Presidente eleito diz que quer um Brasil sem ideologias, mas tenta impor os ideais da extrema direita como pensamento único, transformando o país em uma espécie de “ditadura branca”, onde só se poderá pensar de uma forma
Editorial
O discurso do presidente eleito Jair
Bolsonaro (PSL), e dos seus auxiliares, é o da transformação do Brasil
em um país sem ideologias. Mas seus gestos, suas ações e seus discursos apontam apenas para a mudança de perfil ideológico e não para o fim das ideologias.
Bolsonaro quer um país com ideologia de Direita e não sem ideologia – até porque impossível é viver sem ideologia.
Ao perseguir petistas, comunistas e
esquerdistas no Ministério Público, na Polícia Federal, no Ministério da
Saúde, no Meio Ambiente e Agricultura, e na Educação, o presidente
aponta para uma espécie de ditadura, em que só se pode pensar de um
jeito.
O futuro ministro da Educação declarou
que pretende “varrer o marxismo das escolas públicas”. E deixa claro
qual o seu ideal de ensino: o militar, com a consequente ordem unida
cívica que marca este tipo de educação, focada na “hierarquia e
disciplina” dos quartéis.
Bolsonaro já disse que não quer na
diplomacia brasileira embaixadores identificados com o pensamento de
esquerda; exige o denuncismo contra professores de esquerda nas escolas e
faculdades, e forçou o abandono dos médicos cubanos no programa “Mais
Médicos”.
Uma sociedade é mais desenvolvida quanto mais ela for plural.
E o pluralismo de uma sociedade se
funda na liberdade de expressão, de pensamento e de credo; na igualdade
das raças e na equidade de gênero.
Exigir de uma sociedade pensamento
único no que diz respeito à sua história, suas raças e seus credos é
castrar as liberdades individuais e transformar os cidadãos em espécies
de robôs, fadados a seguir o rebanho.
Para muitos grupos – evangélicos e
religiosos de um modo geral; militares e conservadores – esta sociedade é
a ideal porque força o Estado a fazer por eles o que suas pregações já
não têm mais forças para fazer.
Cada um pode conviver com seus ideais
de vida, suas crenças e suas ideologias da maneira como bem lhe convir; e
pode até cobrar fidelidade canina dos que aceitam seguir suas
doutrinas.
Mas fazer do estado instrumento de
opressão a quem pensa diferente, só pode ser classificado de uma única
forma: ditadura, seja ela assassina ou não.
É simples assim…
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