Autor do gol que calou o Maracanã naquele 16 de julho de 1950, o ex-jogador uruguaio era o único remanescente daquele time bicampeão do mundo com a Celeste
Por GloboEsporte.comMontevidéu
Carrasco do Brasil na Copa de 50, o uruguaio Alcides Edgardo Ghiggia
morreu nesta quinta-feira, justamente o dia em que o Maracanazo
completou 65 anos. Aos 88 anos, ele não resistiu a uma parada cardíaca,
poucas horas após ter sido internado com dores no peito em Montevidéu.
Autor do gol que calou o Maracanã naquele 16 de julho de 1950, Ghiggia
era o único remanescente do time bicampeão do mundo com a Celeste (no
vídeo acima ele relembra a conquista).
Nascido dia 22 de
dezembro de 1926 em Montevidéu, defendeu ao longo da carreira Peñarol,
Roma, Milan e Danubio, entre outras equipes menores, mas ficou marcado
mesmo pela participação na Copa do Mundo de 1950. Ele foi o autor do gol
que deu a virada e o título mundial na decisão daquele Mundial, vencida
pela Celeste por 2 a 1 no Maracanã.
- Só três pessoas na história conseguiram calar o Maracanã com um só gesto: o Papa, Frank Sinatra e eu – disse certa vez.
Acidente e homenagem ainda em vida
Ghiggia foi homenageado em 2013, no gramado do Nacional, em jogo das eliminatórias (Foto: AFP )
Há
três anos, Ghiggia ficou próximo da morte, mas conseguiu se recuperar a
tempo de receber outras homenagens ainda em vida. Em junho de 2012,
sofreu um grave acidente de carro, fraturou uma das pernas e teve
traumatismo craniano. Ele ficou 20 dias em coma induzido num hospital em
Montevidéu, passou por diversas intervenções cirúrgicas, mas se
recuperou meses depois.
A sobrevida deu uma grande oportunidade para o carrasco da
seleção brasileira ser homenageado mais uma vez em vida. O ex-ponta-direita foi
a campo antes do empate sem gols entre Uruguai e Jordânia, que garantiu a seleção
sul-americana na Copa de 2014, e foi o protagonista de uma bela festa no estádio
Centenário. Na ocasião, o feito foi reprisado em um grande telão e acabou sendo
comemorado pelos torcedores como se tivesse acontecido naquele momento.
Há um ano, Ghiggia comentava de casa sobre os acontecimentos na Copa do
Mundo. Ele criticou a mordida de Luis Suárez em Chiellini (“Não sei o
que este rapaz tem na cabeça”), que rendeu nove jogos de suspensão ao
atacante, e também afirmou que o Maracanazo foi maior do que o vexame
brasileiro diante da Alemanha (“Diferente porque era uma final”). O
ídolo uruguaio está presente na calçada da fama do Maracanã desde
dezembro de 2009.
O ídolo uruguaio passou seus últimos anos de
vida na região de Las Piedras, a 30 quilômetros de Montevidéu. Lá,
administrava um supermercado, que, segundo a imprensa local, era a sua
fonte de sustento.
Velório e luto
Os torcedores poderão se despedir do ídolo nesta sexta-feira, e o
velório de Ghiggia acontecerá no parlamento uruguaio
entre as 8h e 11h30, com as honras de um herói nacional, antes do enterro, informou o jornal uruguaio "EL Pais". Nesta
sexta-feira, o governo do país vizinho declarou luto pela morte do herói
do bicampeonato mundial.
Ghiggia marcou o gol que calou o Maracanã na Copa de 1950 (Foto: Agência AP )
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