SUV ganha nova geração e se distancia da picape Hilux.
Silêncio a bordo é ponto positivo; multimídia tem funcionamento falho.
Todos os anos, sempre em setembro, a Apple apresenta um novo iPhone ao
público. Às vezes, as mudanças são mais sutis, porém, não demora para
que uma nova geração apareça, com maior capacidade de processamento,
mais recursos, câmera melhor e visual atualizado.
Agora, imagine se a Apple deixasse no mercado o mesmo iPhone por 10
anos, fazendo apenas mudanças pontuais, mas mantendo a base e o desenho.
O exemplo é válido para demonstrar a situação da Toyota SW4
no Brasil. O modelo comercializado até a metade de fevereiro era como
um smartphone de 10 anos: tinha visual ultrapassado e era defasado em
termos de tecnologias, com rivais mais modernos.
Toyota SW4 (Foto: André Paixão/G1)
Agora no início de 2016, a Toyota
resolveu tirar o atraso e lançar a 3ª geração da SW4 no país. Ela já
está nas lojas e custa a partir de R$ 205 mil, na versão V6 4.0 de 238
cavalos a gasolina, com 7 lugares. Ainda há disponível o motor 2.8
turbodiesel de 177 cv. Com ele, o SUV equipado para 5 lugares custa R$
220 mil, e, com 7 assentos, R$ 225 mil. O câmbio é sempre automático de
seis marchas.
Nos 3 catálogos, a versão de acabamento é a SRX, que representa a topo
de linha. A Toyota ainda trará, no 2º semestre, uma nova motorização
flex. Ela deverá ser mais simples, e terá a missão de ser a versão de
entrada da linha.
Tudo, menos o nome. Na base do veículo, o novo chassi aumentou a rigidez em até 20%. Na carroceria, são 66 pontos adicionais de solda e um material com mais aços de alta resistência.
As medidas não ficaram tão diferentes. A nova geração é 9 cm mais comprida, e alcança 4,80 m de comprimento. Mas todo este tamanho extra não se reflete em ganho de espaço para os ocupantes: a distância entre eixos segue com 2,75 m.
Na hora de criar o visual, os engenheiros da Toyota devem ter recebido uma simples instrução: modernizem a SW4, mas esqueçam que ela já foi uma derivada da Hilux. É praticamente impossível encontrar elos entre ela e a picape com a qual compartilhava o desenho até a geração anterior.
Toyota SW4 agora conta com faróis de LED (Foto: Divulgação)
A mudança foi tão grande que o visual com pouca personalidade do modelo
que saiu de linha deu lugar a um desenho cheio de cromados e vincos,
que, de alguns ângulos, parecem até um pouco exagerados.
Na frente, a grande grade e as molduras dos faróis e das luzes
auxiliares receberam cromados, enquanto o para-choque exibe uma grande
saliência na parte inferior. O destaque da dianteira são os faróis,
afilados e com luzes de LED.
A traseira tem design mais contido, mas ainda assim, é revolucionário
em relação do carro de 2005. A barra cromada entre as lanternas foi
mantida, mas a peça, bem como as próprias lanternas, foi totalmente
redesenhada. Agora, o conjunto ótico é bem mais estreito, e também é
iluminado por lâmpadas de LED.
O melhor ângulo da nova SW4, no entanto, é a lateral. Ela é cheia de
vincos, e tem a coluna C (aquela logo após as portas traseiras)
escondida pela janela traseira. A carroceria ainda tem um ressalto nessa
região, conferindo uma pegada mais dinâmica ao utilitário.
Um deslize da marca é a falta de um revestimento interno nas caixas de
roda de trás, deixando à mostra o primer da pintura e também parte do
chassi sob a carroceria. Os modelos utilizados no test drive, de acordo
com a Toyota, não são pré-série, aqueles utilizados para homologação
junto às autoridades.
Caixa de roda sem acabamento da Toyota SW4 (Foto: André Paixão/G1)
E a cabine?O interior da SW4 é um tanto contraditório. A cabine também foi totalmente redesenhada, e ficou mais vertical, em vez dos traços horizontais da SW4 anterior. Ali, parece que a inspiração foi o sedã Corolla, para o bem e para o mal.
O quadro de instrumentos é sóbrio, de bom gosto. Ainda há uma tela de LCD no centro dos mostradores, que exibe diversas informações, como autonomia, consumo, temperatura externa e o modo de tração selecionado.
Os demais comandos estão bem localizados, e em geral, a ergonomia é boa. Porém, o relógio digital de cor azul clara destoa completamente do conjunto, fazendo lembrar um carro dos anos 1980.
