Segundo líderes dos 17 maiores partidos da Câmara, haveria 258 votos contra afastamento
BRASÍLIA - Se a votação sobre o impeachment no plenário da Câmara
fosse hoje, a presidente Dilma Rousseff manteria seu mandato, caso os
deputados votassem segundo a avaliação das lideranças de seus partidos. O
GLOBO ouviu nesta quinta-feira os líderes dos 17 maiores partidos da
Casa. Segundo esse levantamento, Dilma teria hoje o respaldo de pelo
menos 258 dos 513 deputados, 86 votos a mais do que os 172 necessários
para se manter no poder.
Segundo esse levantamento, a oposição contaria com 182 adeptos. Os
votos dos 17 partidos cujos líderes aceitaram falar somam 454
parlamentares.
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Embora
os números sejam absolutos, as certezas, como disse um deputado, são
voláteis. Pelos cálculos dos líderes partidários, toda a oposição votará
a favor do impeachment: DEM, PSDB, Solidariedade e PPS somariam 99
votos. Dos partidos governistas, PT, PCdoB e PSOL já se posicionaram em
sua totalidade contra o impeachment. Junto com PDT e Rede, que disseram
que vão caminhar na mesma direção, Dilma já tem cem votos garantidos.
PMDB ESTÁ DIVIDIDO
De todos os partidos
ouvidos, só o PRB não quis fazer nenhum cálculo. Embora tenha um
ministério desde o início do segundo mandato de Dilma (Esporte, ocupada
por George Hilton), a infidelidade tem sido uma marca recorrente da
sigla. A maior incógnita é o PMDB do presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(RJ). O líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), embora
reticente em falar em números, tem uma estimativa:
— Eu diria que 60% dos peemedebistas são contra o impeachment, 20% a favor e outros 20% indefinidos.
No PR, outro partido da base aliada, mas cujos representantes votarão
contra a admissibilidade do processo para cassação do mandato de Cunha
no Conselho de Ética, o líder Maurício Quintela Lessa (AL) disse que
encaminhará o voto da bancada, de 34 parlamentares, contra o
impeachment, mas já adianta que pelo menos seis parlamentares devem se
manifestar a favor.
No
recém-criado Partido da Mulher Brasileira (PMB), o líder Domingos Neto
(CE) estimou que dois terços da bancada de 20 deputados serão contra o
impeachment, o que garantiria 12 votos para Dilma.
O PSD, outro partido que comanda um ministério (Gilberto Kassab, das
Cidades), calcula que um terço de seus representantes votarão contra a
presidente. Mas um deputado da legenda tem outro cálculo. Na opinião
dele, quando o processo chegar ao plenário, 80% do partido devem se
posicionar a favor do impeachment.
— Quem vai querer salvar o mandato da Dilma e depois nunca mais ser eleito? — questiona o parlamentar.
O PDT, que ganhou o Ministério das Comunicações na reforma
ministerial para garantir uma base mais sólida, disse que votará em peso
com o governo. A bancada pedetista tem 18 deputados.
— Vamos encaminhar para que o PDT feche questão — disse o ministro André Figueiredo.
COMISSÃO ESPECIAL É CRIADA
A Rede, com cinco
deputados, também fechou questão contra o impeachment. Há siglas
divididas, caso do PTB (que na campanha presidencial apoiou o tucano
Aécio Neves) e do PSB, com 33 parlamentares. A tendência da maioria do
PSB é votar a favor do impeachment. Há, porém, cerca de 12 deputados
ligados ao governo que devem fechar com Dilma. Eles são de redutos do
Nordeste, como Bahia e Pernambuco.
Ontem, foi criada a Comissão Especial que analisará o processo de
impeachment. Com 65 membros, será convocada, em sessão extraordinária,
segunda-feira. PT e PMDB indicarão oito membros cada. O bloco da
oposição (PSDB, PPS, SD e PSB) indicará 11 deputados. As bancadas terão
até as 14h de segunda-feira para indicar os membros da comissão. No
mesmo dia, às 18h, haverá sessão extraordinária para a votação dos
membros. Uma vez ratificada pelo plenário da Câmara, a comissão
escolherá, por voto secreto, o presidente e o relator.
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