Imunização
Dez Estados e 1.180 municípios não conseguiram atingir a meta da Poliomielite e do Sarampo.
Agência Brasil
Na faixa etária de 1 ano, a cobertura de vacinação da Poliomielite e Sarampo é de 88%. (Marcelo Camargo / Agência Brasil)
RIO
DE JANEIRO - Diante dos baixos índices de cobertura vacinal no país,
especialistas em imunização se reúnem a partir de hoje (26), no Rio de
Janeiro, para discutir estratégias que aumentem a adesão a vacinas entre
brasileiros. A 20ª Jornada Nacional de Imunizações, coordenada pela
Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), deve contar com a presença
das principais autoridades e referências no assunto, incluindo o próprio
Ministério da Saúde.
Recentemente,
a pasta precisou prorrogar por duas semanas a Campanha Nacional de
Vacinação contra a Poliomielite e o Sarampo para bater a meta de
imunizar 95% das crianças com idade entre 1 ano e menores de 5 anos.
Ainda assim, dez Estados e 1.180 municípios não conseguiram atingir o
índice. Ao todo, cerca de 516 mil crianças não tomaram ambas as doses.
Na faixa etária de 1 ano, a cobertura registrada até o momento é de 88%.
Até
o próximo sábado (29), especialistas em imunização devem discutir,
entre outros assuntos, o papel das diferentes esferas governamentais na
adesão da população às doses; vacinação escolar; movimentos antivacina;
vacinação do adulto — grupo que, historicamente, não costuma se imunizar
—; e experiências exitosas em outros países. Para a presidente da SBIm,
Isabella Ballalai, a troca de ideias pode abrir perspectivas para o
enfrentamento do cenário considerado adverso.
“Campanhas
nos moldes da atual [contra o sarampo e a poliomielite] são para lidar
com situações pontuais ou emergenciais. É inviável promover iniciativas
semelhantes para as 14 vacinas oferecidas pelo Programa Nacional de
Imunizações (PNI). As campanhas de multivacinação realizadas nos últimos
anos tentaram abranger o calendário de forma mais ampla, mas,
infelizmente, não geraram a adesão desejada”, afirmou.
Dados
da entidade apontam para um histórico recente de expansão de doenças
imunopreveníveis no Brasil. Até 17 de setembro, 1.735 casos de sarampo
foram confirmados, sendo 1.358 no Amazonas e 310 em Roraima, além de
casos isolados em outros sete estados. Autoridades sanitárias também
tiveram de lidar com surtos de febre amarela no país em 2017 e este ano.
Já a cidade de São Paulo enfrenta, desde o ano passado, surtos de
hepatite A que já afetaram mais de mil pessoas.
O
cenário, segundo Isabella, torna-se mais preocupante se considerada a
facilidade de locomoção entre grandes distâncias propiciada pelo maior
acesso ao transporte, principalmente aéreo. Uma doença que levaria meses
para atravessar um continente, por exemplo, atualmente consegue cumprir
o mesmo trajeto em poucas horas. É o que acontece na Europa, que recebe
e envia viajantes de todo o mundo e passa por surtos de sarampo há pelo
menos dois anos.
“Já falamos e não nos
cansaremos de repetir: o risco de o sarampo voltar a circular de forma
endêmica e da pólio reaparecer é real”, alertou. “Se enfermidades
imunopreveníveis se instalarem porque não nos vacinamos, a culpa será
única e exclusivamente nossa. É preciso lembrar que nós também podemos
levar doenças para outros países e que devemos demonstrar solidariedade a
qualquer população que enfrente situações sociais adversas”, completou,
ao se referir a casos recentes de comportamento hostil contra
imigrantes venezuelanos.
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