Wesley nasceu com problema raro no coração. Médicos e enfermeiros se emocionaram na despedida do menino.
Vinte e dois de abril foi um dia especial. Dia de deixar o hospital,
deixar para trás tantas lembranças difíceis. “Eu sempre falei: ‘eu vou
sair daqui com meu filho nos braços’”, diz Elis Costa Macedo, a mãe de
Wesley.
Em 15 de abril de 2013, o Wesley nasceu com quase três quilos, 45
centímetros e um problema de saúde raro: síndrome de hipoplasia do
coração esquerdo.
Uma parte do coração do Wesley, o ventrículo esquerdo, não se
desenvolveu como deveria e ficou praticamente sem função. O ventrículo
esquerdo é a grande bomba do coração. Recebe o sangue que vem oxigenado
dos pulmões e bombeia para todo o corpo.
O problema foi identificado quando o Wesley ainda estava na barriga da
mãe. Começava a corrida para salvar o filho. Com só 12 horas de vida, o
Wesley passou por uma primeira cirurgia para ajudar na circulação de
sangue no coração. “Eu fui ver o Wesley praticamente cinco dias depois
que ele tinha nascido”, lembra Elis. No álbum de fotos do Wesley, está o
registro da primeira gargalhada, aos seis meses.
Nessa mesma época, o bebê entrou na sala de operação pela segunda vez.
“Foram dez horas de agonia, dez horas de cirurgia”, conta a mãe.
Mas logo depois dessa segunda cirurgia, o coração começou rapidamente a perder as funções.
“O médico chega para você e fala: ‘não há mais o que fazer, a não ser o transplante, é isso ou nada’”, lembra a mãe.
O novo coração veio logo, em apenas uma semana. Mas, momentos antes de
deixar a UTI “Ele apresentou um acidente vascular cerebral hemorrágico.
Toda a parte direita do Wesley ficou parada. Braço, perna, não mexiam”,
diz Carlos Ferreiro, coordenador da UTI Cardiopediátrica do HCOR.
Mais uma cirurgia, mais uma superação. Depois de retirar o coágulo do
cérebro, o Wesley passou por sessões de fisioterapia para recuperar os
movimentos. “Ele não ficou com sequela neurológica nenhuma”, comemora
Elis.
Ao todo, o Wesley enfrentou nove cirurgias. Ficou quase metade dos dois aninhos dentro do hospital, lutando pela vida.
“Essas crianças que ficam no hospital muito tempo com a gente, passam
seis, sete, oito meses, acabam desenvolvendo uma relação emocional com
todos nós muito forte”, diz o médico Carlos Ferreiro.
No dia 15 de abril, uma quarta-feira, o Wesley completou dois aninhos. O
pessoal do hospital fez para ele um bolo de aniversário. Ele ainda
estava no quarto, não podia receber visita de muita gente, porque ainda
estava em recuperação e existia o risco de infecção.
Mas só uma semana depois do aniversário, veio o presente, o momento
mais esperado pela família da Wesley: a alta do hospital. Depois de
meses, ele vai finalmente para casa.
“Acho que nem palavras vão expressar o carinho e o amor que eu tenho
por cada um de vocês. Obrigada gente”, diz Elis a equipe de médicos e
enfermeiras. “É uma grande vitória para mãe e para a gente. Essa mãe
forte do jeito que é”, se emociona a enfermeira Viviane Lino.
Em casa, quem dá as boas-vindas é o irmão mais velho, o Vitor. “Estava com muita saudade”, ele diz.
Fantástico: Você desejava isso? Chegar, colocar ele no bercinho que você comprou pra ele.
Elis Costa: Muito, porque nem quando ele nasceu a gente não montou berço.
Fantástico: Por quê?
Elis Costa: Porque a gente não sabia o que ia acontecer. Eu estou montando tudo. É o renascimento dele.
Elis Costa: Muito, porque nem quando ele nasceu a gente não montou berço.
Fantástico: Por quê?
Elis Costa: Porque a gente não sabia o que ia acontecer. Eu estou montando tudo. É o renascimento dele.
O Wesley ainda está com uma traqueostomia, um buraco feito na garganta
para passagem de ar. Mas ela vai ser retirada em breve. Wesley vai
continuar tomando remédios para evitar a rejeição do coração
transplantado. “Me sinto realizada, completamente realizada. Eu enxergo o
Wesley como símbolo de amor, de esperança”, diz a mãe.
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