Setor, que gera 180 mil empregos diretos, representa 4% do PIB e é responsável por 25% do saldo comercial do país
Por Em Movimento
Vocação do Brasil desde o período colonial, a mineração mantém sua força
no século 21. Aliado à indústria extrativista, ela representa 4% do Produto Interno Bruto
(PIB) e contribui com 25% do saldo comercial brasileiro,
segundo o Ministério de Minas e Energia. Foram exportados US$ 46,4
bilhões em 2017, com um superávit de US$ 23,4 bilhões. “O Brasil é uma potência mineral,
só que os brasileiros não sabem disso”, sentencia o
diretor de Assuntos Ambientais do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Rinaldo Mancin.
O Brasil conquistou essa posição no setor por ser um país de dimensões continentais e
geologicamente privilegiado, além de ter grande
disponibilidade de recursos naturais. O destaque da área mineral se reflete também na
movimentação do mercado de trabalho. As 10 mil minas do
país – 87% delas de micro e pequeno porte – geram 180 mil empregos
diretos e mais 2,2 milhões de empregos indiretos em todo o país.
O minério de ferro é um dos produtos que ajudam a alavancar esse desempenho.
Ele sozinho representa 8,82% do total das exportações brasileiras, atrás apenas da soja.
Outros minerais também projetam o país
no Exterior. O Brasil se tornou a principal fonte de nióbio – importante para setores de alta
tecnologia, como a área aeroespacial –, com mais de 90%
da disponibilidade do planeta. Terceiro exportador global da grafita, o país
tem potencial para assumir a dianteira no ranking desse produto nos
próximos anos. “Ela é essencial para as baterias de carros elétricos e, com
a proliferação deles prevista para 2030, está tendo uma ‘corrida do ouro’,
mas para a grafita”, comenta o chefe do Departamento de Engenharia de
Minas e de Petróleo da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
(USP), professor Giorgio de Tomi.
Crescimento sustentável
Além da importância econômica, a mineração pode ser uma ferramenta de crescimento
sustentável para regiões isoladas. De Tomi explica que, no passado, era comum que os
mineradores chegassem em um local antes de qualquer organização social, que só vinha
de forma aleatória depois de o território já ter sido explorado. Agora, segundo ele, é
fundamental que se
use a potencialidade mineral de uma região para estimular seu desenvolvimento, criando
infraestrutura para a população local. “Tem que se preocupar como a mineração pode ajudar
a vencer desafios sociais”,
comenta. Ele usa o exemplo da energia elétrica, fundamental para as mineradoras, que,
em vez de levarem um transformador para seu uso,
poderiam ser incentivadas a construírem usinas solares fotovoltaicas.
Isso também incentivaria a atenção a uma preocupação quando se fala
em exploração mineral: os impactos naturais da atividade. O professor reconhece que
um trabalho incorreto pode ter um resultado desastroso
para a natureza, mas a observação às leis e à regulamentação ajuda a
evitar esse passivo.
De Tomi ainda lembra da importância da fiscalização. Por serem
concessões governamentais, os garimpeiros e mineradores devem ser
cobrados para que usem os recursos de maneira racional e que cumpram regras
importantes, como o desenvolvimento de um plano de fechamento
das minas, previsto em lei, mas geralmente deixado apenas para o final
da extração. “O plano tem que começar no primeiro ano de operação”,
defende.
Para desenvolver o setor, outro desafio é o déficit brasileiro em
infraestrutura. “O bem mineral tem rigidez locacional, só acontece naquele
lugar específico
por sua característica geológica. Temos aí o desafio logístico, de melhoria
nas rodovias, hidrovias, e principalmente nas ferrovias”, aponta a gerente
de Pesquisa e Desenvolvimento do Ibram, Cinthia Rodrigues. “É um setor
que movimenta bilhões. Acreditamos que se a logística se desenvolvesse,
poderia melhorar ainda mais”, destaca.
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