Andreia Verdélio / Agência Brasil
Realocação das famílias até o dia 24 de dezembro é uma das exigências feitas pelo MP à mineradora.
BRASÍLIA
- No dia de Natal (25), o rompimento da barragem de rejeitos da
mineradora Samarco, em Mariana (MG), completa 50 dias e quase todas as
famílias que tiveram suas casas atingidas pela lama já tem nova moradia.
Segundo o secretário adjunto de Desenvolvimento Social de Mariana, João
Paulo Paranhos, 263 famílias já estão em residências temporárias
alugadas pela Samarco.
A realocação das famílias até o dia 24 de
dezembro é uma das exigências feitas pelo Ministério Público à
mineradora. Das famílias que estavam em hotéis do município, 94% já
foram para essas casas. Os outros 6%, segundo Paranhos, ainda permanecem
em hotéis, porque não entraram em acordo com a empresa sobre o imóvel,
se recusam a sair por causa de conflitos familiares ou, ainda, aguardam a
construção de imóvel próprio.
A Samarco também deve pagar auxílio
financeiro que garanta o saque de um salário mínimo por mês, mais o
valor de uma cesta básica e 20% do salário mínimo por dependente.
Paranhos informou que nem todas as famílias já receberam o auxílio, mas
que ele será pago com valores retroativos ao dia da tragédia, 5 de
novembro.
“O que vai se discutir a partir de agora são as ações de
indenização e reconstrução das comunidades atingidas”, disse Paranhos,
explicando que os problemas emergenciais de ação humanitária estão
praticamente resolvidos.
A Arquidiocese de Mariana também está
promovendo ações para manter a união das famílias das comunidades
atingidas pela lama, fundamental para a busca da reparação dos direitos,
segundo o coordenador de Pastoral da arquidiocese, padre Geraldo
Martins Dias. Nesta quarta-feira (23) à noite, será realizada uma missa e
confraternização entre as famílias.
Representantes das dioceses
da Bacia do Rio Doce – Mariana, Itabira/Coronel Fabriciano, Caratinga,
Governador Valadares e Colatina - estiveram reunidos em Mariana, nessa
terça-feira (22), para discutir as ações em favor das populações dos
municípios atingidos nos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo e
as ações de recuperação ambiental ao longo da bacia do Rio Doce.
Segundo
o padre Geraldo, as dioceses querem acompanhar a ficha cadastral dos
atingidos para garantir que o cadastro seja pleno e ninguém fique de
fora. Os debates em torno da proposta do código de mineração e de um
marco regulatório para garantia de direitos de atingidos também são
importantes e serão acompanhados pela Igreja, disse o sacerdote.
O
maior acidente ambiental do país deixou 17 pessoas mortas; duas ainda
estão desaparecidas. De acordo com o capitão Thiago Miranda, do Corpo de
Bombeiros de Minas Gerais, as equipes continuam trabalhando na busca
pelos desaparecidos, fazendo varreduras após as chuvas, que ajudam a
revolver a lama.
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