Renda
A pesquisa mostrou que temas como a diferença salarial, por exemplo, ainda têm que melhorar.
Marieta Cazarré/Agência Brasil
Nos últimos anos, as disparidades salariais não diminuíram. (Reprodução)
LISBOA
- A igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres é um dos
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável para o mundo, a ser alcançado
até 2030. No entanto, ainda está longe de ser realidade. A pesquisa
Eurobarômetro 2017, faz pela Comissão Europeia e divulgada esta semana,
mostrou que ainda há trabalho a fazer em prol da igualdade entre homens e
mulheres na Europa.
O
Eurobarômetro é uma ampla pesquisa de opinião pública, realizada na
União Europeia (UE) desde 1973 e abrange uma grande variedade de temas,
como meio ambiente, segurança, direitos humanos e economia, entre
outros.
Apesar de muitos países da UE terem
melhores indicadores de igualdade de gênero, quando comparados a países
pobres e em desenvolvimento, a pesquisa mostrou que temas como a
diferença salarial, por exemplo, ainda têm que melhorar.
Diferença salarial
Na
Europa, em média, as mulheres continuam a ganhar 16,3% menos do que os
homens. Nos últimos anos, as disparidades salariais não diminuíram, em
grande parte devido ao fato de as mulheres tenderem a empregar-se menos
do que os homens, a trabalhar em setores menos bem pagos, a obter menos
promoções, a interromper mais vezes a sua carreira profissional e a
exercer mais trabalho não remunerado.
No
entanto, 90% dos europeus que responderam o inquérito afirmaram que é
inaceitável que as mulheres recebam um salário inferior ao dos homens e
64% se disseram a favor da transparência salarial como veículo de
mudança.
Neste sentido, a Comissão Europeia
lançou, esta semana, um plano de ação para eliminar as disparidades
salariais entre homens e mulheres para o período 2018-2019. A execução
do plano visa melhorar o respeito pelo princípio da igualdade salarial;
reduzir o efeito penalizante dos cuidados familiares; e financiar
projetos destinados a melhorar a paridade de gênero nas empresas em
todos os níveis de gestão e incentivar os governos e os parceiros
sociais a adotarem medidas concretas para melhorar o equilíbrio no
processo de tomada de decisão.
Além disso, o
plano de ação inclui recomendações de transparência nos pagamentos que,
apesar de já existirem, ainda estão ausentes em um terço dos países da
UE. Ou seja, tornar efetiva a transparência na divulgação dos salários
como forma de incentivar a paridade salarial entre homens e mulheres. A
discriminação salarial, apesar de ilegal, continua a contribuir para a
desigualdade entre homens e mulheres.
A
Comissária responsável pela Justiça, Consumidores e Igualdade de Gênero,
V ra Jourová, afirma que as mulheres continuam a estar
sub-representadas nos cargos de chefia, tanto na política como nas
empresas. “Em média, as mulheres continuam a ganhar 16% menos do que os
homens na UE. E a violência contra as mulheres continua a ser um
fenômeno generalizado. Esta situação é injusta e inaceitável na
sociedade de hoje. As disparidades salariais entre homens e mulheres
devem acabar porque a independência econômica das mulheres é a sua
melhor proteção contra a violência”.
Mulheres na Política
O
Eurobarometro mostrou ainda que são necessárias mais mulheres na
política: Metade dos cidadãos europeus pensam que deveria haver mais
mulheres em cargos de liderança política e 7 em cada 10 são a favor de
medidas legislativas que garantam a paridade entre homens e mulheres na
política.
Nos cargos de administração e
supervisão, a maioria esmagadora das funções é realizada por homens. Os
homens são mais frequentemente promovidos do que as mulheres, e mais bem
pagos também. Esta tendência é mais dramática ainda no topo das
carreiras, onde apenas 6% dos CEOs (diretores executivos ou diretores
gerais) são mulheres.
Neste aspecto, a
Comissão Europeia defende avançar no sentido de atingir o objectivo de
que pelo menos 40% dos seus gerentes médios e superiores sejam mulheres.
De acordo com os dados mais recentes, as gestoras femininas em todos os
níveis, dentro da Comissão, atingiram um total de 36% em 1 de novembro
de 2017.
Tarefas domésticas
Outra
realidade exposta nos resultados da pesquisa é a partilha desigual das
tarefas domésticas e dos cuidados prestados aos filhos. A maioria dos
entrevistados (73%) acredita que as mulheres continuam a dedicar mais
tempo às tarefas domésticas e familiares do que os homens.
No
entanto, mais de 8 em cada 10 europeus pensam que os homens deveriam
assumir as tarefas domésticas de forma equitativa ou gozar de licença
parental para cuidar dos filhos.
Uma
realidade global é que as mulheres assumem o controle de tarefas
importantes não remuneradas, como trabalho doméstico e cuidar de
crianças ou parentes em maior escala do que os homens. Os homens que
trabalham gastam, em média, nove horas semanais em cuidados não
remunerados e atividades domésticas. Já as mulheres que trabalham gastam
22 horas, o que significa três horas todos os dias.
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