Corrente majoritária do PT discute estratégias para barrar impeachment
SÃO PAULO e RIO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
deu aval para o PT assumir posição favorável à abertura de processo
contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Conselho de
Ética, o que deflagrou o processo de impeachment contra a presidente
Dilma Rousseff.
O cálculo, segundo integrante do PT, foi que não havia garantia de
que Cunha engavetaria o pedido de impeachment, mesmo que fosse salvo
pelos petistas que integram o Conselho de Ética. Lula e a direção do
partido também avaliaram que não poderiam continuar sendo chantageados
pelo presidente da Câmara. Teria pesado ainda na decisão a pressão da
militância e o desgaste para a imagem do partido.
— Aqueles que atribuíram a ele (Lula) a orientação sobre o que eu
fiz, eu acho ótimo. É bom estar sempre sintonizado com o Lula — admitiu
Falcão.
Em
reunião do diretório nacional do PT, no final de outubro, Lula havia
afirmado que a prioridade do partido deveria ser a aprovação das medidas
de interesse do governo na Câmara, como o ajuste fiscal, e não
“derrubar” Cunha.
— Não mudei de posição. Minha ideia era que tinha que priorizar
naquele instante as reformas que a Dilma precisava para a economia
voltar a funcionar. Depois de aprovar a reforma, você pode discutir
qualquer coisa porque a economia está funcionando. Se a economia não
andar, em casa que não tem pão, todo mundo briga e ninguém tem razão —
disse Lula ontem, após encontro com o governador do Rio, Luiz Fernando
Pezão (PMDB).
Para Falcão, “não há lógica” na avaliação de que a posição do partido significou um abandono do governo.
— O PT, o Lula e a Dilma são como a santíssima trindade. Não há
possibilidade de um querer se safar sacrificando o outro. A população,
corretamente, nos reconhece como partícipes do mesmo projeto.
As estratégias sobre como enfrentar o impeachment foram debatidas
ontem em uma reunião da corrente majoritária do partidário, a CNB, da
qual Lula faz parte.
— Acho que podemos tirar um impulso dessa situação. Agora, temos um
inimigo claro. A nossa base é contra o Cunha, não só por causa do
impeachment, mas pelas posições que ele defende e pelo que ele
representa — disse o presidente do PT de São Paulo, Emídio de Souza.
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