Sambista deu entrevista à Rádio Gaúcha falando sobre vitória de escola.
'Deu mídia, deixa falar', disse, negando que escola recebeu R$ 10 milhões.
Neguinho da Beija-Flor beija a taça (Foto: Rodrigo Gorosito / G1)
A escola de samba Beija-Flor de Nilópolis venceu, pela 13ª vez em sua história, o prêmio máximo do Carnaval do Rio de Janeiro.
A premiação, entretanto, veio coberta de polêmica, já que, em seu
enredo, a escola prestava uma homenagem a Guiné Equatorial, país do
continente africano comandado por forte regime militar. Na manhã desta
quinta-feira (19), o intérprete oficial da escola, Neguinho da
Beija-Flor, deu uma entrevista à Rádio Gaúcha citando pontos polêmicos
do carnaval do Rio de Janeiro.
"Agradeça a contravenção", chegou a dizer o sambista, insinuando que
pode haver violações em todas as escolas que participam do carnaval
carioca. "Eu sou do tempo que desfile de escola de samba era uma
bagunça. Chegou a contravenção e organizou. Hoje eles batem no peito e
dizem com o maior orgulho: 'o maior espetáculo audiovisual do planeta'!
Agradeçam à contravenção", declarou.
Ao longo da entrevista, o intérprete também "alfinetou" outras escolas.
"A Portela também teve um patrocínio muito forte. O governador do Rio
de Janeiro, o Pezão, queria que a Portela ganhasse. E ele não fez algum
investimento? O prefeito (Eduardo Paes) é portelense doente. Vai dizer
que ele não colocou dinheiro na Portela?", insinuou.
Neguinho da Beija-Flor negou que a escola tenha recebido R$ 10 milhões
provenientes do país ditatorial para produção do desfile campeão.
Bem-humorado, brincou: "Eu não sou bonito, nem estou namorando a Brooke
Shields [atriz americana que estrelou o filme Lagoa Azul, em 1980], mas
se você falar, vai ser excelente pra mim. ‘Neguinho é bonito e tá
namorando a Brooke Shields’. Isso é o mesmo que os R$ 10 milhões. Deu
mídia. Deixa falar".
Segundo Neguinho, ele não imaginava que o samba-enredo seria alvo de
tanta polêmica e questionou: "Por que só tem que falar da Europa? E o
que a Europa fez com o negro? Escravizou os negros, matou o negro, os
índios. Nós falamos da europa e ninguém fala nada. Agora, nós vamos
falar do país negro e de um ditador… na Europa, naquela época que
maltratavam o negro, era pior que a ditadura", indignou-se.
A explicação do sambista é de que a intenção da escola de samba era de
homenagear "a importância do negro de Guiné Equatorial e as belezas".
Neguinho ainda disse que teve medo que o "boato" de que a escola teria
recebido R$ 10 milhões do governo de Guiné Equatorial influenciasse os
jurados do concurso e prejudicasse a escola.
Destaques de carro alegórico da Beija-Flor sensualizam durante desfile (Foto: Alexandre Durão/G1)
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