Registro de carros, motos, caminhões e ônibus na capital segue crescendo.
Para especialistas, solução é investimento maciço em transporte público.
São Paulo tem média de 2,03 veículos por habitante (Foto: Arquivo/Paulo Toledo Piza/G1)
A frota da capital paulista chega a 8 milhões de veículos nesta segunda-feira (24), segundo projeção feita pelo G1
com base no número de novos emplacamentos diários feitos pelo
Departamento Estadual de Trânsito (Detran), que é de 723. O último dado
oficial do departamento é o balanço de abril, quando a frota da cidade
fechou em 7,98 milhões de veículos.
A nova marca evidencia a briga crescente por espaço nos 17 mil kms de
vias da cidade e, para especialistas, torna ainda mais importante o
investimento maciço em transporte público. Os números do Detran mostram
que todos os tipos de veículos seguem crescendo em São Paulo, desde
motos, ônibus e caminhões.
Frota de veículos em São Paulo por ano | |
---|---|
1980 | 1.604.135 |
1991 | 3.614.769 |
2000 | 5.128.234 |
2001 | 5.318.888 |
2002 | 5.491.811 |
2003 | 5.649.318 |
2004 | 5.807.160 |
2010 | 6.954.750 |
Fonte: Prefeitura de São Paulo e Detran |
O avanço do número de automóveis por pessoa é, porém, um dos quesitos
mais alarmantes. Em março de 2011, quando a frota da capital bateu a
casa de 7 milhões, a capital tinha aproximadamente um carro para cada
2,19 habitante se levadas em conta as projeções populacionais da
Fundação Seade. Hoje, essa relação baixou para 2,03.
Já no Brasil, essa proporção é de 4,1 habitantes para cada carro,
segundo os últimos dados disponíveis do Departamento Nacional de
Trânsito (Denatran) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
O avanço da frota ao longo dos anos tem impacto direto em problemas
como congestionamentos e acidentes. Também em uma comparação com 2011, o
trânsito no horário de pico foi nos primeiros quatro meses de 2015 foi
14% maior do que o verificado há quatro anos, chegando a picos de 109 km
de lentidão.
Segundo especialistas em transporte, é um problema crescente, apesar da
diminuição do trânsito se comparado com o ano passado em 16,3% -fato
atribuído à crise econômica. A Prefeitura de São Paulo credita a
melhoria no trânsito às obras de mobilidade da gestão Fernando Haddad
que estariam contribuindo para a redução do uso do automóvel na cidade.
Já em relação aos acidentes, o ano de 2014 teve 1.195 fatais, 7,2% mais
do que o ano anterior.
Investimento em transporte público
Para especialistas em transporte ouvidos pelo G1, não há outra solução que não investimento maciço em transporte público. “Gastar com pontes e túneis hoje em São Paulo é jogar dinheiro fora. Em um mês se exaure”, afirma o consultor Horácio Figueira.
Para especialistas em transporte ouvidos pelo G1, não há outra solução que não investimento maciço em transporte público. “Gastar com pontes e túneis hoje em São Paulo é jogar dinheiro fora. Em um mês se exaure”, afirma o consultor Horácio Figueira.
Frota da capital por tipo de veículo em abril de 2015 | |
---|---|
Leve 1* | 1.055.707 |
Leve 2** | 945.985 |
Automóvel | 5.689.453 |
Ônibus | 45.574 |
Caminhão | 154.605 |
Reboque | 83.851 |
Outros | 7.196 |
*leve 1: ciclomotor, motoneta, motocicleta, triciclo e quadriciclo | |
**leve 2: micro-ônibus, camioneta, caminhonete e utilitário | |
Fonte: Detran |
Ele cita o exemplo da Marginal Tietê, que teve faixas ampliadas em
2009, canteiros eliminados, e que teve um ganho de velocidade apenas por
um período, voltando a ser rapidamente um dos pontos caóticos do
trânsito da capital.
Segundo o especialista, não seria possível colocar mais de 1 milhão de
veículos ao mesmo tempo nos 17 mil km de vias de São Paulo, segundo
cálculos feitos por ele considerando o tamanho médio dos carros e a
malha viária da capital.
A opinião é semelhante à do professor área de transportes da Unicamp
Carlos Alberto Bandeira Guimarães, que compara a cidade de São Paulo a
um baile. "Vai chegando gente e o salão não aumenta de tamanho. O espaço
viário para circularem não cresce nessa proporção.”
Para ele, as melhorias trazidas por uma linha de Metrô ou um corredor
de ônibus são permanentes. Ele afirma que o investimento em faixas de
ônibus na atual gestão Fernando Haddad (PT), quando foram inaugurados
475,4 km de faixas e corredores de ônibus, teve o mérito de melhorar a
velocidade dos coletivos, tornando o serviço mais atrativo.
A Prefeitura de São Paulo, por sua vez, cita também os investimentos em
ciclovias como motivo da recente queda de lentidão no município – hoje
são 210 km. Bandeira Guimarães discorda que elas possam ter tido algum
efeito significativo no trânsito. "Melhora no trânsito de São Paulo, só
se houvesse uma grande melhoria e ampliação do transporte público num
projeto de médio prazo. “É preciso investimento em massa em transporte
público de qualidade", avalia.
Nesse mesmo sentido, Horácio Figueira lamenta a velocidade de
crescimento do Metrô de São Paulo, que é de cerca de dois quilômetros
novos por ano, menor do que outras metrópoles como Cidade do México.
Para ele, a saída mais rápida é a construção de corredores de ônibus.
Figueira opina também que a mudança precisa ser cultural. “As pessoas
já se acostumaram no padrão de conforto do carro, mesmo sofrendo duas
horas, a pessoa não vê outra alternativa”, diz.
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