Grupo simula desenvolvimento do cérebro para observar efeito de vírus.
Resultado de estudo do Rio, porém, ainda passa por revisão independente.
Tecido nervoso normal (A) e tecido infectado pelo zika (B); flecha mostra o vírus. (Foto: Rehen et. al/PeerJ)
Um estudo que simulou o desenvolvimento de cérebros humanos em
laboratório mostrou que o zika ataca neurônios em estágio de
desenvolvimento -- evidência mais forte até agora de que o vírus deve
estar por trás de casos de microcefalia no Brasil.
A conclusão saiu de um experimento em que cientistas da UFRJ
(Universidade Federal do Rio de Janeiro) e do Instituto D'Or criaram
neuroesferas -- também conhecidas como "minicérebros" -- pequenas
estruturas de neurônios criadas em suspensão em tubos de ensaio.
Neuroesferas são criadas a partir de células da pele de humanos
adultos, que são reprogramadas para regredir a um estágio similar a
células embrionárias e então recapitular o desenvolvimento humano.
Ao infectar essas estruturas com o vírus da zika, um grupo liderado
pelo biólogo Stevens Rehen observou que o patógeno afeta a formação dos
minicérebros.
"Nós mostramos que o ZIKV [vírus da zika] ataca células cerebrais
humanas, reduzindo sua viabilidade e o crescimento de neurosferas",
escreveram os autores em um estudo divulgado nesta quarta-feira (3).
"Esses resultados sugerem que o ZIKV impede a neurogênese [formação de
neurônios] durante o desenvolvimento cerebral humano."
O estudo do grupo de Rehen foi publicado na revista científica PeerJ,
ainda sem passar por um processo de revisão por um grupo independente --
praxe no meio acadêmico.
Caso seja confirmado, o estudo se soma a outras evidências científicas
parciais obtidas até agora para conectar o zika à microcefalia. Já se
sabe que o vírus é capaz de cruzar a placenta -- algo que o o vírus da
dengue não consegue -- por exemplo.
Quebra-cabeça
Um estudo de caso-controle -- que avalia efetivamente o risco de uma infecção por zika efetivamente causar microcefalia em um feto -- ainda está em andamento. Testes de infecção em camundongos também ainda não tiveram resultados revelados. A questão de por que algumas gestantes acabam tendo seus bebês afetados e outras não, além disso, ainda é uma dúvida que desafia cientistas.
Um estudo de caso-controle -- que avalia efetivamente o risco de uma infecção por zika efetivamente causar microcefalia em um feto -- ainda está em andamento. Testes de infecção em camundongos também ainda não tiveram resultados revelados. A questão de por que algumas gestantes acabam tendo seus bebês afetados e outras não, além disso, ainda é uma dúvida que desafia cientistas.
O trabalho de Rehen, de qualquer forma, encaixa uma das peças mais
importantes do quebra-cabeça. Um grupo de pesquisadores na USP, liderado
pela bióloga Patrícia Braga, conduz experimentos similares aos de
Rehen, e caso obtenha resultados positivos, deve reforçar a conclusão do
colega do Rio.
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