Luana Lourenço/Agência Brasil
A forma de arrecadação previdenciária não será incluída na emenda do relator.
BRASÍLIA
- O governo ainda não conseguiu chegar a um acordo sobre o recolhimento
da contribuição previdenciária de empresas de terceirização, pendente
de votação pela Câmara dos Deputados.
No texto-base do projeto que
amplia a terceirização no país, aprovado na semana passada, ficou
definida a contribuição para o Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS) de 11% sobre o faturamento para as empresas especializadas em
fornecer mão de obra e de 20% sobre a folha de pagamento para as demais,
como transportadoras de valores e montadoras, por exemplo.
No
entanto, o governo quer que as empresas que não são especializadas em
fornecer mão de obra terceirizada passem a recolher como INSS uma fatia
de 5,5% do faturamento total.
Para o relator do projeto, Arthur Maia (PSD-BA), a mudança sugerida pelo governo aumentará a tributação sobre as empresas.
“Não
estou convencido de que isso não represente um aumento de tributos, por
isso me recusei a colocar no meu parecer”, avaliou, após reunião para
fechar um acordo sobre o texto. “O governo vai tentar fazer essa mudança
por meio de um destaque, que vai ser apresentado e o plenário vai
decidir. Tenho dificuldade de avançar em uma alternativa que não estou
certo de que não representa aumento de impostos”, destacou o relator.
Maia
citou o exemplo de uma empresa transportadora – não especializada em
fornecimento de mão de obra – que arrecada R$ 1 milhão e atualmente
recolhe 20% sobre a folha de pagamento e paga R$ 40 mil de INSS. Se a
regra mudar de acordo com o que quer o governo, passará a pagar 5,5% do
faturamento, ou seja, R$ 55 mil.
No café da manhã, no Palácio do
Jaburu (residência oficial do vice-presidente), Michel Temer reuniu-se
com os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e da Secretaria de Aviação
Civil, Eliseu Padilha, além dos líderes do governo na Congresso, José
Guimarães (PT-CE), e do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ). O
objetivo foi tentar um acordo para a votação dos destaques, prevista
para hoje.
Sem acordo, a forma de arrecadação previdenciária não
será incluída na emenda aglutinativa do relator e terá que ser votada na
forma de destaque.
Apesar do impasse sobre o recolhimento do
INSS, Maia disse que a reunião também teve avanços, como a inclusão no
texto da definição exata de empresa, como quer o PT. Com a definição, o
governo quer evitar, por exemplo, que instituições beneficentes possam
atuar como terceirizadoras.
Também houve acordo sobre a
responsabilidade das empresas na garantia de direitos e fiscalização do
cumprimento da legislação trabalhista dos funcionários terceirizados.
Maia disse que concorda em incluir no texto a responsabilidade
solidária, como quer o governo, e não subsidiária. Na solidária, o
terceirizado pode cobrar o pagamento de direitos trabalhistas tanto da
empresa que terceiriza quanto da contratante dos serviços.
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