Gazeta Esportiva
Com 77 pontos, a equipe paulista conquistou o hexacampeonato nacional.
RIO
DE JANEIRO - Tite já havia deixado no esquecimento o termo “empatite”
que marcou o final de sua segunda passagem pelo Corinthians. Na noite
desta quarta-feira, contudo, o técnico viu a sua equipe sacramentar a
conquista do hexacampeonato brasileiro justamente com um muito festejado
empate – 1 a 1 diante do Vasco, agora mais próximo do rebaixamento
matemático, em São Januário.
Com o resultado, o Corinthians passou
a somar emblemáticos 77 pontos na tabela de classificação do Campeonato
Brasileiro e evitou ser campeão com uma derrota. O Atlético-MG, único
time que ainda poderia impedir a conquista, ficou com 65 ao perder por 4
a 2 para o São Paulo, no Morumbi, e não teria condições de ultrapassar o
líder, independentemente do placar em São Januário. O Vasco só soma 34 e
é o penúltimo colocado.
Em sua luta para justificar os gritos de
“eu acredito”, o time de Jorginho até chegou a entusiasmar, apesar da
expulsão de Rodrigo, com um gol de Júlio César. Coube a Vagner Love,
ex-morador da região de São Januário e flamenguista na infância, acabar
com as esperanças locais.
Vitorioso novamente no estádio onde
ganhou a alcunha de “campeão dos campeões”, em uma disputa de 1929 com o
Vasco, o Corinthians soma a conquista de 2015 àquelas de 1990, 1998,
1999, 2005 e 2011, a última delas também sob o comando de Tite.
O
jogo – O meio-campo em São Januário estava tão congestionado quanto os
acessos ao estádio. Se era difícil superar a qualidade técnica do líder
Corinthians, como evidenciavam os mais de 40 pontos de diferença na
tabela de classificação, o Vasco pretendia satisfazer a sua torcida com
uma marcação agressiva e determinação.
Nos primeiros minutos, a
estratégia surtiu efeito. O Vasco forçou uma série de erros de passe do
Corinthians. À distância, no longínquo banco de reservas posicionado
atrás de um dos gols, o técnico Tite estava protegido de eventuais
cusparadas de torcedores, porém não tinha voz para ajustar as já
tradicionais triangulações da sua equipe.
Para piorar, alguns
jogadores do Corinthians aparentavam partilhar do nervosismo que acomete
o Vasco. Felipe fazia lembrar aquele contestado zagueiro do início do
ano, inseguro na marcação e sem saída de jogo. Já Edílson fazia lembrar
aquele contestado lateral de quase todo o ano.
No Vasco, a
quantidade de jogadores que causam preocupação nos torcedores é
sensivelmente maior. O que não impedia o público local de acreditar,
conforme gritava quase a cada dez minutos. Aos 15, após uma dessas
manifestações, Rafael Silva apareceu livre do lado esquerdo da área e
parou em boa intervenção do goleiro Cássio.
O lance de perigo fez a
torcida vascaína se entusiasmar. Tanto que se frustrou, extravasando
com vaias, quando Riascos recuou do ataque para a defesa com a bola nos
pés. Incomodado, o colombiano não se intimidou em se virar às
arquibancadas e gesticular para pedir calma.
Pouco depois, o
próprio Riascos fez uma boa jogada na linha de fundo esquerda,
inesperada para ele mesmo. “Até quando acerta, ele erra!”, berrou um
vascaíno mais exaltado, com um sorriso de irritação no rosto ao ver o
atleta completar mal a iniciativa de driblar.
Sempre paciente, o
Corinthians cadenciava o jogo para fazer o Vasco se enervar de vez. Não
chegava a dar trabalho ao goleiro Martín Silva, mas também só era
assustado por suas próprias falhas. Como quando Cássio saiu mal do gol
em cobrança de escanteio e permitiu que Rodrigo cabeceasse a bola por
cima da meta já na metade final do primeiro tempo.
Ao final da
etapa inicial da partida, as vaias de parte dos vascaínos foram
encobertas por aplausos, em demonstração de apoio. No setor visitante de
São Januário, os corintianos cantavam e agitavam bandeiras como se a
partida ainda estivesse em andamento. Com a tranquilidade de quem sabia
da iminência do título.
Ainda assim, o Corinthians precisava
“jogar mais”, como disse Gil ao descer para o vestiário. Um dos
jogadores de Tite que defenderam a Seleção Brasileira nas Eliminatórias
para a Copa do Mundo, ele se sentia bem fisicamente. Ao contrário de
Renato Augusto, que caía com frequência e saiu no princípio do segundo
tempo, substituído por Rodriguinho.
No Vasco, Jorginho apostou no
ex-corintiano Jorge Henrique na vaga de Rafael Silva. E sofreu um baque
aos 16 minutos, quando Rodrigo ergueu demais o pé, acertou o rosto de
Malcom e acabou expulso. O remédio foi trocar Diguinho por Rafael Vaz e
conformar-se com a pressão que estava por vir.
Com um jogador a
mais em campo – e ciente de que os gols saíam um atrás do outro no
Morumbi, no duelo entre São Paulo e o concorrente Atlético-MG -, o
Corinthians se lançou ao ataque. O que abriu espaços para o Vasco
surpreender a melhor defesa do Campeonato Brasileiro.
Aos 26
minutos, Julio Cesar tabelou com Nenê pela esquerda e concluiu na saída
de Cássio, sob as pernas do goleiro, para sacudir a rede. Era o que
faltava para o ambiente se tornar completamente festivo entre os
vascaínos – com direito a abraço de um torcedor em um policial militar e
a explosão de um rojão nas arquibancadas.
Entre os torcedores do
Corinthians, havia timidez para comemorar, mesmo com a derrota do
Atlético-MG para o São Paulo, em função do resultado negativo. Tite
tentou mudar a história com Bruno Henrique e Lucca nos lugares de Ralf e
Elias. Mas coube a outro atleta complementar a festa do time
hexacampeão.
Aos 36 minutos, Lucca escorou a bola para o meio da
área após cruzamento de Edílson – ele mesmo. Vagner Love, ex-morador de
São Januário, flamenguista na infância e revelado pelo Palmeiras,
empurrou pelo alto para o gol para entrar na história do Sport Club
Corinthians Paulista, hexacampeão brasileiro.
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