Luciano Nascimento/Agência Brasil
Texto foi aprovado pelo Senado. Hoje, o tempo máximo de punição é de três anos.
BRASÍLIA
- O plenário do Senado aprovou nessa terça-feira (14) o projeto de lei
do senador José Serra (PSDB-SP), na forma do substitutivo do senador
José Pimentel (PT-CE), que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) para permitir o aumento do tempo de punição para menores de idade
que cometerem crimes hediondos, exceto tráfico de drogas.
O
relator acolheu emenda do autor do projeto para ampliar o tempo máximo
de recolhimento do menor de oito para dez anos. Atualmente, o tempo
máximo de punição para qualquer tipo de crime praticado pelos menores é
de três anos. Os jovens que praticarem esse tipo de crime ficarão
recolhidos em um sistema diferente dos demais adolescentes, mas também
diferente dos presídios comuns para adultos. A exclusão do crime de
tráfico de drogas do grupo de tipos que poderão implicar em aumento de
pena foi justificada pelo senador José Serra.
“Quero dizer que, ao
mesmo tempo, esse tipo de medida será aplicado para crimes hediondos e
exclui o tráfico de drogas. Por quê? Porque a maioria esmagadora dos
adolescentes que é internada por tráfico de drogas, na verdade, são
mulas, são transportadores, são apenas para levar de um lugar para
outro. Não é a questão mais crítica no que se refere ao assunto da
criminalidade”, explicou.
O projeto prevê também que esses
adolescentes passarão por avaliação, a cada seis meses, do juiz
responsável pelo caso deles. Eles poderão ficar presos até os 27 anos, e
não mais até os 21, como prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente
atualmente. Assim, com o acompanhamento, o juiz poderá avaliar se é caso
de liberação antecipada do jovem ou se ele deverá continuar recolhido
no sistema diferenciado.
O substitutivo de José Pimentel
estabelece que o adulto que utilizar jovens para a prática de crimes
terá sua pena duplicada. E, por fim, o texto prevê que tanto os jovens
que cometerem crimes hediondos, quanto os que praticarem crimes menos
graves, deverão obrigatoriamente estudar nas casas de recolhimento até
concluir o ensino médio profissionalizante. Atualmente, o ECA prevê que
eles devem concluir apenas o ensino fundamental.
A aprovação do
projeto no Senado não significa que ele já vai virar lei. O texto
seguirá agora para a Câmara dos Deputados e, se sofrer modificações,
voltará para o Senado para uma análise dessas mudanças. Depois disso, a
matéria irá para a presidenta Dilma Rousseff sancioná-la ou não.
Os
senadores consideram que a proposta dará resposta ao clamor da
sociedade para que os jovens que cometem crimes graves sejam punidos com
mais rigor. “Não podemos esquecer que a sociedade tem uma percepção,
que é verídica, de que o número de crimes cometidos por adolescentes –
refiro-me a crimes hediondos – tem aumentado no país. A publicidade, em
alguns casos, amplia essa percepção. Temos que dar uma resposta a isso”,
disse Serra.
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