Guilherme Brito
Do G1 Rio
'Ela me ajudou a passar', diz policial, em barreira contra passagem de ato.
Professora ficou emocionada: 'É um misto de alegria e tristeza'.
PM Ronny e sua ex-professora Virgínia se abraçam no protesto (Foto: Guilherme Brito / G1)
O protesto de professores iniciado no início da tarde na Zona Sul do
Rio chegou à Rua Pinheiro Machado, onde fica a sede do governo do Rio de
Janeiro, e parou em uma barreira policial, por volta das 14h30. Dois
representantes de lados "opostos" se reconheceram em meio ao conflito.
De um lado, Ronny Pessanha, um PM, que impede o protesto de avançar até o
Palácio Guanabara. Do outro, Virgínia Azambuja, sua ex-professora de
matemática do Colégio Estadual André Maurois, no Leblon, que tenta
passar pela corrente. Em vez de conflito, os dois preferiram um abraço.
"Ela foi a minha professora e me ajudou a passar de ano", disse o PM.
Emocionada, Virgínia contou que encontrá-lo foi uma surpresa: "São os
dois lados da sociedade se encontrando. É um misto de alegria e tristeza
de duas forças que hoje estão opostas, mas que tinham uma relação
amigável."
Protesto pacífico
Professores e funcionários das redes estadual e municipal de educação iniciaram um protesto por volta das 13h. Às 18h20, o grupo começou a deixar a Pinheiro Machado, rumo ao Largo do Machado, dando fim ao protesto pacífico, às 18h30. Os profissionais estão em greve desde o dia 8 de agosto. Na manhã desta quinta, os servidores da Faetec aproveitaram o ato para votar pela continuidade da greve.
Cerca
de 150 pessoas fizeram, na manhã desta quinta-feira (10), uma
concentração no Largo do Machado, na Zona Sul do Rio, de onde partiram
em passeata rumo ao Palácio Guanabara (Foto: Alexandre Vieira/Agência O
Dia/Estadão Conteúdo)
Em função da manifestação, até as 18h o trânsito estava interditado na
Rua Pinheiro Machado, em Laranjeiras. Também havia reflaxos nas ruas das
Laranjeiras e do Catete, que estavam com trânsito lento.
Ativistas impediram que um carro do Batalhão de Choque passasse, na tentativa de liberar o trânsito, e o veículo recuou.
Por volta das 13h30, houve um princípio de confusão entre policiais
militares e manifestantes. Um grupo que estava colando cartazes e
pichando tapumes de uma agência bancária na Rua das Laranjeiras discutiu
com PMs que impediram a ação.
No mesmo horário, o grupo caminhava em direção ao Palácio Guanabara.
Segundo os profissionais, o objetivo é seguir até a sede do governo
estadual e depois até o Palácio da Cidade, em Botafogo, sede do poder
municipal.
Professores começaram manifestação no Largo do Mchado, na Zona Sul do Rio (Foto: Guilherme Brito / G1)
Em assembleia realizada na quarta-feira (9), os professores da rede
municipal do Rio também decidiram pela continuidade da greve. "A greve
continua, prefeito a culpa e sua", foi a afirmação feita pelos
professores e funcionários municipais durante a votação na assembleia.
Sobre a segurança da categoria durante os atos, a coordenação do
Sindicato Estadual de Professores do Rio (Sepe) afirmou que a categoria
ficará mais atenta aos infiltrados nas manifestações. "A gente vai
observar melhor e ficar de olho nos infiltrados, inclusive policiais a
paisana, para estimular a violência. Nossa categoria é mais feminina,
estamos orientando para tomarem mais cuidado com a segurança. A gente
respeita todos os apoios. A questão do reajuste salarial não é nosso
foco principal e sim a questão pedagógica", afirmou Marta Moraes,
coordenadora do sepe.
Professores levam faixas para o protesto.
(Foto: Guilherme Brito/G1)
(Foto: Guilherme Brito/G1)
Violência nos protestos
O Sindicato dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe-RJ) informou
nesta quarta-feira (9) que, por causa da violência policial, os
professores estão com medo de participar das manifestações.
No entanto, o Sepe destacou que, apesar de não compartilhar com atos de
violência, aprova o apoio "incondicional" de outros segmentos da
população, como os Black Blocs. "Quanto aos Black Blocks, eu sou grato a
esses garotos", disse um dos professores. Eles afirmaram que, apesar de
utilizarem métodos diferentes, que o apoio à causa é bem-vindo.
O apoio a outros grupos foi declarado na quarta-feira pela coordenadora
do Sepe Susana Gutierrez. “A assembleia aprovou o apoio de todos
aqueles que queiram defender a luta em defesa da educação pública de
qualidade. (Entre eles) Black Blocs, ABI, OAB, entidades sociais,
movimentos sindicais. É importante a gente pontuar que é a assembleia
que organiza nossos atos. Nós não fazemos atos de violência”, disse.
Passeata
Na quarta-feira, após a assembleia, centenas de professores saíram em
passeata até a sede da prefeitura, na Cidade Nova, fechando ruas e
atrapalhando o tráfego. Os manifestantes chegaram lá por volta das 15h.
Segundo Ivanete Conceição da Slva, uma das coordenadoras gerais do
Sepe, há interesse em negociar, mas a responsabilidade é da prefeitura.
"A responsabilidade é do governo para que o ano letivo continue. Ainda
não temos uma proposta de reposição, mas garantimos que o conteúdo será
ensinado assim que as aulas sejam retomadas".
Paes pede que professores não 'radicalizem tanto' para greve terminar
Na tarde de terça-feira (8), representantes de conselhos dos
profissionais da educação se com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, para
conversar sobre a greve. A reunião ocorreu no Palácio da Cidade em
Botafogo, na Zona Sul. Segundo a assessoria do prefeito, apesar do
estado de greve, cerca de 91% dos professores já estão dando aulas nas
instituições. Paes confirmou o corte de ponto dos grevistas, que será
feito de forma retroativa desde o dia 3 de setembro.
Policiais utilizam gás de pimenta contra professores em greve que
participavam de protesto na entrada da Câmara de Vereadores do Rio de
Janeiro. (Foto: Alexandro Auler/Estadão Conteúdo)
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