Elenilce Bottari
RIO - O adolescente que disse ter sido pressionado pelo major Édson
Santos, ex-comandante da UPP da Rocinha, para acusar um traficante pelo
desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza afirma ainda
que recebeu dinheiro para sustentar essa versão. Com 16 anos, o menor é
uma das principais testemunhas do relatório em que o delegado Ruchester
Marreiros, ex-adjunto da 15ª DP (Gávea), pede a prisão da mulher do
pedreiro, Elizabete Gomes da Silva, por envolvimento com o tráfico. O
relatório faz parte de um processo que está na Justiça. Amarildo sumiu
no dia 14 de julho, após ser levado por PMs para a UPP da favela.
No primeiro depoimento ao delegado Ruchester, em agosto, o adolescente acusou o traficante Thiago Silva Mendes Neris, o Catatal, pelo sumiço de Amarildo. O pedido de prisão preventiva de Elizabete foi inclusive motivado por esse testemunho. O adolescente e Wellington Lopes da Silva, outra testemunha considerada importante no inquérito, aparecem num vídeo gravado por Ruchester e pelo inspetor Halter Pitter, que trabalhava na investigação que resultou na Operação Paz Armada, contra o tráfico na Rocinha. As imagens foram gravadas no Hospital Miguel Couto, onde o jovem e Wellington se recuperavam de ferimentos.
Na última quarta-feira, ao depor na Divisão de Homicídios (DH), o menor contou outra história: disse que tinha recebido dinheiro do inspetor. Além disso, segundo o adolescente, o major Édson Santos foi ao hospital para oferecer a ele segurança e o aluguel de um imóvel fora da Rocinha, também para que acusasse Catatal. O menor disse ainda que Wellington teria sido beneficiado para prestar falso testemunho e estaria morando num imóvel alugado pelos policiais em Jacarepaguá. No depoimento que deu a Ruchester, Wellington afirmou que havia sido torturado em frente à casa de Amarildo.
Tanto o adolescente como a mãe dele estão agora sob proteção policial. Já Wellington não foi encontrado.
Mãe e filho acusam major
Os primeiros depoimentos das duas testemunhas foram tomados no dia 7 de agosto, depois de Ruchester já ter saído da 15ª DP. Para explicar por que ouviu os dois mesmo após deixar o cargo, o delegado disse em seu relatório que as testemunhas poderiam não ser mais encontradas, porque estariam ameaçadas pelo tráfico.
Segundo um dos depoimentos prestados pelo menor, Amarildo, conhecido como Boi, teria ordenado a ele que quebrasse uma câmera da UPP usada pelos policiais para vigiar a movimentação de traficantes. Com base nessa versão, Ruchester chegou à conclusão de que o ajudante de pedreiro integrava a quadrilha e era responsável pela guarda de materiais do tráfico.
No entanto, em seu último depoimento, na DH, o menor disse que nem conhecia Amarildo ou a sua mulher. Contou ainda com detalhes como conheceu o inspetor Pitter. Ele disse que foi flagrado ao furtar um celular por policiais da UPP da Rocinha. Na 15ª DP, o adolescente teria sido liberado pelo inspetor, que queria transformá-lo em informante. Naquele momento, as investigações da Operação Paz Armada — realizadas pelas equipes de Ruchester e do major Édson Santos — já estavam em curso. O adolescente voltou para a Rocinha e, em maio, depois de ser baleado, teria sido visitado por Pitter no Miguel Couto. Foi lá que o policial teria proposto a ele criar a versão de que Catatal ordenara a morte de Amarildo. O jovem de 16 anos também disse que o policial teria prometido a ele um iPhone e um par de tênis de marca, para sustentar a versão mentirosa. Essa promessa, no entanto, não foi cumprida, e ele decidiu então falar a verdade assim que deixasse o hospital — o que aconteceu na última quarta-feira.
A mãe do adolescente também prestou depoimento na DH e afirmou ter recebido R$ 350 de policiais para sustentar a versão do filho. Assim como o menor, ela também acusou o major Édson Santos de tê-los pressionado para manter a acusação ao tráfico.
