Conjunto do "Minha Casa, Minha Vida" foi invadido por 200 famílias.
Reintegração de posse depende de decisão judicial, diz Polícia Federal.
O tenente coronel Luís Carlos, do 41º BPM (Irajá), informou ao Bom Dia
Rio nesta quinta-feira (13) que nesse momento é inviável fazer uma
operação para desocupar o conjunto habitacional do programa “Minha Casa,
Minha Vida” em Guadalupe, no
Subúrbio, ocupado por 200 famílias. Segundo ele, a ação da PM traria
risco de vida para mulheres, crianças e idosos que também participam da
invasão. O condomínio popular foi ocupado na noite de domingo (9) e a
invasão contou com a ajuda de homens armados com fuzis.
Em nota, a Polícia Federal disse que abriu um inquérito para apurar a
invasão e que a situação ainda não é um caso de polícia, já que a Caixa
Econômica Federal precisa conseguir a reintegração de posse na justiça
antes de qualquer medida. Só após os trâmites judiciais a corporação
poderá encaminhar um processo de reintegração junto com a PM e oficiais
de justiça.
A construtora BR4, responsável pelas obras, informou em nota que a
previsão é que a justiça se posicione sobre a reintegração de posse dos
edifícios em 5 dias. Ainda segundo a construtora, as obras foram
finalizadas e o condomínio está em fase de legalização. O prazo para a
entrega das chaves, que ocorreria em dezembro, deve ser adiado.
A Caixa Econômica Federal disse que tomou as medidas judiciais cabíveis
para garantir o direito dos selecionados e que acionou um grupo
coordenado pelo Ministério da Justiça para facilitar uma eventual ação
da PM. A empresa disse ainda que a responsabilidade de fazer a segurança
no conjunto é da construtora.
A Polícia Militar disse que faz a segurança do entorno do conjunto, com
cerca de 10 policiais trabalhando em esquema de revezamento. As
famílias que foram sorteadas e se increveram no programa social do
governo federal integram a faixa 1 do programa, com renda de até R$1,6
mil.
Invasores do conjunto habitacional derrubaram o muro que cerca o
condomínio e abriram uma passagem na área ocupada por barracos, na tarde
desta quarta-feira (12). Durante a tarde, não havia policiamento no
local.
'Coisa de vagabundo', diz Paes
Também nesta quarta, o prefeito Eduardo Paes disse que não pretende cadastrar as cerca de 200 famílias que invadiram os prédios. "Aquilo dali é coisa de malandro, vagabundo, tem que retirar e acabou a história. Não vamos cadastrar ninguém. O programa 'Minha Casa, Minha Vida' é para pessoas humildes, que se cadastram, esperam pacientemente a sua vez para ter uma casa própria. O que não pode é malandro travestido de pobre, traficante travestido de pobre querer ocupar esse espaço", disse.
Também nesta quarta, o prefeito Eduardo Paes disse que não pretende cadastrar as cerca de 200 famílias que invadiram os prédios. "Aquilo dali é coisa de malandro, vagabundo, tem que retirar e acabou a história. Não vamos cadastrar ninguém. O programa 'Minha Casa, Minha Vida' é para pessoas humildes, que se cadastram, esperam pacientemente a sua vez para ter uma casa própria. O que não pode é malandro travestido de pobre, traficante travestido de pobre querer ocupar esse espaço", disse.
Paes disse ainda que apoia as intervenções policiais para a retirada
das famílias do local, mas não citou qualquer medida preventiva de
segurança que possa ser adotada. Desabrigados já invadiram outros
edifícios da cidade, como o prédio da empresa Oi, no Engenho Novo, no
Subúrbio, desocupado pela polícia no início do ano.
Sobre a questão do déficit habitacional na cidade, o prefeito negou que
sua gestão tenha construído poucas moradias populares. "Construímos
quase 60 mil casas vinculadas ao 'Minha Casa, Minha Vida'. Vamos
continuar cadastrando de maneira ordeira as pessoas nos programas da
prefeitura. Mas, invasão tem que ter ação da polícia e não pode esperar
ação judicial, tem que agir", declarou.
O secretário municipal de Habitação, Pierre Alex Domiciano Batista
disse que, em parceria com a Caixa Econômica Federal (CEF), acionou a
Secretaria de Segurança Pública. Segundo Batista, o empreendimento do
"Minha Casa Minha Vida" ainda é de responsabilidade da CEF.
“Estamos ligando para todos os beneficiários, informando que já foi
dada entrada no pedido de reintegração de posse e que eles vão receber
esses imóveis”, disse o secretário.
A Construtora BR4 diz que traficantes armados invadiram o condomínio e
abriram espaço para chegada de centenas de pessoas. O diretor técnico
Maurício Brito disse que embora a segurança fosse responsabilidade da
construtora, a empresa não estava preparada para enfrentar traficantes
armados. Imagens mostram um homem armado com fuzil circulando pelo
condomínio.
O Ministério das Cidades informou que, desde maio, existe um grupo
responsável por receber denúncias de irregularidades do programa Minha
Casa Minha Vida. Cento e cinquenta denúncias foram recebidas. Deste
total, 30 partiram do Rio de Janeiro e 20 pessoas foram presas no estado.
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