Motivo, segundo presidente da Câmara, é descumprimento de horários.
Demissão foi anunciada após vazar documento citado na Lava Jato.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), demitiu nesta terça-feira (28) o diretor do Centro de Informática da Casa, Luiz Antonio Souza da Eira.
Segundo o peemedebista, a demissão ocorreu porque funcionários do setor
de tecnologia da informação não estariam cumprindo a carga horária de
40 horas semanais prevista na legislação.
“Demiti porque a área de TI não está cumprindo a carga horária de toda a
Casa, de 40 horas semanais. Ele quebrou minha confiança”, afirmou.
Procurado pelo G1, Luiz Antônio Souza da Eira não quis
emitir opinião sobre os motivos citados por Cunha para a demissão, mas
frisou que “respeita” e “cumpre as regras” da Câmara dos Deputados. Ele
destacou que é servidor concursado da Casa há 25 anos.
“Eu sou servidor público, servidor da Câmara, respeito a minha
instituição e cumpro as regras que a minha instituição determina. Eu
amo e respeito a minha instituição. Sou servidor concursado da Câmara há
quase 25 anos, o que muito me honra”, disse. “A questão de ficar
chateado ou não com a demissão é irrelevante. É de foro íntimo. Mais
informações peço que busque na assessoria da Câmara”, declarou.
A decisão de Cunha foi anunciada depois de o jornal “Folha de S.Paulo”
ter publicado reportagem que traz registros de computadores da Câmara em
que Cunha aparece como “autor” de requerimentos citados como suspeitos
em inquéritos da Operação Lava Jato, que investiga desvio de recursos da
Petrobras.
O presidente da Câmara é investigado em inquérito que tramita no
Supremo Tribunal Federal (STF) por suposto envolvimento com o esquema de
corrupção na estatal.
O inquérito para investigar Cunha foi aberto com base em trecho da
delação premiada firmada por Alberto Youssef com o Ministério Público
Federal, em que o doleiro, apontado como um dos articuladores do esquema
de corrupção, afirma que Cunha teria apresentado requerimentos na
Câmara para pressionar uma fornecedora da estatal a retomar pagamentos
de propina.
Os requerimentos foram protocolados na Comissão de Fiscalização
Financeira e Controle, em 2011, e pediam informações ao Tribunal de
Contas da União (TCU) e ao Ministério de Minas e Energia sobre contratos
das empresas Toyo e Mitsui com a Petrobras. Em depoimento à CPI da
Petrobras, em março deste ano, Cunha afirmou que os documentos eram de
autoria da então deputada Solange Almeida (PMDB-RJ).
Na edição desta terça (27), o jornal “Folha de S.Paulo” apresentou
registros no sistema oficial de computadores da Câmara em que o nome do
atual presidente da Casa aparece como "autor" dos dois arquivos que
teriam produzidos os requerimentos assinados por Solange Almeida.
Em entrevista na Câmara, Cunha afirmou que a data dos registros
divulgados pelo jornal é 10 de agosto de 2011 enquanto os requerimentos
da ex-deputada Solange Almeida foram protocolados cerca de 30 dias
antes, em 11 de julho do mesmo ano.
“Estou determinando rigorosa investigação na área de TI pelas suspeitas
que estão sendo levantadas, suspeitas de manipulação. O documento base
da matéria [do jornal] foi feito 30 dias depois do requerimento
apresentado pela deputada Solange. Esse é um fato concreto. O resto nós
vamos investigar”, disse.
O peemedebista também associou o vazamento da informação ao fato de ter
determinado na semana passada o cumprimento da carga horária de 40
horas no setor de tecnologia da Câmara.
“Estranhamente, na semana passada, determinei mudança na área da carga
horária na área de TI, o que levou a uma revolta. Mandei implementar o
ponto eletrônico”, afirmou.
O presidente da Câmara apresentou, durante a entrevista, certidão da
Secretaria-Geral da Câmara que afirma que os requerimentos assinados
pela deputada Solange Almeida foram protocolados em 11 julho de 2011 e
autenticados no Sistema de Autenticação de Documentos da Casa, em 7 de
julho do mesmo ano.
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