Daniel Mello/Agência Brasil
Ele
criticou ainda o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), que classificou como "principal algoz" da presidenta.
BRASÍLIA
- O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse nesta segunda-feira
(25) que o vice-presidente Michel Temer prepara plano contra os direitos
civis e sociais, caso assuma a Presidência da República. “Traidor de
sua colega de chapa, contra a qual conspira abertamente, Temer já
anunciou um programa antipopular, de supressão de direitos civis e
sociais, de privatizações e de entrega do patrimônio nacional a grupos
estrangeiros”, disse em discurso durante seminário promovido pela
Aliança Progressista, uma rede internacional de partidos e organizações
de esquerda. Falcão classificou o processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff de golpe de Estado.
“Mas
o fato é que vivemos um novo e indigno capítulo da nossa história: após
31 anos de vida democrática, um golpe de Estado busca depor a
presidenta Dilma Rousseff, a primeira mulher a governar o Brasil e que
foi reeleita em 2014 com mais de 54 milhões de votos”.
O
presidente do PT voltou a dizer que não existem os indícios necessários
para que Dilma Rousseff seja processada por crime de responsabilidade.
“Ocorre que a lei maior brasileira exige, para que o impedimento se
processe, a existência de crime de responsabilidade cometido pela
presidenta. Como todos sabem, porém, a presidenta Dilma não cometeu
crime algum. Não pesa contra ela qualquer denúncia de corrupção ou de
recebimento de propina”, acrescentou, durante discurso no seminário.
Falcão
criticou ainda o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), que classificou como "principal algoz" da presidenta. “Ao
contrário de seu principal algoz, o presidente da Câmara dos Deputados,
que conduziu a primeira fase do processo, o deputado Eduardo Cunha é réu
no Supremo Tribunal Federal pelos crimes de corrupção, lavagem de
dinheiro, ocultação de bens e evasão de divisas”, disse. Cunha recebeu
denúncia que deu início a abertura do processo de impeachment, após ter sido aprovado pelos deputados federais. O processo agora está sob análise do Senado.
O
movimento pela saída de Dilma é coordenado, segundo Falcão, por setores
da sociedade insatisfeitos com o resultado das eleições. “A escalada
golpista só foi possível graças à participação ativa do grande capital,
de setores do aparato policial e judicial do Estado, mancomunados com a
mídia monopolizada e a oposição de direita. São eles o centro dirigente
de uma operação destinada a subverter o resultado das urnas, nas quais
foram batidos em quatro eleições presidenciais consecutivas desde 2002”,
ressaltou.
Para o presidente do PT, o modo como as investigações
contra corrupção estão sendo conduzidas mostram riscos às instituições
democráticas. “Sucedem-se vazamentos ilegais e atropelos de garantias
individuais a evidenciar que a nação está sendo sangrada pela construção
de um regime de exceção e arbítrio, sob o comando de forças
conservadoras cujo único objetivo é voltar ao governo a qualquer custo”.
Ao final, Falcão disse que o partido resistirá, caso a ação pelo impeachment de
Dilma continue em curso, e pediu ajuda das organizações internacionais
contra o processo. “Esperamos contar com a solidariedade dos democratas
de todos os países para que este atentado à democracia não se consume.
Juntos, poderemos resistir e derrotar as forças do ódio, da intolerância
e do retrocesso”.
Temer
No último dia 22,
Michel Temer disse que o Brasil não merece ser desqualificado com
agressões à Vice-Presidência e que decidiu dar entrevistas à imprensa
estrangeira após se sentir atacado por declarações da presidenta Dilma
Rousseff. O peemedebista ocupou a Presidência, quando Dilma Rousseff
viajou para os Estados Unidos na semana passada.
“Fui provocado
para aquelas entrevistas, achei que deveria dizer alguma coisa à
imprensa internacional, já que houve manifestações [de Dilma] em relação
à imprensa internacional, especialmente pretendendo desqualificar a
minha posição. Aí não é a coisa do vice-presidente, é uma coisa do
Brasil, acho que o Brasil não merece desqualificação por meio de
eventuais agressões à Vice-Presidência”, disse Temer em entrevista na
saída de seu gabinete, no anexo do Palácio do Planalto.
A jornais
norte-americanos, Temer negou que esteja conspirando contra Dilma, disse
que está preocupado com as declarações da presidenta sobre o Brasil no
exterior, como se o país fosse uma “República menor” onde “ocorrem
golpes”. Ao The New York Times, Temer disse ainda que passou quatro anos no “ostracismo absoluto”.
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