O promotor Homero das Neves Freitas Filho, responsável pelo inquérito na DH, afirmou que o caso corre em sigilo e que não comentaria vazamentos de informações. Ruchester não quis se pronunciar, e os outros policiais acusados foram procurados por intermédio da assessoria da Polícia Civil. A corporação, no entanto, alegou que o inquérito tramita em segredo de Justiça.
No primeiro depoimento ao delegado Ruchester, em agosto, o adolescente acusou o traficante Thiago Silva Mendes Neris, o Catatal, pelo sumiço de Amarildo. O pedido de prisão preventiva de Elizabete foi inclusive motivado por esse testemunho. O adolescente e Wellington Lopes da Silva, outra testemunha considerada importante no inquérito, aparecem num vídeo gravado por Ruchester e pelo inspetor Halter Pitter, que trabalhava na investigação que resultou na Operação Paz Armada, contra o tráfico na Rocinha. As imagens foram gravadas no Hospital Miguel Couto, onde o jovem e Wellington se recuperavam de ferimentos.
Na última quarta-feira, ao depor na Divisão de Homicídios (DH), o menor contou outra história: disse que tinha recebido dinheiro do inspetor. Além disso, segundo o adolescente, o major Édson Santos foi ao hospital para oferecer a ele segurança e o aluguel de um imóvel fora da Rocinha, também para que acusasse Catatal. O menor disse ainda que Wellington teria sido beneficiado para prestar falso testemunho e estaria morando num imóvel alugado pelos policiais em Jacarepaguá. No depoimento que deu a Ruchester, Wellington afirmou que havia sido torturado em frente à casa de Amarildo.
Tanto o adolescente como a mãe dele estão agora sob proteção policial. Já Wellington não foi encontrado.
Mãe e filho acusam major
Os primeiros depoimentos das duas testemunhas foram tomados no dia 7 de agosto, depois de Ruchester já ter saído da 15ª DP. Para explicar por que ouviu os dois mesmo após deixar o cargo, o delegado disse em seu relatório que as testemunhas poderiam não ser mais encontradas, porque estariam ameaçadas pelo tráfico.
Segundo um dos depoimentos prestados pelo menor, Amarildo, conhecido como Boi, teria ordenado a ele que quebrasse uma câmera da UPP usada pelos policiais para vigiar a movimentação de traficantes. Com base nessa versão, Ruchester chegou à conclusão de que o ajudante de pedreiro integrava a quadrilha e era responsável pela guarda de materiais do tráfico.
No entanto, em seu último depoimento, na DH, o menor disse que nem conhecia Amarildo ou a sua mulher. Contou ainda com detalhes como conheceu o inspetor Pitter. Ele disse que foi flagrado ao furtar um celular por policiais da UPP da Rocinha. Na 15ª DP, o adolescente teria sido liberado pelo inspetor, que queria transformá-lo em informante. Naquele momento, as investigações da Operação Paz Armada — realizadas pelas equipes de Ruchester e do major Édson Santos — já estavam em curso. O adolescente voltou para a Rocinha e, em maio, depois de ser baleado, teria sido visitado por Pitter no Miguel Couto. Foi lá que o policial teria proposto a ele criar a versão de que Catatal ordenara a morte de Amarildo. O jovem de 16 anos também disse que o policial teria prometido a ele um iPhone e um par de tênis de marca, para sustentar a versão mentirosa. Essa promessa, no entanto, não foi cumprida, e ele decidiu então falar a verdade assim que deixasse o hospital — o que aconteceu na última quarta-feira.
A mãe do adolescente também prestou depoimento na DH e afirmou ter recebido R$ 350 de policiais para sustentar a versão do filho. Assim como o menor, ela também acusou o major Édson Santos de tê-los pressionado para manter a acusação ao tráfico.
O promotor Homero das Neves Freitas Filho, responsável pelo inquérito na DH, afirmou que o caso corre em sigilo e que não comentaria vazamentos de informações. Ruchester não quis se pronunciar, e os outros policiais acusados foram procurados por intermédio da assessoria da Polícia Civil. A corporação, no entanto, alegou que o inquérito tramita em segredo de Justiça.
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