MP confirmou pedido de fim da Ceiv, antecipado por promotor a ativistas.
Ativista vestido de Batman foi detido, liberado e voltou a usar máscara.
Manifestante
vestido de Batman foi detido; liberado, ele voltou a usar máscara e se
disse ciente dos riscos de ser preso (Foto: Bruno
Poppe/Frame/Folhapress)
O protesto contra prisões em manifestações no Rio, na noite desta
quarta-feira (25), no Centro, foi marcado por novas detenções e pelo
diálogo com um promotor, que antecipou a ativistas o pedido do fim da
Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo (Ceiv) —
confirmado pelo Ministério Público (MP) à noite. Mais de dez pessoas
foram detidas por esconder o rosto. Dentre elas, Eron Moraes Melo, que
estava fantasiado de Batman e foi levado à delegacia após se recusar a
tirar o disfarce. Às 20h30, ele voltou à manifestação, na Assembleia
Legislativa do Rio (Alerj), sem a máscara, mas voltou a colocá-la, até a
manifestação ser dispersada, por volta das 21h.
Após ser detido, Eron Melo, voltou da delegacia
sem a máscara de Batman, mas a colocou
novamente (Foto: Isabela Marinho/G1)
sem a máscara de Batman, mas a colocou
novamente (Foto: Isabela Marinho/G1)
"Eu sabia que poderia ser detido. Fiz isso conscientemente. Expliquei
na delegacia que é um protesto contra essa lei abusiva que proíbe o uso
das máscaras. Ela tem que ser derrubada", declarou Eron ao G1.
Segundo ele, os policiais o levaram a delegacia, sem violência. Ele fez
um registro de ocorrência e se comprometeu a voltar para prestar
esclarecimentos. Antes, ao ser levado para o camburão da PM, ele havia
dito não ser contra a instituição Polícia Militar, mas sim contra "um
ditador chamado Sérgio Cabral".
Marfan pede fim da Ceiv
Máscaras chegaram a ser distribuídas por ativistas durante o ato, que criticava também a lei
que permite detenções de mascarados em protestos. Pouco antes da
primeira detenção, o promotor de Justiça Paulo Wunder Alencar informou a
manifestantes que o Ministério Público (MP-RJ) havia pedido a extinção
da Ceiv, por considerar que o papel dela "já foi cumprido". Por volta
das 20h30, o MP enviou nota ao G1, informando que o
procurador-geral de Justiça, Marfan Martins Vieira, encaminhou ofício ao
governador Sérgio Cabral propondo a revogação do Decreto nº 44.305, que
instituiu a Ceiv.
No documento, Marfan destacou que, após dois meses de trabalho conjunto, a comissão alcançou bons resultados e cumpriu seus objetivos. O governo do Rio já comunicou ao MPRJ que concorda com a extinção da CEIV e revogará o decreto.
No documento, Marfan destacou que, após dois meses de trabalho conjunto, a comissão alcançou bons resultados e cumpriu seus objetivos. O governo do Rio já comunicou ao MPRJ que concorda com a extinção da CEIV e revogará o decreto.
Manifestantes atearam fogo na Constituição em
manifestação no Centro (Foto: Isabela Marinho/G1)
Conflitomanifestação no Centro (Foto: Isabela Marinho/G1)
Por volta de 19h, no entanto, policiais dispararam choques com a arma
taser e provocaram a ira de manifestantes, que tiraram satisfações com
os agentes. Em grupo, os ativistas vestiram máscaras e deixaram o clima
tenso novamente. Pouco depois, os manifestantes queimaram a Constituição
de 1988. "Essa constituição é queimadas todos os dias", disse um deles
enquanto ateava fogo.
Conversa com o MP
Os manifestantes haviam pedido, por volta de 18h, que o subprocurador
de Direitos Humanos Ertulei Laureano Matos descesse do prédio para
dialogar. Paulo Wunder desceu representando Ertulei. O grupo pediu que
Wunder entregasse um documento assinado pelo MP se posicionando sobre
três assuntos: presos nas manifestações, a extinção da Ceiv e a mudança
na legislação que proíbe o uso das máscaras.
"Não há presos políticos, há dois presos. As manifestações relacionadas
a estes presos são dadas nos processos destes presos e esses processos
são públicos", disse Wunder a um dos integrantes do protesto.
Batman é detido durante protesto (Foto: Isabela
Marinho/G1 Rio)
Marinho/G1 Rio)
Após a detenção do 'Batman', uma mulher que integra o movimento falou as reivindicações do grupo em voz alta. As palavras foram repetidas pelos participantes do protesto. “Esta instituição [MP] é cúmplice e conivente com as violações das leis feitas pelo estado. Seus procuradores declaram publicamente sua visão tendenciosa sobre os fatos."
Alunos também protestam
Mais cedo, por volta das 15h, alunos da Universidade da Gama Filho
também fizeram um protesto no Centro. Com cartazes, o grupo questionava
"MP, vai deixar a UFG acabar?". A instituição, pertencente ao Grupo
Galileo, está com as aulas suspensas desde agosto deste ano.
O ato teve início em frente ao prédio do Ministério Público, onde os alunos cantaram o Hino Nacional. Em seguida, os jovens pararam em frente ao antigo prédio do curso de Medicina da universidade, de onde seguiram pelas ruas do Centro do Rio, interditando vias e caminhando em direção ao Ministério Público Federal.
Alunos contestam problemas estruturais
O ato teve início em frente ao prédio do Ministério Público, onde os alunos cantaram o Hino Nacional. Em seguida, os jovens pararam em frente ao antigo prédio do curso de Medicina da universidade, de onde seguiram pelas ruas do Centro do Rio, interditando vias e caminhando em direção ao Ministério Público Federal.
Alunos contestam problemas estruturais
O presidente do Centro Acadêmico, Edivaldo Guimarães Júnior afirmou que a causa do protesto são problemas estruturais da universidade, que vão além do atraso do pagamento do salário dos professores.
“A mensalidade aumentou, professores das nossas principais disciplinas
práticas foram demitidos, e o convênio com a Santa Casa foi desfeito,
sendo substituído por outro convênio que não atinge nossas necessidades e
expectativas. Vale lembrar que a Gama Filho é a maior escola de
medicina do Brasil, e não conseguimos, até agora, um posicionamento do
MEC que nos defenda e resguarde”.
Homem fantasiado de Batman é detido por PMs em protesto contra o uso de máscaras em manifestações (Foto: Isabela Marinho/G1)
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