'O carro da minha vida' destaca sedã que transportou João Paulo II no Rio.
Proprietário viu pela TV, aos 7 anos; em 2013, pôs o modelo na garagem.
Castello Branco com a família e a 'relíquia' (Foto: Sergio Castello Branco/VC no G1)
Em julho de 1980, Sergio Castello Branco era um dos milhares de
telespectadores que acompanhavam pela TV a primeira visita do papa João
Paulo II ao Brasil. Ele tinha apenas 7 anos, mas diz que o fato o
marcou. O garoto só não imaginava que, 33 anos depois, se tornaria dono
de um dos carros que transportaram o papa naqueles dias, um Ford Landau 1979 preto.
QUAL O CARRO OU MOTO DA SUA VIDA? MANDE RELATO E FOTOS AO G1
O Landau 1979 preto foi comprado em 2013
(Foto: Sergio Castello Branco/VC no G1)
(Foto: Sergio Castello Branco/VC no G1)
Antes de adquirir a relíquia, Castello Branco, que mora em Teresópolis
(RJ), cultivou o gosto por carros antigos, acompanhando encontros na
região. Em 2004, comprou um Chevrolet Opala SS 1978, cor prata.
"Era um sonho de criança. Um vizinho tinha, via chegar, imponente,
chamando a atenção. Comecei a estudar o carro e fui ficando cada vez
mais interessado", conta. Depois vieram os Volkswagen Passat 1988,
Parati GLS 1993, Gol GTS 1994 e Saveiro Summer 1995.
"Filho" da "família" Galaxie e produzido no Brasil, o Landau não estava
nos planos de Castello Branco. "Nunca pensei em ter um. Sempre achei um
carro muito grande, sou de estatura mediana para baixa, 1,65 m, nunca
me senti muito à vontade num carro grande", diz.
Mas, em 2011, um amigo contou a ele que existia um "papamóvel" à venda.
O administrador de empresas descobriu que se tratava do Landau que
havia transportado o papa em 1980, no Rio, e que pertencia ao
ex-presidente da Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA), José
Aurélio Affonso Filho.
Carro é um dos mais luxuosos produzidos no Brasil (Foto: Sergio Castello Branco/VC no G1)
2 anos de negociaçãoApesar de "não ser católico fervoroso", Castello Branco, hoje com 40 anos, se encantou com a possibilidade de ter o automóvel onde levou João Paulo II andou. "Foi uma figura influente, carismática, uma pessoa muito importante." E ele, então, entrou em contato com a filha do dono. Ali começou "uma longa e maravilhosa negociação", como descreve o administrador. Detalhe: isso durou 2 anos.
"Ela era muito ocupada, era difícil o contato. Levei quase 1 ano pra conseguir ver o carro, que estava aqui mesmo em Teresópolis", conta. "Aí foi mais 1 ano até fechar negócio."
Ele só não revela quanto pegou pelo veículo. "Esse assunto é como um conclave", brinca.
Placa no para-choque, colocada por ex-dono, lembra visita papal (Foto: Sergio Castello Branco/VC no G1)
ModificaçõesCastello Branco conta que o carro teve pequenas modificações para abrigar o papa. "Foi melhorado o sistema de refrigeração (do motor). Os bancos foram revestidos em couro, foi colocado um apoio para os pés e alças nas costas do banco da frente", enumera. "A plaquinha no para-choque foi o presidente da federação que colocou, pois tinha intuito de fazer um museu com os carros que tinha."
O novo dono não sabe por quantas pessoas o carro passou antes de
Affonso Filho e dele. "Teve uma ou duas pessoas; em 1980, parece que era
de um fazendeiro do RJ, que deu o carro para o governo." Com um
"pequeno" tanque de 107 litros, brinca Castello Branco, ele acredita que
o sedã esteja com 112.000 km rodados.
Com 5,413 m de comprimento --maior que as picapes cabine dupla mais
vendidas no Brasil-- e 1,99 m de largura, a fama de luxuoso do Landau
superou a de "beberrão". Não à toa era escolhido por executivos, famosos
e autoridades; foi até carro de presidente no Brasil. Um outro Galaxie
foi usado por João Paulo II, também em 1980, em Curitiba, ganhando teto
solar para que o papa pudesse ficar de pé e saudasse os fiéis.
O modelo saiu de linha em 1983, quando era a única versão do Galaxie
ainda à venda. Oficialmente, seu substituto foi o Ford Del Rey.
O sedã já vinha com direção hidráulica e ar-condicionado (Foto: Sergio Castello Branco/VC no G1)
'Banheira', nãoO proprietário se surpreendeu com a dirigibilidade do Landau equipado com câmbio automático e motor V8 302 de 5 litros com 199 cavalos de potência 199 CV, e pesando 1.838 kg.
"Não é difícil (dirigir), pelo contrário. A direção é hidráulica, muito leve, você move com um dedo. É mais gostoso do que um carro atual, é extremamente confortável. A impressão é de estar em uma nave", descreve. "Claro que, para entrar em uma vaga, dificulta mais."
Castello Branco avisa que nenhuma de suas relíquias está à venda. Para o dia a dia, ele tem um carro atual, "mas, sempre que possível, eu saio com os outros, tenho mais prazer de dirigir".
Modelo deixou de ser produzido em 1983 (Foto: Sergio Castello Branco/VC no G1)
Banco foi revestido em couro para João Paulo II (Foto: Sergio Castello Branco/VC no G1)
Também foram instalados apoios para os pés e alças (Foto: Sergio Castello Branco/VC no G1)
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