Ao mesmo tempo em que exibe materiais de melhor qualidade, como couro e plástico imitando madeira e alumínio, também tem grandes painéis de plástico rígido e pobre, típico de modelos bem mais baratos.
Interior da nova Toyota SW4 tem couro, imitação de madeira e plástico rígido (Foto: Divulgação)
É bem equipada?Sim. Como a versão SRX representa o topo da gama da Toyota, a SW4 vem bem equipada. Ela conta com 7 airbags, controles de tração e estabilidade, assistente de descida, abertura elétrica do porta-malas, ar-condicionado digital com saídas de ar e regulagem de intensidade na 2ª fileira de bancos, câmera de ré, bancos de couro com regulagens elétricas para o motorista, acesso e partida presenciais (basta ter a chave na mão), faróis e lanternas de LED e multimídia com tela de 7 polegadas sensível ao toque.
O equipamento merece um destaque – ainda que negativo. O aparelho é recheado de funções – navegador GPS, TV digital e lê DVDs, além dos básicos entrada USB, conexão Bluetooth e streaming de áudio. Mas o funcionamento é sofrível.
As respostas são lentas, mesmo para comandos mais simples, como trocar de estação de rádio e ajustar o volume. Além disso, a sensibilidade da tela é ruim, fazendo com que o usuário tenha que repetir o gesto para que a função seja realizada.
Toyota SW4 (Foto: Divulgação)
Como anda?Parte do teste da versão a diesel de 7 lugares foi em um trajeto de aproximadamente 55 km, em ciclo rodoviário, com pista plana e asfalto liso. A percepção mais forte foi o conforto oferecido pelo SUV. O isolamento acústico é muito bom, e não deixa o som do motor invadir a cabine de forma desagradável, mesmo a 120 km/h. O motor diesel funciona de forma silênciosa e não vibra tanto quanto outros motores similares.
Não foi possível avaliar o comportamento do carro em curvas, bem como em situações de trânsito pesado. Em acelerações, o motor entrega a força de forma progressiva – o torque total de 45,9 kgfm vem a partir de 1.600 rotações por minuto.
Os 177 cv são suficientes para empurrar os nada enxutos 2.130 kg do utilitário. Já a transmissão automática de 6 marchas não empolga por trocas rápidas, mas cumpre bem sua função com um funcionamento suave.
Seletor de tração da Toyota SW4 substitui antiga alavanca (Foto: André Paixão/G1)
Para avaliar a SW4 em terreno off-road, a Toyota montou um test drive
em um trecho de quase 5 km de terra, com algumas fendas, pequenos
alagados, lama e trechos de inclinação lateral de 30 graus.
Não houve dificuldade em superar os obstáculos, o que mostra que a
capacidade fora de estrada do modelo continua exemplar. No trajeto, foi
possível conhecer alguns recursos do modelo. A tração em condições
normais é 4x2, ao contrário de rivais, como o Discovery Sport. Também há
um assistente de descida, que freia o carro automaticamente em
declives.
Para ativar a tração 4x4, há um seletor no console central. É possível
fazer a transição com o veículo em movimento a até 100 km/h. Se o
condutor quiser selecionar a tração 4x4 com reduzida, o processo é um
pouco mais complexo, mas ainda assim, simples. É preciso parar o
veículo, colocar a alavanca de câmbio em Neutro (N), e então, mover o
seletor.
Antes de depois da traseira da Toyota SW4 (Foto: Divulgação)
Concorrentes“Trouxemos a inédita versão V6 para competir com rivais de marcas coreanas. Além disso, temos as versões diesel devem concorrer com modelos de marcas convencionais e também um rival premium", afirmou o gerente de produto da Toyota, Anderson Suzuki.
Por esta afirmação, entenda-se que a opção a gasolina irá encarar Hyundai Santa Fe e Kia Sorento, enquanto as que têm motorização diesel seguem na briga com Chevrolet Trailblazer, Mitsubishi Pajero Full e também com a Land Rover Discovery Sport.
+ DE AUTOESPORTE
Conclusão
Siga o programa nas redes sociais
A evolução da SW4 da segunda para a 3ª geração é tão grande quanto a do primeiro iPhone para a versão mais atual. O salto tecnológico de 10 anos é perceptível – o melhor exemplo é a troca da anacrônica alavanca de seleção da tração por um botão giratório no painel.
O melhor de tudo isso é que o avanço também veio acompanhado de um visual mais moderno. O espaço interno, que já era bom, foi mantido, e o nível de equipamentos agrada. O acabamento evoluiu, mas ainda precisa melhorar, principalmente se quiser concorrer com o Discovery Sport.
Mas, se com uma geração defasada a SW4 já era líder no segmento dos SUVs médios, com um modelo totalmente renovado, a tarefa deve ser ainda mais fácil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário