Vítima de 23 anos recebeu agressões corporais graves e ameaças.
Acusada tem 44 anos e é mãe de dois filhos
Erwiana
Sulistyaningsih chega a corte para o julgamento de sua ex-patroa,
condenada por maus tratos contra ela, nesta sexta-feira (27) em Hong
Kong (Foto: Vincent Yu/AP)
Uma mãe de família de Hong Kong
foi condenada nesta sexta-feira (27) a seis anos de prisão por agredir e
não alimentar sua empregada indonésia, que era proibida de sair de
casa.
Law Wan-tun, de 44 anos, "não deu mostra de qualquer compaixão" com
Erwiana Sulistyaningsih, de 24 anos, nem com seus outros empregados,
anunciou o tribunal ao divulgar a sentença.
Ela considerava os empregados como pessoas "inferiores", afirmou a
juíza Amanda Woodcock. No caso de Erwiana, recebia permissão 'apenas
para descansar, dormir e comer'.
Law Wan-tung, ex-patroa de Erwiana Sulistyaningsih,
em foto de arquivo. Ela foi condenada por escravizar
a jovem (Foto: Tyrone Siu/Reuters)
em foto de arquivo. Ela foi condenada por escravizar
a jovem (Foto: Tyrone Siu/Reuters)
A jovem contou em uma audiência em dezembro que recebia pequenas
porções de arroz e pão, dormia apenas quatro horas e que foi agredida de
maneira tão violenta que chegou a perder a consciência.
A promotoria explicou que a acusada usava cabides e vassouras como "armas" contra as empregadas.
A acusada, que tem dois filhos, foi considerada culpada de 18 das 20
acusações, incluindo agressão e ferimentos com agravante, ameaças e
falta de pagamento de salários.
"É lamentável que este tipo de comportamento seja frequente", afirmou o
tribunal, que "poderia ser evitado se as empregadas não fossem
obrigadas a viver na casa dos patrões".
A juíza pediu às autoridades de Hong Kong e da Indonésia
a abertura de uma investigação sobre as condições de trabalho das
empregadas domésticas estrangeiras que trabalham na ex-colônia
britânica.
Também criticou os valores "significativos" que as agências cobram das
empregadas em seus países de origem e que são deduzidos de salários
muito reduzidos.
Erwiana conseguiu fugir da casa em que trabalhava em janeiro de 2014,
após oito meses de violência. Ela foi internada em estado grave em
Sragen, na ilha indonésia de Java.
O caso, de repercussão internacional, virou uma questão diplomática
quando o ex-presidente indonésio Susilo Bambang Yudhoyono a recebeu e
prometeu justiça.
A jovem sofreu um calvário, mas os maus-tratos com empregadas não são raros em Hong Kong.
Estas mulheres isoladas procedentes das regiões mais pobres do sudeste
asiático denunciam abusos físicos e psicológicos dos patrões.
Hong Kong tem quase 300.000 empregadas domésticas, procedentes em sua maioria das Filipinas e Indonésia.
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