Dados são de 2013, quando a perda foi de 6,5 bilhões de m³ de água.
Região Norte tem maior taxa de água não faturada, diz Instituto Trata Brasil.
Mais de 6,5 bilhões de metros cúbicos de água tratada foram
desperdiçados no país em 2013, o que equivale a uma perda financeira de
R$ 8,015 bilhões ao ano, aponta estudo do Instituto Trata Brasil. Tais
perdas correspondem a cerca de 80% dos investimentos em água e esgoto
realizados em 2013, de acordo com a entidade.
O volume de água tratada não contabilizada pelas empresas de saneamento
do país corresponde a 39,1% do total produzido no país e a 6,5 vezes a
capacidade do Sistema Cantareira, que abastece a Grande São Paulo, sem
considerar as reservas técnicas.
Na projeção do estudo, se em cinco anos houvesse uma queda de 15% nas
perdas no Brasil – ou seja, de 39,1% para 33% –, os ganhos totais
acumulados em relação ao ano inicial seriam de R$ 3,85 bilhões.
O estudo do Trata Brasil utiliza os dados mais recentes do Ministério
das Cidades sobre perdas de água no Brasil, que são de 2013. O índice de
perdas de faturamento avalia o quanto da água produzida pelo sistema de
abastecimento não foi faturado pelas empresas responsáveis. Essa água é
tanto a que é desperdiçada na tubulação, quanto a utilizada de forma
irregular através de ligações clandestinas e fraudes – e que, portanto,
não é cobrada.
Considerando as regiões do país, a com o índice mais baixo é a Sul, com
34,7%. Já a Norte tem o percentual mais elevado: 60,6%, muito acima da
média nacional. "O Norte tem os piores indicadores de saneamento. É uma
região que descuidou do setor. Tem a maior capacidade hídrica do país e
usa os rios para diluir os esgotos", diz Édison Carlos, presidente
executivo do Instituto Trata Brasil.
Evolução baixa
Ao comparar os dados de 10 anos do país, o estudo aponta que o indicador de perda de faturamento evoluiu pouco: passou de 42,2% em 2004 para 39,1% em 2013. Segundo Carlos, a evolução tímida se deu por descaso. "A gente viveu até hoje com a sensação de ter muita água, então nunca ninguém olhou esse indicador com cuidado. Apesar de isso ser algo absurdo, pois é uma perda financeira, já que uma empresa que perde 30%, 40% da água que trata perde dinheiro também", diz.
Ao comparar os dados de 10 anos do país, o estudo aponta que o indicador de perda de faturamento evoluiu pouco: passou de 42,2% em 2004 para 39,1% em 2013. Segundo Carlos, a evolução tímida se deu por descaso. "A gente viveu até hoje com a sensação de ter muita água, então nunca ninguém olhou esse indicador com cuidado. Apesar de isso ser algo absurdo, pois é uma perda financeira, já que uma empresa que perde 30%, 40% da água que trata perde dinheiro também", diz.
Vazamento de água em rua de São Paulo (Foto:
Victor Moriyama/G1)
Victor Moriyama/G1)
Do mesmo modo, o índice de perdas na distribuição – ou seja, o quanto
da água tratada não foi consumida no sistema de abastecimento por causa
de desperdícios – passou de 45,6% para 36,9%. Mesmo com uma queda maior,
o instituto avalia que os níveis ainda não estão em um patamar
adequado. "A queda é positiva, mas ainda é um absurdo trabalhar com
níveis de 37% no país. Países desenvolvidos trabalham com média de 15%",
afirma Carlos.
Segundo o presidente do instituto, a esperança é que a atual crise
hídrica que o país está enfrentando seja um "divisor de águas". "Essa
crise pode servir para colocar pressão não apenas nas empresas, para que
haja uma troca das redes antigas de água, mas também nos prefeitos, que
são responsáveis pelas concessões de serviço; nos governadores, que
precisam passar metas mais ousadas para as empresas estaduais; e no
governo federal, que tem que pressionar para conseguir indicadores
melhores."
Perda financeira
Evolução do percentual de água não faturada no país
Fonte: SNIS
O estudo ainda aponta três cenários possíveis de redução dos índices de água desperdiçada e não cobrada. O primeiro, otimista, alcança perdas de 15% em 2033; o segundo, de base, atinge 20%; e o terceiro, conservador, chega a 25% em 20 anos.
O trabalho indica que os ganhos nos cinco primeiros anos já seriam significativos. Mesmo no cenário mais conservador, o montante seria de R$ 3,85 bilhões. No cenário base, o ganho bruto com a redação de perdas até 2033, considerando aumento das receitas e redução dos custos de produção, pode chegar a R$ 53,47 bilhões.
"Mesmo o cenário base precisa de um grande esforço para ser realizado. É um desafio grande, precisa ter foco e planejamento anual das empresas e das esferas de poder envolvidas", diz Carlos. "E, claro, a população deve manter seu papel fiscalizatório, sempre atenta aos vazamentos para poder cobrar."
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