Pedido foi oficializado nesta terça-feira (24), de acordo com a autarquia.
CRM-PR emitiu 8 registros provisórios dos profissionais para 'Mais Médicos'.
Alexandre
Gustavo Bley renunciou ao cargo de presidente do Conselho Regional de
Medicina do Paraná (CRM-PR) (Foto: Bruna Diegoli / CRM-PR / Divulgação)
O presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR),
Alexandre Gustavo Bley, renunciou ao cargo para não assinar os registros
provisórios aos médicos com formação no exterior para o programa do
governo federal “Mais Médicos”, de acordo com a autarquia. Bley
renunciou ao cargo na noite de segunda-feira (23) durante uma reunião
com conselheiros. O pedido foi oficializado nesta terça-feira (24),
quando o CRM-PR emitiu os primeiros oito registros provisórios.
“Confesso que prefiro a vergonha da renúncia a ter que conviver com a
vergonha de ter traído a minha consciência, pois quando um indivíduo
abre mão de suas convicções, perde sua identidade e o significado de sua
existência”, diz um trecho da carta de renúncia de Bley, que não
concedeu entrevista.
Segundo o CRM-PR, os 20 registros provisórios que devem ser expedidos
até segunda-feira (30) pela autarquia são para médicos que vão trabalhar
em Curitiba (3), Pinhais (3), Araucária (2). Arapongas (2), Iguaraçu (1), Capanema (1) , Campo Largo (1), Piraquara (1), Contenda (1), Mandaguari (1), São Miguel do Iguaçu (1) e Mandaguari (1).
Os registros provisórios do primeiro grupo de médicos do programa foram
assinados pelo secretário-geral do CRM-PR, Hélcio Bertolozzi Soares,
que prevê a emissão de outros 12 até segunda-feira porque há falhas
documentais.
“Essa obrigatoriedade de inscrição, ao arrepio da lei, do próprio
contexto da MP 621 e da ética me incomoda e me faz tomar uma atitude. A
luta é árdua, pois a força governamental é infinitamente superior e a
preservação da instituição tem que ser priorizada. As pessoas passam,
mas as instituições devem ficar”, argumentou Bley em outro trecho da
carta.
Conforme o Conselho Regional de Medicina, outros quatro registros foram
solicitados e têm prazo até o começo de outubro. A autarquia informou
que está fornecendo apenas o número provisório do CRM, já que a cédula
de identidade, em confecção pelo CFM, ainda não foi distribuída. São 24
protocolos, de 30 médicos previstos para a primeira fase, sendo que
nenhum ocupará posto de alguma cidade desprovida de profissional
residente. Outros 58 estão previstos para a segunda etapa.
O novo presidente do CRM-PR, Maurício Marcondes Ribas, disse nesta
terça-feira que há inconsistências nos dossiês enviados pelo Ministério
da Saúde, mas que está assumindo a responsabilidade pela legitimidade da
documentação. Ele relatou que o CRM-PR vai buscar informações sobre a
autenticidade dos diplomas e fiscalizar os intercambistas estrangeiros,
assim como as atividades tutoriais ou de supervisão, conforme disposto
na MP 621/2013 e já admitido pela Advocacia Geral da União. Ribas ainda
afirmou que condições adequadas para a boa prática médica continuarão a
ser cobradas.
'Segurança e zelo'
Na quarta-feira (18), Bley havia afirmado ao G1 que o CRM-PR não iria inscrever médicos formados no exterior, brasileiros ou estrangeiros, por falta de segurança documental.
“É uma decisão de segurança e de zelo. Como vou receber um profissional
para atuar no mercado de trabalho se não tem uma segurança mínima de
que ele seja um médico? Teve até um caso em que o diploma era de outra
pessoa – um médico usou o diploma de uma médica. Nada de autenticação ou
de chancela consular. Não existe a mínima segurança para a inscrição
desses profissionais. Da forma como o governo está tratando isso, não
tenho a mínima condição de inscrever. É questão de consciência”, tinha
relatado.
