,23 num dia e
no outro teve alta de 8%), é preciso cautela. “Isso é bom para quem é
investidor profissional e está ligado constantemente nos monitores das
ações”, ressalta.
“O cenário é nebuloso, pode aguardar para ver. Qualquer tipo de previsão que se faça hoje, amanhã pode ser destruída dado o ambiente caótico em que se vive. Pode cair para R$ 4,80 ou disparar como foi na semana passada”, diz o especialista.
“O cenário é nebuloso, pode aguardar para ver. Qualquer tipo de previsão que se faça hoje, amanhã pode ser destruída dado o ambiente caótico em que se vive. Pode cair para R$ 4,80 ou disparar como foi na semana passada”, diz o especialista.
Schiozer diz que “nunca é um bom negócio comprar ações num curto prazo.
Ações por definição deveriam ser um investimento de longo prazo. Claro
que tem gente que ganha dinheiro no curto prazo, e não tem nada de
errado nisso. Mas principalmente as pessoas físicas que não são
profissionais do ramo deveriam pensar em ações como um investimento de
longo prazo”.
Schiozer explica que o preço das ações é como uma balança: de um lado,
pessoas achando que o valor vai cair e querendo vender. De outro, as que
acham que vai subir e, por isso, querem comprar. Não é possível dizer
quem está certo e quem está errado. “Se o petróleo continuar caindo ou
se o governo não conseguir reduzir os investimentos da empresa e vender
ativos, o preço pode cair ainda mais”, diz.
Ações por definição deveriam ser um investimento de longo prazo"
Rafael Schiozer, professor da FGV/EAESP
Já Gomes afirma que não há perspectiva de melhora. “Muitos analistas
preveem que a Petrobras sofrerá processos nos EUA de grande volume [a
estatal tem ações na bolsa de Nova York e Madri]. Quem comprou ações lá
achando que a empresa teria uma boa governança se sentiu traído. O
mercado nos EUA é muito regrado e a Justiça tem sido implacável com má
gestão. A imagem da empresa é de gestão fraudulenta. E como uma empresa
que sofreu corte de investimentos vai cobrir os gastos com essas ações
judiciais?”, questiona.
Outro ponto levantado pelo especialista é que com o preço de venda do
barril do petróleo Brent na casa dos US$ 30 e o custo de extração do
barril no pré-sal a US$ 35, a operação fica inviável. No início do mês, a Petrobras reafirmou a viabilidade técnica e econômica do pré-sal "mesmo considerando o atual cenário adverso dos preços do petróleo".
“Há pessoas comprando ações com o valor em R$ 5 esperando uma valorização lá na frente, mas não em função da recuperação dos preços do petróleo, mas de lucro de contrato barato e venda de gasolina cara lá na ponta”, diz Gomes. “Não se entra num mercado em momentos de turbulências, já é incerto por natureza e agora está caótico”, afirma.
“Há pessoas comprando ações com o valor em R$ 5 esperando uma valorização lá na frente, mas não em função da recuperação dos preços do petróleo, mas de lucro de contrato barato e venda de gasolina cara lá na ponta”, diz Gomes. “Não se entra num mercado em momentos de turbulências, já é incerto por natureza e agora está caótico”, afirma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário