A
nomeação da nova equipe econômica do governo é certamente o evento mais
esperado da semana. Dilma e seus assessores conseguiram criar um
carnaval de expectativas e probabilidades sobre o futuro da condução da
economia. O embalo do samba deve se manter nos próximos dias até que a
presidente se convença de que chegou a hora de dizer quem vai fazer o
que e onde.
As motivações para tanto suspense são desconhecidas, para não dizer incompreensíveis. A colunista do G1,
Cristiana Lobo, conta que a confusão está instalada até que o Congresso
Nacional aprove as mudanças na lei do orçamento – um disparate que
coloca em risco (ainda mais) a avaliação sobre a dinâmica dos gastos
públicos e o endividamento do país.
Há
outras especulações sobre a demora, mas os efeitos causados pela falta
de convencimento da presidente já se revelam. O colunista do G1
Gerson Camarotti nos conta que o comportamento do governo passou imagem
de “fragilidade” e “divisão” interna no PT. A dúvida de Dilma só faz
algum sentido quando lemos o currículo dos principais indicados para
assumir os ministérios da Fazenda e do Planejamento.
O
economista Joaquim Levy, concorrendo ao posto da Fazenda, é um guardião
da ortodoxia econômica. Com quase dois metros de altura, braços longos e
fala mansa, Levy foi o responsável pelo melhor resultado das contas
públicas da história recente, quando foi o secretario do Tesouro
Nacional no primeiro mandato de Lula. Imagine você que ele segurou o
governo com rédea curtíssima enquanto esteve lá.
Nelson
Barbosa, concorrendo ao Planejamento, foi secretário executivo do
ministério da Fazenda por mais de dois anos neste primeiro mandato de
Dilma. Apesar de ser considerado “desenvolvimentista” como a presidente,
Barbosa passou a dizer o que pensa da condução atual da economia e,
principalmente, o que seria preciso fazer para corrigi-la. De vantagem
sobre outros, o economista tem o convívio prévio com estilo
centralizador e intransigente da chefe.
Enquanto
esperamos, o mundo não para, nem a economia. Na agenda da semana estão
dados relevantes sobre o andar da carruagem: BC divulga resultado das
contas externas (que deve ser negativo) e resultado das contas públicas
(teremos superávit primário?). O IBGE divulgará o resultado do PIB do
terceiro trimestre, que tem previsões que variam entre algo levemente
negativo e algo levemente positivo.
Ao
revelar os nomes de quem vai ocupar as cadeiras da equipe econômica, a
presidente Dilma acabará explicitando as prioridades de seu governo:
estabilidade ou desarranjo? Investimento ou fuga de capital? Equilíbrio
nos gastos públicos ou endividamento arriscado? Segurança regulatória ou
intervencionismo excessivo? Credibilidade ou descrédito?
Quem esperou até agora por estas respostas, que espere um pouco mais.
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