Na sexta-feira (20), O Conselho Federal de Medicina (CFM) informou ter
orientado os conselhos regionais a autorizarem os registros provisórios
dos médicos estrangeiros do programa “Mais Médicos” desde que os
profissionais apresentem a documentação "completa" e "sem
inconsistências".
Parecer da presidente
A presidente Dilma Rousseff (PT) emitiu um parecer regulamentando o
registro profissional dos participantes do “Mais Médicos”. Os Conselhos
Regionais de Medicina de todo o país só podem exigir os documentos
estabelecidos pela medida provisória que instituiu o programa. O
parecer, que foi assinado pela presidente e pelo advogado-geral da
União, o ministro Luís Inácio Adams, tem força de lei e foi publicado no
Diário Oficial da União no dia 16 de setembro. Segundo o parecer, os
Conselhos que exigirem documentos extras cometerão ação de improbidade
administrativa, estando sujeitos a ações judiciais.
De acordo com o Ministério da Saúde, Conselhos de diferentes estados do
país estavam exigindo informações extras, como: revalidação de diploma,
os nomes do tutor e do supervisor e o endereço das Unidades Básicas de
Saúde (UBS) onde os profissionais iriam atuar.
A medida provisória do programa "Mais Médicos" estabelece que os CRMs devem exigir da coordenação do programa a declaração de participação do profissional; cópia de documentos que comprovem nome, nacionalidade, data e lugar do nascimento, filiação; habilitação profissional para o exercício de medicina e diploma expedido por instituição de educação superior estrangeira.
A medida provisória do programa "Mais Médicos" estabelece que os CRMs devem exigir da coordenação do programa a declaração de participação do profissional; cópia de documentos que comprovem nome, nacionalidade, data e lugar do nascimento, filiação; habilitação profissional para o exercício de medicina e diploma expedido por instituição de educação superior estrangeira.
‘Mais Médicos’
O programa "Mais Médicos" foi lançado pela presidente Dilma Rousseff
(PT), no dia 8 de julho, com o objetivo de acelerar os investimentos em
infraestrutura nos hospitais e unidades de saúde, além de ampliar o
número de médicos nas regiões carentes do país, como os municípios do
interior e as periferias das grandes cidades e, assim, melhorar o
atendimento aos usuários do SUS. Os médicos do programa vão receber uma
bolsa de R$ 10 mil, paga pelo Ministério da Saúde, mais ajuda de custo e
farão especialização em Atenção Básica.
Segundo o Ministério da Saúde, no Paraná, já foram investidos R$ 149,3
milhões para obras em 1.024 unidades de saúde e R$ 17,8 milhões para
compra de equipamentos para 334 unidades. Também foram aplicados R$ 70,8
milhões para construção de 41 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e
R$ 28,5 milhões para reforma e/ou construção de 49 hospitais.
Além de Curitiba, os municípios paranaenses que receberam os médicos foram: Sarandi, Marialva, Guarapuava, Guaíra, Londrina, Arapongas, Iguaraçu, Pinhais, Araucária, Colombo, Cambé, Almirante Tamandaré, Contenda, Capanema, Campo Largo, São Miguel Do Iguaçu, Piraquara e Mandaguari.
Médicos cubanos
Quatro mil médicos cubanos vem para o Brasil, por meio de um acordo
entre o Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana de Saúde
(Opas), assinado no dia 21 de agosto, para preencher as vagas que não
foram escolhidas por brasileiros e estrangeiros na seleção individual.
Quatrocentos profissionais cubanos participam da primeira etapa do
programa, porém, nenhum destes vai trabalhar no Paraná.
Cinco cidades paranaenses, que não foram escolhidas por nenhum
profissional brasileiro e estrangeiro, podem receber cubanos nas
próximas etapas do programa. Itambé, no noroeste, Jataizinho, no norte;
Lapa, Mandirituba e Tunas do Paraná, que ficam na Região Metropolitana
de Curitiba estão entre os 701 municípios brasileiros que não tiveram nenhum inscrito na seleção.
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