Durante dois meses, o programa acompanhou o vai e vem das marginais.
Há pessoas que passam, ganham a vida e outras que vivem nas avenidas.
O Profissão Repórter conta a história das pessoas que passam, trabalham
e moram nas margens das vias mais movimentadas de São Paulo. Durante
dois meses, nossa equipe registrou o caos nas marginais Tietê e
Pinheiros.
A marginal Tietê tem 47 quilômetros de extensão, 23 pontes e muitas histórias. A marginal Pinheiros tem 23 quilômetros de extensão e dezenas de prédios de luxo.
A marginal Tietê tem 47 quilômetros de extensão, 23 pontes e muitas histórias. A marginal Pinheiros tem 23 quilômetros de extensão e dezenas de prédios de luxo.
Fabiano Silva mora em uma habitação improvisada, embaixo de uma das
pontes da marginal Tietê. Ele conta que a bebida e as drogas o levaram
para a rua. O paraense, de 38 anos, já foi metalúrgico, mecânico e
jardineiro. Hoje vive recolhendo as latinhas jogadas pelos motoristas.
“Eu já morei em lugar muito bom, já tive muita coisa boa”, conta.
O morador de rua diz que foi abandonado pelos pais e adotado por um
casal do Paraná quando tinha 1 ano e 3 meses. Há muitos anos Fabiano não
vê seus dois filhos, mas diz que nunca deixou de enviar a pensão. Ele
mora embaixo de uma ponte do rio Tietê há um ano.
À noite, no horário de pico, 32 mil veículos passam pela marginal
Tietê. Em um dia de trânsito complicado, atravessar os 47 quilômetros da
marginal Tietê pode levar horas. O cantor Daniel da Conceição aceitou
falar com a repórter Danielle França enquanto estava parado no trânsito.
“Estou há duas horas aqui. Indo tocar em uma igreja”.
Para reduzir o trânsito, os caminhões não podem circular na marginal
Tietê em dois períodos, entre 5h e 9h e 17h e 22h, mas alguns descumprem
a determinação e enfrentam o trânsito da via nos horários de pico.
Os moradores de rua que vivem às margens do rio Pinheiros usam a água
de uma bica para tomar banho, lavar as roupas, cozinhar e beber. Pegamos
uma amostra dessa água e levamos para um engenheiro químico que
trabalha na Cetesb. “Uma análise visual, bem simplificada dessa água,
mostra que ela não é potável por dois aspectos básicos, pela presença de
sólidos suspensos, e a sua coloração não é adequada, ela não é
transparente. O uso humano para essa água é proibitivo”, afirma Nelson
Menegon.
A ocorrência mais comum nos 47 quilômetros da marginal Tietê é o
acidente de trânsito sem vítima. As colisões acontecem diariamente.
Nos últimos três meses, 600 motos foram apreendidas na marginal Tietê
por irregularidades na documentação. As operações visam recuperar motos
roubadas e tirar de circulação veículos irregulares e sem documentação.
Na marginal Pinheiros, há muitos trabalhadores que ganham a vida no
asfalto. Os vendedores ambulantes que trabalham na via têm medo da
fiscalização. “Dá última vez que veio alguém filmar aqui prejudicou a
gente na prefeitura”, diz um deles.
Cida “Maravilhosa” trabalha em frente a uma estação de trem há mais de
dois anos. Ela vende pão de mel, bala de coco, cocada e maçã do amor. “A
minha estratégia é a minha alegria. Porque eu converso com todo mundo,
eu brinco com todo mundo”, diz Maria Aparecida. Cida vende seus doces
das 17h às 22h e ganha R$ 3 mil por mês.
Do outro lado da avenida, nas casas da marginal Tietê, os moradores
convivem com a poluição, o barulho e os animais vindos do rio, como
ratos e baratas. Já nas margens do rio Pinheiros, em alguns pontos os
apartamentos custam mais de R$ 30 milhões.
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