Cerca de 40t de peixes morreram após passagem da 'água preta' em Salto.
Cetesb diz que chuvas fortes causaram problema; município pagará.
A quantidade de peixes que morreram no rio Tietê, em Salto (SP), após a
passagem da "água preta" só será totalmente reposta daqui a quatro
anos, segundo o biólogo Welber Smith. A mancha escura, que dominou cerca
de 100 Km do rio no último dia 27, matou 40 toneladas de peixes de
diversas espécies.
Milhares de peixes morreram em Salto após água
preta (Foto: Arquivo Pessoal/Paulo Conti)
preta (Foto: Arquivo Pessoal/Paulo Conti)
"Para repor o número de peixes, vão no mínimo três piracemas [época de
reprodução desses animais]. Não dá para estimar o tamanho do impacto
ambiental. Esses peixes serviriam de alimento para outros animais, que
serviriam de alimento para outros e assim por diante", diz o biólogo.
Segundo ele, cada casal de curimbatás - espécie mais comum no Tietê -
poderia dar origem a até 20 mil novos peixes na época de reprodução.
Porém, ele afirma que a piracema deste ano será afetada negativamente
pelo fenômeno da água escura. "Vai prejudicar a reprodução e
recrutamento de novos indíviduos", explica Smith.
Além do prejuízo ambiental, o município de Salto
deve pagar todas as despesas relacionadas ao fenômeno. A prefeitura
informou que vai cobrar das autoridades competentes uma investigação
aprofundada sobre o que realmente ocorreu.
A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) informa que o
fenômeno da água preta foi provocado por resíduos que estavam
acumulados no solo e no leito do rio, trazidos à tona com as chuvas que
atingiram a região. Na tentativa de buscar oxigênio em água limpa, os
peixes migraram para o córrego do Ajudante, afluente do rio Tietê, com
aproximadamente um quilômetro de extensão, mas não conseguiram
sobreviver.
O secretário de meio ambiente da cidade, João de Conti Neto, diz que
não acredita na explicação da Cetesb. "São vários dados que nós estamos
levantando: a precipitação de que choveu em São Paulo, o tempo que
passou por aqui, incidência em outras cidades, localização de barragens,
é um trabalho detalhado. Por isso, amanhã vamos protocolar no
Ministério Público aqui em Salto para ajudar o promotor a investigar
melhor o caso", explica o secretário.
Estiagem revelou toneladas de lixo e garrafas pet
no Tietê, em Salto (Foto: Reprodução/TV TEM)
no Tietê, em Salto (Foto: Reprodução/TV TEM)
O município já pagou por outros prejuízos ambientais. Em julho deste
ano, quase 11 toneladas de lixo foram retiradas do rio após o longo
período de estiagem. Materiais como garrafas pet, embalagens e outros
resíduos apareceram depois que o nível da água baixou oito metros.
De acordo com o prefeito, Juvenil Cirelli, os problemas vêm de São
Paulo e de outras cidades do Alto Tietê. Para ele, não é justo que o
município pague por todos os problemas. "A partir da mesma documentação
que nós estamos montando para fazer esse trabalho [de investigação] a
nível de Salto, nós vamos levar para outras instâncias superiores: a
Secretaria de Recursos Hídricos, o Governo do Estado, enfim, onde for
possível", diz Cirelli.
O caso foi encaminhado ao Ministério Público, que deu um prazo de 30
dias para a Cetesb apresentar um relatório sobre o suposto fenômeno que
deixou o rio preto.
Peixes mortos foram retirados do Tietê e de afluentes (Foto: Reprodução/TV TEM)
Água preta tomou o rio Tietê em Salto (Foto: Helena Lucila/TEM Você)
Rio Tietê em outro dia com a água limpa (Foto: Rafaela Paes/ Arquivo Pessoal)
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