Em vídeo divulgado na semana passada, animal aparece brincando no rio.
Banhos de rio e recreações são feitos para onça ficar mais relaxada.
A onça que ficou famosa após o vídeo em que toma banho em uma área próxima à praia da Ponta Negra
ser divulgado nas redes sociais nem sempre teve uma vida calma e feliz.
Segundo o major Basto, do Exército, o animal foi resgatado quando
estava em posse de um caçador no município de Tefé, a 520 quilômetros de
Manaus, Na época, ele tinha 4 meses de vida e apresentava sinais de
maus-tratos. A infância difícil teve efeito no comportamento do animal,
agora mascote do Comando Militar da Amazônia (CMA). O seu temperamento
"arisco" lhe fez ganhar o nome de Jiquitaia, em menção à formiga de
mesmo nome.
Aos 10 meses, a onça pesa 32 kg e está com um terço do peso e tamanho
que terá na fase adulta. O animal vive nas dependências do CMA, no
bairro Ponta Negra, Zona Oeste de Manaus. A jaula em que Jiquitaia vive mede 20x8 metros e foi projetada para dar conforto a ele.
Onça gosta de banhos e brincadeira no rio (Foto: Suelen Gonçalves/G1 AM)
Segundo o major, foi preciso adotar medidas para conseguir levar o
animal para o CMA. "Nós pedimos autorização do Ipaam [Instituto de
Proteção Ambiental do Amazonas], construímos um recinto para ele, o
Ipaam veio fiscalizar para ver se estava dentro das normas. Como ele
estava debilitado, precisou ficar 40 dias no Cigs [Centro de Instrução
de Guerra na Selva] recebendo tratamento para se recuperar. Nos
cadastramos como mantenedores da fauna, então o CMA é uma das
instituições jurídicas do Brasil que tem essa autorização para adotar
onças que foram resgatadas", explica.
A bióloga do Cigs e 2ª tenente do Exército, Sinandra Santos, teve o
contato com Jiquitaia logo que o animal foi resgatado. De acordo com a
profissional, ele precisou passar por avaliação clínica, exame de sangue
e fezes.
"Ela estava desidratada, então foi tratada e depois da quarentena veio
para cá. O Cigs assessorou o CMA porque nós temos uma equipe formada
por bióloga e veterinários, então a gente fez todo o planejamento de
cuidado desse animal. Planejamos quando ele come, o que ele come, a
questão de limpeza do recinto, o corte de unhas, exames periódicos,
odontológicos", enfatiza.
Na avaliação da bióloga, hoje o animal está bem melhor em comparação há
seis meses. "Ele tem um tratado, uma equipe que cuida dele. Quem
alimenta é que tem a relação mais íntima. É como o cachorro, que o dono
alimenta e, quando o dono chega, ele já abana o rabo, fica feliz. O
felino também tem isso, só que reage de maneira diferente do cachorro. O
felino, quando tem carinho pela pessoa, quer passar por entre as
pernas, quer brincar, fazer carinho, e é essa a relação que essa onça
tem aqui", afirma.
Brincar com bola é um dos passatempos da onça (Foto: Suelen Gonçalves/G1 AM)
BanhosTratador de Jiquitaia, o sargento Klebson conta que o nome da onça foi inspirado em uma formiga comum na região amazônica. "Quando ele chegou, era pequenininho, mas tinha uma mordida ardida. O general disse que parecia uma mordida de jiquitaia, aí começamos a chamá-lo assim e o nome ficou", disse.
Segundo o tratador, Jiquitaia era arisco e arredio. Para conseguir
adestrá-lo, foi preciso fazer algumas atividades com ele. Após um mês no
CMA, ele começou a se mostrar mais tranquilo. "Quando está do lado de
fora da jaula, ele corre pela mata, sobe em árvore... Ele tem todo esse
espaço para brincar. Ele tem a piscina dentro da jaula, mas adora
brincar de bola no rio. O banho serve para ele ficar mais calmo", relata
o sargento.
Os militares suspeitam que os pais de Jiquitaia foram mortos para que
ele fosse capturado. Não há informações sobre o caçador que o mantinha
em cativeiro.
Para as brincadeiras, a onça tem a companhia dos soldados Adriano
Rodrigues, Marco Souza e Rodrigo Carvalho, responsáveis também pela
alimentação da onça, que come cerca de 2 kg de ração para gatos por dia,
além dos cuidados com a jaula de Jiquitaia.
O animal - que se tornou mascote do CMA - será usado também em desfiles militares.
Jiquitaia tem a companhia frequente do tratador, sargento Klebson (Foto: Suelen Gonçalves/G1 AM)
Jiquitaia tem hoje 1/3 do tamanho que terá na vida adulta (Foto: Suelen Gonçalves/G1 AM)
Jaula foi projetada para dar conforto ao animal (Foto: Suelen Gonçalves/G1 AM)
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