G1
Remédios mais caros antes da autorização do Ministério da Saúde
- Pela primeira vez desde 2004, antes de índice ser informado, distribuidoras já reajustam preços em até 6,31%
Cristiane Bonfanti
BRASÍLIA – Pela primeira vez, desde 2004, o governo federal não
publicou a autorização do reajuste anual dos medicamentos com preços
controlados até o fim de março. Mas, mesmo sem o aval do Ministério da
Saúde, as distribuidoras começaram a praticar nesta segunda-feira mesmo
aumentos de até 6, 31% nos preços dos remédios. O ministro da Saúde,
Alexandre Padilha, informou que a resolução com os percentuais de
aumento será publicada ainda esta semana no Diário Oficial da União e os
reajustes não serão acima da inflação.
— De acordo com a fórmula
de cálculo da Cemed (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos),
não teremos reajuste acima da inflação para nenhuma categoria. E a maior
parte dos medicamentos terá reajuste autorizado abaixo do que foi o
IPCA — disse Padilha.
O Ministério da Saúde informou que os
laboratórios ainda não estão autorizados a elevar os preços e que essa
permissão só virá a partir da publicação dos índices. Observou que, se
houver alguma correção, deve estar dentro do teto em vigor, referente ao
aumento autorizado em março do ano passado.
Jorge Froes, diretor
executivo da Associação Brasileira de Atacado Farmacêutico (Abafarma),
disse que as distribuidoras já receberam as listas das indústrias com
novos valores e que, nesta segunda-feira mesmo, começaram a praticar os
preços.
Pelas contas da indústria, com base nos critérios
publicados pelo governo, a elevação poderá chegar a 6,31% — o que
corresponde à inflação medida pelo IPCA nos 12 meses encerrados em
fevereiro. Em média, ficará em 4,59%, segundo a indústria.
Alta em 100 medicamentos, segundo associação de consumidores
No
entendimento de Jorge Froes, entretanto, a primeira resolução da Câmara
de Regulação, publicada em 12 de março, não apenas estabeleceu os
critérios de composição do aumento, como também autorizou o reajuste a
partir do último dia 30. Só que a resolução específica com o percentual
de reajuste, que deve ser publicada esta semana, leva em consideração
não só a inflação, mas também os ganhos de produtividade das empresas e o
preço dos insumos usados na produção dos remédios.
O reajuste dos
remédios foi confirmado pelo presidente da Associação de Defesa dos
Consumidores e Usuários de Medicamentos do Rio de Janeiro, Odari Saboia.
Segundo ele, na pesquisa realizada nesta segunda-feira com as
distribuidoras, a entidade verificou aumento de até 6% no preço de custo
de cerca de 100 medicamentos. Uma das distribuidoras que enviam
remédios para a associação, a Profarma, informou que começou a repassar
nesta segunda-feira os novos preços informados pelos laboratórios.
O
Grupo Panpharma também disse que cumpriu o disposto na primeira
resolução e seguiu o reajuste adotado pela indústria farmacêutica. “A
partir de hoje (nesta segunda-feira), os remédios aumentaram 6,31%. A
Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, órgão do governo formado
por representantes de vários ministérios autorizou o aumento em todo o
país”, informou o grupo, que acrescentou que os consumidores vão sentir o
impacto daqui a cerca de 15 dias.
Segundo Eduardo Velho,
economista-chefe da INVX Global Partners, o reajuste dos remédios trará
um impacto de 0,17 ponto percentual na inflação em 2013. Mas ele estima
que este impacto será mais que compensado pela desoneração da cesta
básica, que deve significar uma redução de 0,40 ponto percentual no
IPCA. Ele projeta que a inflação termine o ano em 5,62%.
* COLABOROU Clarice Spitz
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